‘Babuína’: jornalista é indiciado por racismo e injúria após ofender colega durante programa de rádio
06 dezembro 2024 às 11h13
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Um jornalista foi indiciado por racismo, difamação e stalking praticados contra uma colega de trabalho durante transmissões ao vivo em uma rádio de Formosa, no Entorno do Distrito Federal. Os crimes, que também foram praticados em grupos de WhatsApp da empresa de comunicação, duraram quatro meses, de acordo com a Polícia Civil de Goiás (PC-GO).
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De acordo com a investigação, Breno Marcelino Ferreira, conhecido como Breno Barlutiny, de 36 anos, passou a expor a vida da colega de trabalho, Clícia Balbino de Sousa, de 31 anos. Nas mensagens enviadas em grupos de redes sociais – compostos por funcionárias da rádio – o jornalista afirmou que a mãe da vítima era “prostituta”, “surubenta” e “mercenária”.
“Eles tiveram uma discórdia profissional e pessoal, e ele começou, então, a propagar ofensas. O mais pontual é que ele teve áudios e textos ofendendo a vítima a chamando de gorda, de bicho, de fiona, tudo isso em grupos com mais de 200 pessoas”, explica o delegado José Antônio.
As ofensas, de acordo com José, começaram a se intensificar ao ponto de Breno chamar Clicia de “babuína” – espécie de primata africano – na plataforma de conversas grupais. Ele também passou a responder a vítima com emojis de macaco.
O delegado chegou a pedir a prisão do jornalista, que foi negada pelo Poder Judiciário. De acordo com José, em um período de um ano, outras oito vítimas procuraram a delegacia para denunciar crimes semelhantes praticados por Brenno no ambiente de trabalho.
“Ele perturbava a capacidade psicológica, inclusive ela falou que estava fazendo tratamento psiquiátrico diante das graves ofensas que sofreu nos últimos meses. As ofensas começaram pouco antes das eleições, em setembro, se estendendo até novembro”, concluiu.
Vítima cobra punição
Ao Jornal Opção, Clícia informou que as ofensas começaram a ser praticadas após a mãe, que é policial militar, denunciar irregularidades na prefeitura. A ação teria irritado Breno, que passou a ofender a mulher durante o programa que possui na rádio e, posteriormente, a colega de trabalho.
Buscando se proteger do racismo e das injúrias, Clícia chegou a registrar cinco boletins de ocorrência contra o jornalista, além de comunicar a empresa sobre a situação vivida na rádio. A atitude não intimidou Breno, que seguiu usando o cargo na emissora para cometer os crimes.
“Ele precisa pagar pelo que fez. Não tenho medo, vou colocar a cara à tapa e vou fazer tudo para que seja responsado”, afirmou a vítima.
O Jornal Opção entrou em contato com Breno e com a emissora em que trabalha para que se posicionassem. Em nota, o jornalista afirmou que as denúncias “não passam de postagens retiradas de contexto”. Veja abaixo na íntegra.
Nota defesa jornalista
Eu, Breno Marcelino, negro, filho de pais paupérrimos, pai de família, jornalista, locutor, apresentador e radialista, há anos em Formosa-Go combatendo a desigualdade social e denunciando os crimes de colarinho branco e os desmandos dos gestores do município, hoje, me vejo perseguido por aqueles que historicamente sempre menosprezaram os filhos da periferia. Vale frisar que, sou negro filhos de pais negros e pai de filhos negros.
As denúncias a mim imputadas de: racismo, injúria racial, etc não passam de postagens retiradas de contexto, o qual ficarão provadas por meio judicial.
É lamentável ver, membros da imprensa local usarem de estratégias escusas para achincalhar outro colega de imprensa que por várias vezes tem sofrido perseguições por lutar pelos direitos dos menos favorecidos.
Continuo acreditando na justiça divina e na justiça dos homens!
Historicamente nunca foi fácil para pobres, periféricos e negros. Continuarei na luta.
“O que me preocupa não é nem o grito dos corruptos, dos violentos, dos desonestos, dos sem caráter, dos sem ética… O que me preocupa é o silêncio dos bons.”
Martin Luther King