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O câncer de pâncreas é uma das neoplasias mais letais da atualidade. Com evolução silenciosa e diagnóstico geralmente tardio, o tumor apresenta alta taxa de mortalidade. Apesar de representar apenas cerca de 1% dos cânceres diagnosticados no Brasil, é responsável por aproximadamente 5% das mortes por câncer, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O número de casos tem aumentado, impulsionado pelo envelhecimento da população, aumento da obesidade e hábitos como o tabagismo.

O pâncreas é um órgão localizado no abdome, responsável pela produção de enzimas digestivas e hormônios que regulam o açúcar no sangue. Quando células da região começam a se multiplicar desordenadamente, surgem os tumores, sendo o mais comum o adenocarcinoma, que representa até 90% dos casos e tem comportamento agressivo. Há também os tumores neuroendócrinos, mais raros e geralmente de evolução mais lenta.

O principal desafio no combate à doença está na detecção precoce. Os sintomas são inespecíficos e geralmente surgem em fases avançadas. Entre os sinais mais comuns estão dor abdominal persistente (que pode irradiar para as costas), perda de peso, fadiga, náuseas, icterícia (pele e olhos amarelados), urina escura e fezes esbranquiçadas ou oleosas. Em alguns casos, o diagnóstico recente de diabetes, sem causa aparente, pode ser o primeiro indício da doença.

O diagnóstico geralmente envolve exames de imagem, como tomografia, ressonância magnética e ultrassonografia endoscópica. Por não haver métodos eficazes de rastreamento populacional, o câncer de pâncreas costuma ser descoberto em estágios avançados. Pessoas com histórico familiar ou com mutações genéticas específicas, como BRCA1 e BRCA2, devem ter acompanhamento médico mais rigoroso.

O tratamento depende do estágio da doença. A cirurgia é a principal chance de cura, mas só é possível quando o tumor ainda está restrito ao pâncreas. O procedimento mais comum é a duodenopancreatectomia (ou cirurgia de Whipple), que remove parte do pâncreas e estruturas adjacentes.

Mesmo após a cirurgia, muitos pacientes fazem quimioterapia para reduzir o risco de recidiva. Em casos avançados, com metástase, o tratamento é paliativo e pode incluir quimioterapia, radioterapia e, mais recentemente, terapias-alvo e imunoterapia.

Apesar do cenário desafiador, há avanços. Medicamentos como o Olaparibe, para pacientes com mutações genéticas específicas, já são usados no Brasil. Outros tratamentos em teste também mostram resultados promissores e podem ampliar as opções para casos avançados nos próximos anos.

Embora não exista um protocolo de prevenção eficaz, adotar um estilo de vida saudável pode reduzir os riscos. Evitar o cigarro, manter o peso corporal adequado, praticar atividade física e ter uma alimentação equilibrada são atitudes fundamentais. O tabagismo, em especial, pode triplicar as chances de desenvolver a doença.

O recente caso do apresentador Edu Guedes reacendeu o debate sobre a gravidade do câncer de pâncreas. Ele passou por uma cirurgia no último sábado, 5, em São Paulo, após exames identificarem um tumor durante investigação de uma infecção renal. Segundo sua equipe, o procedimento foi bem-sucedido e ele está em recuperação. O tipo e estágio do tumor ainda não foram detalhados.

Casos como o de Edu Guedes mostram como o diagnóstico precoce, mesmo que incidental, pode ser decisivo no tratamento. E reforçam a importância de ficar atento a sinais do corpo e buscar avaliação médica diante de sintomas persistentes, por mais sutis que pareçam.

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