Após maternidade, mudança de carreira traz desafios e novos papeis para a mulher
19 abril 2018 às 21h30
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Envolvidas pela experiência de gerar uma vida, muitas mães passam a encarar novos papeis sociais e habilidades antes não notadas
A maternidade na vida de uma mulher é sempre movida a mudanças, adaptações e, ainda mais, uma fase para ampliar os horizontes. Envolvidas pela emoção e pela sensibilidade de gerar uma vida, muitas delas passam a descobrir novos papeis sociais e até mesmo habilidades antes despercebidas.
Para Raphaela Castro, essas transformações se estenderam da vida pessoal para a profissional, e, logo após ganhar o seu primeiro filho, decidiu experimentar outras possibilidades no mercado de trabalho, apostando na mudança de carreira.
Raphaela é formada em Educação Física e atuou por 12 anos na área. Hoje é empresaria e sócia da Villa Office – Escritórios Compartilhados e Coworking. Ela conta que a maternidade foi um “start” para buscar algo que desse prazer e satisfação profissional, mesmo tendo que enfrentar vários desafios.
“A sensação de ter perdido tempo com algo que não me satisfazia veio à tona. Depois, o medo e a insegurança de mudar totalmente de área, enfrentar o desconhecido, os impactos financeiros, correr o risco de errar e ainda pensar como tudo isso iria interferir na criação do meu filho”, compartilha a especialista em Empreendedorismo e Inovação.
Mesmo assim, Raphaela resolveu agir. A especialista buscou, primeiramente, uma oportunidade na área administrativa para sentir como estava o mercado. Logo percebeu que o que queria mesmo era empreender, ter o seu próprio negócio. “A partir daí, comecei a me preparar. Estudei, procurei qualificações para que isso pudesse, de fato, acontecer”, conta.
Raphaela diz que sem sombra de dúvida foi a melhor escolha. “Hoje, olhando para trás, não me arrependo em nenhum momento da minha decisão. Ainda estou caminhando em um terreno novo, mas me sinto muito mais realizada e feliz do que quando trabalhava na minha área de formação. E a maternidade foi a impulsionadora dessa mudança”.
Autoconhecimento
Vivian Souza, formada em Administração e especialista em Gestão de Negócios e Marketing, conta que após atuar por mais de 15 anos na área de propaganda na indústria farmacêutica, também optou pela maternidade e uma nova jornada profissional.
“A princípio, dei um tempo na minha carreira. Afinal, quando a criança nasce, você percebe o quanto ela precisa da nossa presença. Poder participar do seu desenvolvimento, escutar a primeira palavra, ver o primeiro passinho, se tornam prioridades. Eles demandam muito tempo e atenção e, na condição de mãe, se tona necessário e prazeroso mergulhar nesse desafio”, conta.
Para Vivian, as preocupações se modificam. “Ser mãe é ter o cuidado e contribuir na formação de um ser humano melhor. A maternidade te transforma para você dar o exemplo”, afirma.
“Estou retornando aos poucos para o mercado de trabalho, pensando agora em uma possibilidade de atuação mais flexível e prazerosa, que envolva a formação do ser humano, já que a maternidade contribuiu para o meu autoconhecimento e na identificação de novas habilidades”, relata. Agora Vivian se prepara para atuar no processo de coaching e também de liderança. Para ela, os desafios são novos, mas permitirão mais qualidade de vida.
Assim como Raphaela, a especialista em Gestão de Negócios também tem buscado por qualificação para conseguir atender com efetividade esse mercado e assumir o seu papel de mãe com qualidade.
Mudança
Cyndia Bressan, coordenadora do MBA Gestão de Pessoas por Competências, Indicadores e Coaching do IPOG e Consultora de Carreiras, conta que o principal desafio é compatibilizar tempo e tranquilidade emocional para estar presente no trabalho e em casa, com a criança.
É importante que a mulher esteja consciente de que haverá picos de demandas em ambos os setores e que eles não devem ser motivadores de uma decisão por impulso, principalmente quando se trata de mudança de carreira. “É fundamental ter uma boa autogestão e inteligência emocional para lidar com todas essas situações”, considera.
Cyndia alerta que independente de qualquer decisão, sempre haverá perdas e ganhos. Buscar uma rede de apoio no ambiente de trabalho ou no ambiente familiar, dividindo as demandas, faz toda a diferença para agir de forma mais planejada, seja para desbravar o novo ou para retornar a antiga rotina de trabalho.
A reforma trabalhista, os novos modelos contratuais e o avanço tecnológico contribuem para que a mulher também possa explorar e “abraçar” novas possibilidades de atuação no mercado. Trabalhar meio período, por projeto, ou até mesmo à distância podem ser algumas soluções para lidar com os desafios da maternidade. “O fato é: além do regime celetista, há outras opções que permitem flexibilidade e elas estão aí para apoiar a conquista de muitas mulheres serem mães com mais qualidade de vida”, finaliza.