Plano Safra prevê R$ 513,2 bi para médios e grandes produtores e R$ 89 bi para agricultura familiar

03 julho 2025 às 20h30

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Governo lança dois Planos Safra distintos para o próximo ciclo: um com foco na agricultura empresarial, no valor de R$ 516,2 bilhões, e outro exclusivo para a agricultura familiar, com R$ 89 bilhões. Apesar de complementares, os dois programas têm objetivos, públicos-alvo e mecanismos de financiamento distintos, refletindo as diferentes estruturas produtivas do campo brasileiro.
Enquanto o Plano Safra 2025/2026, anunciado nesta terça-feira, 1º, no Palácio do Planalto, destina-se a médios e grandes produtores rurais, o programa voltado à agricultura familiar tem como foco os pequenos agricultores, assentados da reforma agrária, povos e comunidades tradicionais. Ambos fazem parte da estratégia do governo para impulsionar a produção agropecuária no Brasil, mas atendem públicos com perfis socioeconômicos e produtivos bastante distintos.
O Plano Safra empresarial, coordenado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), concentra seus recursos no financiamento de grandes volumes de custeio, investimento e comercialização, com foco no aumento da produtividade, na ampliação de infraestrutura de armazenagem e na inserção no mercado internacional. Neste ano, o volume de crédito disponível foi elevado para R$ 516,2 bilhões, maior valor da série histórica, com linhas voltadas especialmente para produtores do agronegócio e médios agricultores inscritos no Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural).
Safra da agricultura familiar
Já o Plano Safra da Agricultura Familiar 2025/2026, coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), terá um orçamento de R$ 89 bilhões. Deste total, R$ 8,2 bilhões serão destinados diretamente ao PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), carro-chefe da política de crédito para pequenos agricultores. O programa ainda prevê $ 1,1 bilhão para o Garantia-Safra, R$ 302 milhões para o Proagro Mais e mais de R$ 1 bilhão em compras públicas.
Outra diferença central está nas taxas de juros. Enquanto o plano da agricultura empresarial prevê taxas que variam de 8% a 12% ao ano para as diversas linhas, o Plano Safra da Agricultura Familiar mantém juros reduzidos, a partir de 2% ao ano para produção agroecológica e de produtos da sociobiodiversidade, e 3% para alimentos básicos da cesta alimentar. A política busca assegurar renda digna para o agricultor e garantir alimentos acessíveis à população.
A presidenta da CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura), Vânia Marques Pinto, destacou que as medidas anunciadas para a agricultura familiar refletem um compromisso com o desenvolvimento sustentável e a soberania alimentar. Segundo ela, “produzir comida com preço acessível e justo é um desafio que só se resolve com política pública que chegue na ponta”.
Márcio Langer, secretário de política agrícola da Contag, reconhece que o valor total ficou abaixo do que o movimento reivindicava, mas considera que houve avanços. “Tem inovações importantes, como a inclusão do Pronaf B, dos quintais produtivos e melhorias nas linhas de habitação e regularização fundiária. Também foi mantido um bom volume para o Proagro Mais, que é fundamental para lidar com os eventos climáticos extremos”, afirmou.
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