Brasil tem 433 mil milionários e lidera ranking global de desigualdade, revela relatório

19 junho 2025 às 11h00

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Enquanto o número de milionários no Brasil atinge um novo recorde, com 433 mil pessoas com patrimônio superior a US 1 milhão – o que dá aproximadamente R$ 5 milhões -, o país também ostenta outro título: o de nação mais desigual do mundo. É o que aponta o Global Wealth Report 2025, divulgado nesta semana pelo banço suíço UBS.
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O levantamento mostra que o Brasil lidera entre os países da America Latina em número de milionarios e ocupa a 19ª posição global, à frente de países como Rússia e México. Globalmente, já são cerca de 60 milhões de milionários em dólar, enquanto mais de 52 milhões estão na faixa entre US$ 1 e US$ 5 milhões, os chamados “milionários do dia a dia”.
Esse avanço patrimonial foi impulsionado por fatores como a valorização dos mercados financeiros e o rendimento de investimentos em renda fixa, favorecidos pelos juros altos. Ainda assim, a riqueza continua extremamente concentrada: o Brasil aparece com o maior coeficiente de Gini entre os 56 países avaliados, atingindo 0,82 — índice que revela um abismo crescente entre ricos e pobres.
“O crescimento da riqueza não está sendo distribuído de maneira equitativa. Enquanto mais brasileiros entram para o clube dos milionários, a maioria ainda vive distante dessa realidade”, destaca o relatório.
O estudo também projeta uma gigantesca transferência de patrimônio nos próximos anos, estimando que mais de US$ 9 trilhões devem ser herdados no Brasil — a segunda maior cifra do mundo, atrás apenas dos EUA.
O Brasil ficou na 19º posição, mas lidera entre as nações da América Latina. Confira os principais países no ranking:
- Estados Unidos: 23.831
- China: 6.327
- França: 2.897
- Japão: 2.732
- Alemanha: 2.675
- Reino Unido: 2.624
- Canadá: 2.098
- Austrália: 1.904
- Itália: 1.344
- Coreia do Sul: 1.301
- Holanda: 1.267
- Espanha: 1.202
- Suíça: 1.119
- Índia: 917
- Taiwan: 759
- Hong Kong: 647
- Bélgica: 549
- Suécia: 490
- Brasil: 433
- Rússia: 426
- México: 399
- Dinamarca: 376
- Noruega: 348
- Arábia Saudita: 339
- Cingapura: 331
Presidente da divisão de gestão de fortunas para a América Latina do UBS, Marcello Chilov analisa que alguns fatores ajudam a explicar os dados, como a apreciação do mercado financeiro. E avalia que o cenário deve se manter nos próximos anos.
“Nos EUA, que concentram mais de 1/3 dos milionários, o crescimento do patrimônio foi muito vinculado ao desempenho de ativos. Apesar de todos os desafios geopolíticos, como as guerras e a política tarifária, é inegável que os mercados desempenharam uma performance muito positiva. Nos últimos anos tivemos uma apreciação grande da Bolsa de Nova York, e também do mercado imobiliário”, explica.
No Brasil, é um cenário parecido, diz Chilov, guardadas as particularidades do país. “Apesar da desvalorização no ano passado, o real teve um bom desempenho. E, diferente dos americanos, temos ainda um perfil de investimentos muito alocados na renda fixa. Com o cenário de juros altos, isso contribuiu para aumentar a a riqueza desses indivíduos, o que deve continuar”
Confira, abaixo o ranking da desigualdade (quanto mais perto de 1, maior a concentração de renda):
- Brasil: 0,82
- Rússia: 0,82
- África do Sul: 0,81
- Emirados Árabes Unidos: 0,81
- Arábia Saudita: 0,78
- Suécia: 0,75
- Estados Unidos: 0,74
- Índia: 0,74
- Turquia: 0,73
- México: 0,72
- Cingapura: 0,70
- Alemanha: 0,68
- Suíça: 0,67
- Israel: 0,66
- Holanda: 0,65
- Hong Kong: 0,63
- China: 0,62
- Portugal: 0,61
- Grécia: 0,60
- Taiwan: 0,60
- França: 0,59
- Reino Unido: 0,58
- Coreia do Sul: 0,57
- Polônia: 0,57
- Itália: 0,57
- Espanha: 0,56
- Austrália: 0,55
- Luxemburgo: 0,55
- Japão: 0,54
- Catar: 0,47
- Bélgica: 0,47
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