Enquanto o número de milionários no Brasil atinge um novo recorde, com 433 mil pessoas com patrimônio superior a US 1 milhão – o que dá aproximadamente R$ 5 milhões -, o país também ostenta outro título: o de nação mais desigual do mundo. É o que aponta o Global Wealth Report 2025, divulgado nesta semana pelo banço suíço UBS.

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O levantamento mostra que o Brasil lidera entre os países da America Latina em número de milionarios e ocupa a 19ª posição global, à frente de países como Rússia e México. Globalmente, já são cerca de 60 milhões de milionários em dólar, enquanto mais de 52 milhões estão na faixa entre US$ 1 e US$ 5 milhões, os chamados “milionários do dia a dia”.

Esse avanço patrimonial foi impulsionado por fatores como a valorização dos mercados financeiros e o rendimento de investimentos em renda fixa, favorecidos pelos juros altos. Ainda assim, a riqueza continua extremamente concentrada: o Brasil aparece com o maior coeficiente de Gini entre os 56 países avaliados, atingindo 0,82 — índice que revela um abismo crescente entre ricos e pobres.

“O crescimento da riqueza não está sendo distribuído de maneira equitativa. Enquanto mais brasileiros entram para o clube dos milionários, a maioria ainda vive distante dessa realidade”, destaca o relatório.

O estudo também projeta uma gigantesca transferência de patrimônio nos próximos anos, estimando que mais de US$ 9 trilhões devem ser herdados no Brasil — a segunda maior cifra do mundo, atrás apenas dos EUA.

O Brasil ficou na 19º posição, mas lidera entre as nações da América Latina. Confira os principais países no ranking:

  • Estados Unidos: 23.831
  • China: 6.327
  • França: 2.897
  • Japão: 2.732
  • Alemanha: 2.675
  • Reino Unido: 2.624
  • Canadá: 2.098
  • Austrália: 1.904
  • Itália: 1.344
  • Coreia do Sul: 1.301
  • Holanda: 1.267
  • Espanha: 1.202
  • Suíça: 1.119
  • Índia: 917
  • Taiwan: 759
  • Hong Kong: 647
  • Bélgica: 549
  • Suécia: 490
  • Brasil: 433
  • Rússia: 426
  • México: 399
  • Dinamarca: 376
  • Noruega: 348
  • Arábia Saudita: 339
  • Cingapura: 331


Presidente da divisão de gestão de fortunas para a América Latina do UBS, Marcello Chilov analisa que alguns fatores ajudam a explicar os dados, como a apreciação do mercado financeiro. E avalia que o cenário deve se manter nos próximos anos.

“Nos EUA, que concentram mais de 1/3 dos milionários, o crescimento do patrimônio foi muito vinculado ao desempenho de ativos. Apesar de todos os desafios geopolíticos, como as guerras e a política tarifária, é inegável que os mercados desempenharam uma performance muito positiva. Nos últimos anos tivemos uma apreciação grande da Bolsa de Nova York, e também do mercado imobiliário”, explica.

No Brasil, é um cenário parecido, diz Chilov, guardadas as particularidades do país. “Apesar da desvalorização no ano passado, o real teve um bom desempenho. E, diferente dos americanos, temos ainda um perfil de investimentos muito alocados na renda fixa. Com o cenário de juros altos, isso contribuiu para aumentar a a riqueza desses indivíduos, o que deve continuar”

Confira, abaixo o ranking da desigualdade (quanto mais perto de 1, maior a concentração de renda):

  • Brasil: 0,82
  • Rússia: 0,82
  • África do Sul: 0,81
  • Emirados Árabes Unidos: 0,81
  • Arábia Saudita: 0,78
  • Suécia: 0,75
  • Estados Unidos: 0,74
  • Índia: 0,74
  • Turquia: 0,73
  • México: 0,72
  • Cingapura: 0,70
  • Alemanha: 0,68
  • Suíça: 0,67
  • Israel: 0,66
  • Holanda: 0,65
  • Hong Kong: 0,63
  • China: 0,62
  • Portugal: 0,61
  • Grécia: 0,60
  • Taiwan: 0,60
  • França: 0,59
  • Reino Unido: 0,58
  • Coreia do Sul: 0,57
  • Polônia: 0,57
  • Itália: 0,57
  • Espanha: 0,56
  • Austrália: 0,55
  • Luxemburgo: 0,55
  • Japão: 0,54
  • Catar: 0,47
  • Bélgica: 0,47

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