Avião da VoePass que caiu apresentava histórico de falhas e manutenções recentes
12 agosto 2024 às 12h47
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Relatórios do mês de março já apontavam problema hidráulico e “contato anormal” com a pista da aeronave que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, na última sexta-feira, 9. O avião ficou quatro meses em manutenção e ex-funcionários relataram haver outras condições no ATR-72-500.
O programa Fantástico, da TV Globo, reuniu dados oficiais e depoimentos de especialistas e antigos colaboradores da VoePass a fim de detalhar a situação da aeronave acidentada. Em 11 de março deste ano, um relatório oficial revelou que, durante o voo entre Recife e Salvador, o ATR teve um “contato anormal” com a pista ao aterrissar. A cauda do avião atingiu o chão, causando um “dano estrutural”. Posteriormente, problemas com o ar-condicionado foram relatados.
Ao Fantástico, o comandante Ruy Guardiola, pioneiro na utilização do ATR no país, questionou: “Teve dano estrutural. Que tipo de correção foi efetuada pelo grupo VoePass na sua manutenção, para disponibilizar a aeronave a voo?”
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O avião permaneceu na capital baiana até 28 de março, quando foi transferido para a oficina da VoePass, em Ribeirão Preto (SP). Somente em 9 de julho voltou a ser utilizado. Durante um voo entre Ribeirão Preto e Guarulhos, ocorreu uma despressurização, o que levou o avião a retornar para a manutenção. No dia 13 de julho, a aeronave voltou a operar comercialmente.
“Pode ser um fator contribuinte? Pode. Porque não é possível uma aeronave que tem um dano estrutural ser liberada para voo. Isso a investigação agora vai verificar. Tem que verificar”, explica Guardiola.
O piloto, que chegou a trabalhar por um período na VoePass, compartilha parte das experiências que teve. Um dos problemas relatados foi justamente no botão que aciona o sistema antigelo, mecanismo sob hipótese de ter causado o acidente de sexta-feira, 8. A possibilidade de gelo nas asas começou a ser considerada por pilotos e especialistas em entrevistas realizadas desde sexta-feira, especialmente em razão dos boletins meteorológicos divulgados naquele dia.
“O problema foi detectado no nível de aquecimento de um dos sistemas. A solução encontrada pela manutenção foi a colocação de um palito de fósforo, ou sei lá, um palito de dente. Eu vi com esses olhos que a terra há de comer”, afirmou.
Em resposta ao Fantástico, a VoePass Linhas Aéreas informou que os dados relacionados à investigação serão restritos à Aeronáutica e outras autoridades competentes. A empresa não abordou a questão do palito improvisado no botão que aciona o sistema antigelo.
Sobre o sistema antigelo e os problemas com o ar-condicionado, a VoePass afirmou que o ATR estava “aeronavegável” e atendia às exigências das autoridades. A companhia também assegurou que respeita as legislações trabalhistas e que, atualmente, todos na VoePass estão empenhados em apoiar as famílias das vítimas.