Em dezembro de 2023, a comerciária Cláudia de Albuquerque Celada, 24 anos, viajou aos Estados Unidos para participar de um intercâmbio em Aspen, Colorado, com planos de retornar ao Brasil em abril. No entanto, sua jornada foi interrompida em fevereiro, quando a ingestão de uma sopa industrializada resultou em uma grave infecção bacteriana.

“Foi apenas uma colher”, afirmou Cláudia à coluna VivaBem do portal UOL. “Senti muito cansaço, tontura, visão turva. Dormi o dia inteiro. Comecei a sentir falta de ar pela madrugada. Liguei para brasileiras que conheci em Aspen [para pedir ajuda].”

“Pensamos ser algo corriqueiro e comum, mas quando o quadro se agravou as meninas ligaram para a minha irmã”, completou ela. Quinze dias após os primeiros sintomas, Cláudia foi diagnosticada com botulismo, uma doença rara e potencialmente fatal, causada pela bactéria Clostridium botulinum.

A infecção rapidamente comprometeu sua saúde, levando-a a ser entubada e transferida de helicóptero para o Swedish Medical Center, em Denver, onde permaneceu com o corpo paralisado, mas consciente na maior parte do tempo. “Sempre estive consciente, somente o corpo não respondia aos comandos. Não via a hora de aquilo passar. Acompanhava tudo o que se passava ao redor, mas não conseguia me comunicar.”

Com uma conta hospitalar que chegou a US$ 2 milhões, a família de Cláudia organizou uma vaquinha para cobrir os custos de internação e o transporte de volta ao Brasil em uma UTI aérea. Parte da despesa foi coberta pelo seguro saúde, mas o valor foi insuficiente para arcar com todos os gastos.

Cláudia foi incluída em um programa de assistência governamental nos EUA, o que ajudou a aliviar parte dos custos. “Montamos um quadro com uma contagem regressiva dos dias que faltavam para embarcarmos de volta ao Brasil”, relata ela. “Rever meu pai, meu namorado, meu cachorro, amigos e familiares após seis meses… a expectativa era tão grande que parecia que já estava curada.”

Após retornar ao Brasil, Cláudia foi internada no Hospital São Luiz São Caetano do Sul, onde enfrentou uma longa recuperação. “Não conseguia segurar um celular. Já mexia os dedos e pulsos, mas sem força nenhuma.”

O tratamento envolveu uma equipe multidisciplinar, com médicos, fisioterapeutas e outros profissionais, para ajudá-la a recuperar seus movimentos. Após meses de tratamento intensivo, Cláudia recebeu alta definitiva em agosto de 2024.

“Desta vez já saí sem a traqueostomia e sem a sonda”, diz Cláudia. “Agora faço fisioterapia para fortalecer a musculatura e ficar mais independente. [Retomar] a rotina ainda é impossível, devido à locomoção. Mas já saí com amigos de cadeira de rodas.”

O que é o botulismo e como prevenir

O botulismo é causado pela toxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, que pode estar presente em alimentos mal conservados, como vegetais enlatados, carnes, frutos do mar e derivados de leite. A doença afeta os músculos, causando paralisia, com risco de insuficiência respiratória e morte.

Os sintomas iniciais incluem náuseas, vômitos, dores abdominais, seguidos por paralisia muscular e dificuldades respiratórias. O tratamento é feito com antitoxina, que busca neutralizar a toxina e minimizar os sintomas.

A prevenção do botulismo depende de cuidados rigorosos com a higiene dos alimentos. É essencial evitar o consumo de alimentos em latas danificadas ou estufadas, e produtos industrializados devem ser fervidos por pelo menos 15 minutos antes do consumo.

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