Pesquisa Datafolha mostra aumento em taxa de confiança, até entre eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL)

Há 26 anos, eleitores de 57 municípios brasileiros conheceram pela primeira vez a urna eletrônica. As eleições eram municipais e datava de 1996, ao todo 70 mil urnas coletaram 32 milhões de votos, isto é, um terço do eleitorado da época. Uma novidade que acelerou a apuração dos votos e deu mais transparência ao processo. A partir daí, o equipamento ganhou confiança e credibilidade, poucos duvidavam da eficaz. Nos últimos anos, contudo, rumores surgiram e, consequentemente, eleitores passaram a desconfiar do aparelho eletrônico utilizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) nas eleições.
Para cientista política Ludmila Rosa, as incertezas que pairaram sobre a confiabilidade do sistema eleitoral se intensificaram com as investidas do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, acerca da apuração das últimas eleições presidenciais daquele país. Assim, o mesmo discurso começou a ser adotado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação às urnas eletrônicas.
“Nós colhemos um pouco dessa tentativa, desse movimento no Brasil, especialmente quando a gente começou a ter repercussão das pesquisas de opinião e isso muito desfavorável ao presidente da República. Pesquisas também qualitativas envolvendo o governo, envolvendo o enfrentamento do governo em relação à pandemia. Então muito são os dados que deponham contra esse governo e ele precisava ter álibis para justificar qualquer insurgência em relação ao resultado das eleições deste ano”, aponta a especialista.
A segurança sobre o uso do sistema eletrônico eleitoral foi reforçada pelas instituições, de maneira mais firme pela Justiça, que chegou a cassar o mandato do deputado estadual do Paraná, Fernando Francischini (PSL), por ter propagado informações falsas acerca da urna eletrônica e o sistema de votação nas eleições de 2018. Com isso, o TSE demonstrou que não toleraria novos questionamentos da credibilidade da urna sem a apresentação de evidências. O resultado de campanhas pró-sistema eletrônico saiu em levantamento do instituto Datafolha. A pesquisa mostra redução no número daqueles que desconfiam do uso do aparelho, caindo de 29% para 17%, em relação a 2020 e a confiança saltando de 69% para 82%.
O instituto quis saber também em qual modelo os entrevistados prefeririam votar. 77% optaram pelo sistema eletrônico e 20% optaram pelo voto no papel, registrando queda de 3%, em relação ao levantamento anterior. Dentre os eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL), a quantidade daqueles que confiam na urna eletrônica é alto: 70%. Foram ouvidos 2.556 entrevistados em 181 municípios brasileiros. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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