Acusado de ter pedido propina de R$ 5 mi, Cunha afirma que delator foi “obrigado a mentir”
16 julho 2015 às 17h25
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Delator do esquema da Petrobras diz que foi pressionado pelo presidente da Câmara a pagar propina. Cunha teria dito que estava “no comando de 260 deputados”
O consultor Júlio Camargo, um dos primeiros delatores da Operação Lava-Jato, afirmou nesta quinta-feira (16/7), à Justiça Federal, que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), o pressionou a pagar R$ 10 milhões em propina para efetivar um contrato de navios-sonda da Petrobras. Conforme depoimento, Cunha teria pedido R$ 5 milhões pessoalmente.
Cunha divulgou nesta tarde nota em que afirma que as informações concedidas por Júlio são mentiras, e ainda o desafia a prová-las. O presidente ainda diz achar estranho que tais afirmações do delator saiam às vésperas da eleição do Procurador-Geral da República e do pronunciamento do peemedebista em rede nacional. “Estranho que as ameaças ao delator tenham conseguido efeito desejado Procurador Geral da República, ou seja, obrigar o delator a mentir”, disse.
Em depoimento, Júlio afirmou que o presidente da Câmara tinha mostrado agressividade e teria dito que estava “no comando de 260 deputados”. Desde o fechamento do acordo da delação premiada, em dezembro do ano passado, esta é a primeira vez que o delator cita Cunha. Em depoimento, Júlio disse que não havia revelado fato antes por medo de retaliações.
Júlio trabalhou como consultor das empreiteiras Toyo Setal e Camargo Corrêa, e está sendo interrogado pelo juiz Sérgio Moro nesta semana. Na última terça-feira (14), o delator disse que, a pedido do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, deu R$ 4 milhões em propina para o ex-ministro José Dirceu (PT). As informações foram divulgadas pelo jornal “O Globo”.
Veja nota de Cunha na íntegra:
Com relação à suposta nova versão atribuída ao delator Júlio Camargo, tenho a esclarecer o que se segue:
1- O delator já fez vários depoimentos, onde não havia confirmado qualquer fato referente a mim, sendo certo ao menos quatro depoimentos.
2- Após ameaças publicadas em órgãos da imprensa, atribuídas ao Procurados Geral da República, de anular a sua delação caso não mudasse a versão sobre mim, meus advogados protocolaram petição no STF alertando sobre isso.
3- Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las.
4- É muito estranho, às vésperas da eleição do Procurador Geral da República e às vésperas de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo Procurador Geral da República, ou seja, obrigar o delator a mentir.
Deputado Eduardo Cunha
Presidente da Câmara dos Deputados