Campanha começa com a cotação estável de Dilma, sem avanço da oposição
19 julho 2014 às 12h23
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A esperança de Aécio Neves e Eduardo Campos marcha para o jogo de apoios do segundo turno, sem perspectiva de vitória antes
A campanha eleitoral que agora começa a deslanchar de fato terá de lidar com a volta do mau humor do brasileiro por causa da economia, conforme constatou a mais recente rodada de pesquisa do Datafolha com reflexos negativos entre os dois principais candidatos a presidente, Dilma Rousseff em busca da reeleição e o tucano Aécio Neves.
A rejeição a Dilma antes do mundial era de 35%, caiu para 32 no meio do campeonato e retornou aos 35 depois, conforme a pesquisa que foi a campo na terça e quarta-feira. Com Aécio, era de 29%, desceu a 16 e agora foi a 17. No caso de Eduardo Campos (PSB) a taxa também era de 29%, despencou para 12 e manteve-se aí.
Outra forma de rejeição à candidata veio, paralelamente, do mercado financeiro. Os capitalistas saudaram o resultado da pesquisa com a queda de 1,28% na cotação do dólar, que ficou em R$ 2,23. Em plena sexta-feira, a bolsa subiu 2,47 pontos.
A reeleição de Dilma ainda tem lucro no período. A cotação de votos favoráveis era de 34% antes do torneio, subiu para 38 no meio e caiu para 36. Quanto a Aécio, o tucano tem lucro, mas está estável. Tinha 19%, foi a 20 e ficou nisso. Campos está com prejuízo. Estava com 7%, foi a 9 e desceu a 8.
A disputa em segundo turno favorece Aécio. Contra Dilma, ele tinha 38% antes do mundial, foi a 39 no meio e subiu agora para 40. Dilma estava com 46% no começo, manteve o número durante o torneio e agora tem 44. A diferença entre eles caiu sempre. Era de 8% e desceu agora para 4 em menos de um mês e meio.
Numa disputa contra Dilma, o lucro beneficia também Campos. A diferença entre eles, no período, desceu progressivamente de 15%, para 13 e agora 7. Dilma tinha 47%, foi a 48 e desceu a 45. Campos passou de 32% para 35 e está com 38 pontos.
Os três candidatos perderam a oportunidade de ganhar votos de indecisos, o que pode mudar em agosto com a propaganda em televisão e rádio. Os que não sabem em quem votar eram 13% antes do mundial, desceu a 11 durante e agora está com 14. O fenômeno se repete com votos brancos e nulos: eram 13%, desceram a 11 e voltaram aos 13.
A pesquisa demonstrou que a presidente está em queda junto a mulheres, que formam a maioria dos eleitores, ligeiramente acima dos homens. Em duas semanas, a cotação da candidata caiu de 38 para 34% junto ao público feminino. Aécio e Campos não avançaram sobre os quatro pontos perdidos por Dilma.
O trunfo da reeleição é o Nordeste, mas a candidata também está em queda na região. Entre as duas últimas pesquisas, a cotação da presidente junto aos nordestinos. Antes da Copa, ela tinha 48% dos votos deles. Subiu para 55 e agora desceu a 49 pontos.
A sorte da candidata é o baixo prestígio dos concorrentes na região. Mesmo sendo nordestino e ex-governador de Pernambuco, Campos tem a promessa de apenas 12% dos votos nos nove Estados. Pouco mais do que o mineiro Aécio, com seus 10 pontos na região.
O mau humor prejudica Dilma por causa da gestão da economia. Os eleitores que esperam uma situação econômica pior nos próximos meses representam um terço entre todos os que votam. 32%. Antes da Copa eram 36% e desceram a 29 no meio. Os que acreditam em melhoria da economia eram 26% antes do mundial. Agora são 25%.
A curva da expectativa da inflação diverge daquela sobre a situação da economia. A inflação vai piorar, segundo a previsão de 64% antes do campeonato. Foram a 58% no meio. Agora, mantiveram-se no mesmo patamar.
E a cotação do governo Dilma? A aprovação caiu em duas semanas. Era de 35% no meio do torneio e, em duas semanas, caiu a 32, um terço dos eleitores. A não aprovação é a maior desde que se iniciou em janeiro de 2011. Os que consideram o governo ruim ou péssimo são 29%. Eram 26 duas semanas antes. Os 28% que o julgavam regular se mantiveram.