Aliados de Bolsonaro afirmam que ele acreditava haver uma escuta instalada na tornozeleira
23 novembro 2025 às 10h49

COMPARTILHAR
Aliados afirmam que Jair Bolsonaro estava tomado por paranoia nos dias que antecederam sua prisão. Segundo eles, o ex-presidente passou a acreditar que um clipe havia sido instalado em sua tornozeleira eletrônica e que terceiros conseguiam ouvir as conversas que mantinha com familiares e visitantes em sua casa, onde já cumpria medida cautelar. Bolsonaro teria manifestado essas suspeitas a pessoas próximas que o visitaram.
O ex-presidente violou a tornozeleira às 0h07 do sábado, 22. Os danos provocados emitiram um alerta ao Centro Integrado de Monitoração Eletrônica, e uma servidora da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal foi enviada ao local.
De acordo com o relatório da ocorrência, a informação inicial era de que Bolsonaro teria batido o dispositivo na escada. No entanto, após entrar na residência, a servidora constatou que a tornozeleira não apresentava sinais compatíveis com esse tipo de impacto.
Em vídeo registrado pela equipe da administração penitenciária, Bolsonaro é questionado sobre quando teria começado a tentar violar o equipamento. Ele respondeu que isso ocorreu no fim da tarde. Ao ser perguntado sobre o que havia acontecido, afirmou: “Meti ferro quente, meti ferro quente aí… curiosidade”. Questionado sobre qual ferro havia usado — “Ferro de passar?” —, respondeu: “Ferro de soldar, solda”.
O ferro de solda é uma ferramenta pontiaguda que atinge altas temperaturas e permite derreter metais. É facilmente encontrado para venda na internet.
A tornozeleira chegou a ser substituída, mas, na mesma manhã de sábado, 22, Bolsonaro foi preso por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Possível quadro de paranoia
A desconfiança considerada sem fundamento é atribuída, segundo interlocutores, a um possível quadro de confusão mental, ansiedade e estresse diante da iminência da prisão. Bolsonaro, que por décadas esteve cercado de assessores, passou a maior parte do tempo sozinho em casa. Ainda de acordo com aliados, ele mesmo precisava cuidar de seus medicamentos, o que teria contribuído para agravar o estado emocional e a sensação de paranoia.
Leia também:
Mídia internacional destaca prisão de Bolsonaro e aponta impacto político no Brasil
