Apesar de proibição, manifestantes organizam carreata contra fechamento do comércio em Goiânia
13 maio 2020 às 09h58
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“Políticos precisam entender que economia é vida”, defende vereador que confirma participação na carreata
Circula nas redes sociais uma convocação para uma carreata contra o fechamento do comércio goiano. Marcada para 15h de sexta-feira, 15, com saída do Mercado Municipal do Setor Pedro Ludovico e destino à Praça Cívica, a manifestação ensaia ganhar força, principalmente, no Twitter.
No entanto, têm-se evitado a divulgação de quem teve a iniciativa e trabalha na divulgação do evento. A reportagem entrou em contato com algumas pessoas que compartilharam o material nas redes, mas todas alegam que apenas viram a mensagem e se identificaram com o seu teor.
O vereador Oséias Varão (PP) foi uma dessas pessoas. Ele afirma que não sabe de quem foi a ideia para a carreata, mas acredita que o movimento seja espontâneo, democrático e legítimo. “Muitas vezes, as coisas surgem nas redes sociais sem uma liderança, uma pessoa tem uma ideia e compartilha, e isso ganha força”, explica.
Eu vou participar e se quiserem podem me prender
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“Eu vou participar e se quiserem podem me prender”, diz o parlamentar, ao explicar que tem uma origem humilde, já foi engraxate e camelô. “Pedir a um pai de família, que trabalha em um dia para comer no outro, que fique em casa é desumano. E o auxílio não chega a todos, pois existem requisitos e muitas famílias não conseguem sobreviver com R$600”, completa.
Para Varão, os governantes a nível estadual e municipal estão tomando decisões baseadas em histeria. “Admiro muito a trajetória e história do governador Ronaldo Caiado, mas ele já afirmou que está agindo como médico e essa situação envolve fatores mais amplos”, argumenta Varão.
Segundo o parlamentar, a economia tem que ser trazida para o primeiro plano do debate. “Os políticos precisam entender que economia é vida”, defende ao citar o exemplo da cadeia produtiva de montadoras. “Isso significa comida para milhares de pessoas”, acrescenta.
“Para manter o nível de atendimento da saúde vamos ter que ficar em quarentena dez anos e ninguém fala sobre isso. Em três anos como vereador, convivo com um sistema de saúde em colapso, com filas de UTIs, então falar que as medidas estão sendo tomadas para evitar isso é loucura”, argumenta Varão.
O vereador defende que tudo seja aberto e que as pessoas enfrentem a realidade sobre o vírus. “Não existe outro caminho, não é maldade. Só estão prorrogando um problema que é inevitável, falta agir como homens maduros que entendem os paradoxos da vida”, conclui.