Um advogado suspeito de oferecer R$ 3 milhões pela execução de Vinicius Gritzbach é apontado como elo-chave entre o assassinato do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC) e um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo empresas de ônibus em São Paulo.

Gritzbach foi morto na última sexta-feira, 8, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, após delatar operações da facção criminosa ao Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Gravações obtidas pelo MPSP revelam conversas entre o advogado Ahmed Hassan, conhecido como Mude, e um policial civil do Departamento de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), onde discutem a contratação da execução de Gritzbach. O áudio foi registrado pelo próprio delator, que gravou a negociação sem o conhecimento dos envolvidos. As informações foram apuradas pelo portal Metrópoles.

Na conversa, Mude e o policial discutem a oferta de R$ 3 milhões pelo assassinato de Gritzbach. O advogado, que era acionista da empresa de ônibus UpBus, já havia sido preso anteriormente por suspeita de lavagem de dinheiro para o PCC, utilizando a empresa de transporte que atua na zona leste de São Paulo.

O MPSP aponta que Mude teria desrespeitado o compromisso ético com a Ordem dos Advogados (OAB), facilitando pagamentos ilícitos a policiais e adquirindo drogas de seus clientes dentro da sede da UpBus. Além disso, ele teria sugerido a criação de um escritório na empresa para dificultar investigações policiais.

Relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) revelam que Mude movimentou R$ 27 milhões entre 2019 e 2024, com transações suspeitas, incluindo a aquisição de US$ 488 mil em 2022, mesmo com a UpBus registrando prejuízo de mais de R$ 500 mil no mesmo período.

Além disso, ele teria utilizado a empresa AHS para lavagem de dinheiro, com a compra de imóveis avaliados em R$ 15 milhões. A conexão entre Gritzbach e Mude envolve outros membros do PCC, como Anselmo Santa Fausta, conhecido como Cara Preta.

Gritzbach, que admitiu em delação a lavagem de dinheiro para o PCC, foi executado em Guarulhos, sendo acusado de ligação com assassinatos e tráfico. Ahmed Hassan ainda não se manifestou, mas o espaço segue aberto.

Após as suspeitas de conexão do PCC com a UpBus e a Transwolff, a Prefeitura de São Paulo iniciou uma auditoria e notificou as empresas, que estão sob intervenção da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) há sete meses, com possibilidade de rompimento dos contratos.

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