A Câmara Municipal de Iporá arquivou o pedido de impeachment do prefeito Naçoitan Leite (Sem partido), que ficou preso cerca de 90 dias por atirar mais de 15 vezes contra a ex-mulher e no namorado dela. O relator do processo, Roni Costa (UB), comemorou o processo de arquivamento em áudio obtido pela reportagem. “Notícia boa”, disse.

Ao mesmo tempo três novos pedidos de impeachment foram protocolados pelos vereadores de oposição. Heb Keller conta que seu pedido tem relação com a condenação de Naçoitan por estelionato, já os outros dois pedidos tem argumentação na vacância do cargo protocolado por Viviane Specian (PT), e um novo pedido por casa da tentativa de homicídio (protocolado por Moises Magalhães (Agir).

Leia também: Prefeito de Iporá, foragido por tentar matar ex-mulher, é suspeito de furtar equipamento de filmagem após crime

Presidente da Comissão Especial de Inquérito (CEI) que tramitava o pedido, a vereadora Heb Keller (Republicanos) diz que a comissão não conseguiu fazer as oitivas por uma série de protelações por parte da defesa do acusado.

“Quando foi instaurado o processo, o prefeito estava foragido, depois que ele foi preso, ficou um tempo doente e por isso demoramos a dar andamento no processo”, conta. Ela explica que a legislação municipal garante 90 dias corridos para que o processo seja finalizado, independente do que ocorra nesse período, como doença ou prisão.

Veja áudio do relator comemorando

Assessor jurídico e relator trabalharam contra

A parlamentar alega ainda que a assessoria jurídica do Legislativo teria trabalhado no sentido de atrapalhar o andamento do processo. Segundo Keller, a Câmara disponibilizou recurso para a contratação de um assistente jurídico, mas com valor insuficiente. “O assessor jurídico deu aconselhamentos equivocados, disse que o líder do prefeito não poderia participar das votações, orientações e também sobre os sorteios”, relata.

Foi uma sucessão de erros e a gente resolveu encerrar e protocolamos outros três pedidos de impeachment

Heb Keller sobre o arquivamento do processo de impeachment

A vereadora narra ainda uma articulação do relator do processo, Roni Cardoso da Costa (UB), que teria atrapalhado o andamento dos trabalhos. “No dia da audiência o relator disse que eu não tinha intimado o advogado, aí depois que mostrei os vídeos da entrega da intimação eles chegaram com um exame de Covid-19, me senti o tempo todo em uma queda de braço contra o relator, foi desrespeitada, desmoralizada por toda situação machista por parte desse vereador tentando descredibilizar meu trabalho”, revela.

Leia também: Ex-prefeito é suspeito de dar cobertura para Naçoitan Leite; polícia encontrou dinheiro vivo e munição

Vereador da base de Naçoitan, Samuel Martins (PP), aponta que o processo foi arquivado devido ao fim do prazo de 90 dias. “Infelizmente a comissão não deu conta de apurar os fatos dentro do prazo estabelecido na Lei Orgânica do Município”, diz. O parlamentar conta que a cidade vive um “momento de instabilidade” e que “houve um desgaste político para todo mundo”.

Questionado sobre a possibilidade dos outros três processos de impeachment devem avançar no Legislativo, o vereador é enfático. “Não, não acredito. Infelizmente tem vereadores que estão usando esse problema para se promover”, diz.

Relembre

O prefeito de Iporá, Naçoitan Leite (sem partido), foi indiciado pela Polícia Civil (PC) por tentativa de feminicídio, tentativa de homicídio, fraude processual majorada e posse de arma de fogo de uso restrito com numeração raspada. O mandatário municipal foi preso no dia 23 de novembro, após ficar foragido por alguns dias.

Ele é investigado por invadir a casa da ex e atirar ao menos 15 vezes contra a mulher e o namorado dela. 

Leia também:

Exclusivo: Ex-prefeita interina de Iporá, Maysa Cunha, fala sobre seu período na Prefeitura e encabeça forte oposição a Naçoitan Leite

Prefeito de Iporá é indiciado por tentar matar ex-esposa e o namorado