Delator do esquema da Petrobras diz que foi pressionado pelo presidente da Câmara a pagar propina. Cunha teria dito que estava “no comando de 260 deputados”

Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), foi acusado por delator do esquema da Petrobras de ter exigido propina de R$ 10 milhões, além de R$ 5 mi pedidos pessoalmente | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
Presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), foi acusado por delator do esquema da Petrobras de ter exigido propina de R$ 10 milhões, além de R$ 5 mi pedidos pessoalmente | Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

O consultor Júlio Camargo, um dos primeiros delatores da Operação Lava-Jato, afirmou nesta quinta-feira (16/7), à Justiça Federal, que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), o pressionou a pagar R$ 10 milhões em propina para efetivar um contrato de navios-sonda da Petrobras. Conforme depoimento, Cunha teria pedido R$ 5 milhões pessoalmente.

Cunha divulgou nesta tarde nota em que afirma que as informações concedidas por Júlio são mentiras, e ainda o desafia a prová-las. O presidente ainda diz achar estranho que tais afirmações do delator saiam às vésperas da eleição do Procurador-Geral da República e do pronunciamento do peemedebista em rede nacional. “Estranho que as ameaças ao delator tenham conseguido efeito desejado Procurador Geral da República, ou seja, obrigar o delator a mentir”, disse.

Em depoimento, Júlio afirmou que o presidente da Câmara tinha mostrado agressividade e teria dito que estava “no comando de 260 deputados”. Desde o fechamento do acordo da delação premiada, em dezembro do ano passado, esta é a primeira vez que o delator cita Cunha. Em depoimento, Júlio disse que não havia revelado fato antes por medo de retaliações.

Júlio trabalhou como consultor das empreiteiras Toyo Setal e Camargo Corrêa, e está sendo interrogado pelo juiz Sérgio Moro nesta semana. Na última terça-feira (14), o delator disse que, a pedido do ex-diretor da Petrobras, Renato Duque, deu R$ 4 milhões em propina para o ex-ministro José Dirceu (PT). As informações foram divulgadas pelo jornal “O Globo”.

Veja nota de Cunha na íntegra:

Com relação à suposta nova versão atribuída ao delator Júlio Camargo, tenho a esclarecer o que se segue:

1- O delator já fez vários depoimentos, onde não havia confirmado qualquer fato referente a mim, sendo certo ao menos quatro depoimentos.

2- Após ameaças publicadas em órgãos da imprensa, atribuídas ao Procurados Geral da República, de anular a sua delação caso não mudasse a versão sobre mim, meus advogados protocolaram petição no STF alertando sobre isso.

3- Desminto com veemência as mentiras do delator e o desafio a prová-las.

4- É muito estranho, às vésperas da eleição do Procurador Geral da República e às vésperas de pronunciamento meu em rede nacional, que as ameaças ao delator tenham conseguido o efeito desejado pelo Procurador Geral da República, ou seja, obrigar o delator a mentir.

Deputado Eduardo Cunha
Presidente da Câmara dos Deputados