Complexo cultural foi lançado na última gestão de Iris Rezende, em 2008, e era “conquista” da ex-deputada e atual primeira-dama, Dona Íris
- Obra da Casa de Vidro | Foto: Fernando Leite
- Obra da Casa de Vidro | Foto: Fernando Leite
Fotos: Fernando Leite/ Jornal Opção
Quem passa pelo entroncamento das Avenidas E, Jamel Cecílio e Rua 52, no Jardim Goiás, já deve estar acostumado a ver um terreno baldio com o que parece ser o início de uma construção.
O local deveria abrigar um pomposo complexo cultural, mas acabou virando ao longo dos anos abrigo para moradores de rua e, mais recentemente, estacionamento. Quando o poder público se furta a cumprir seu papel constitucional, a sociedade dá seu próprio jeito.
Abandonado há quase dez anos, o canteiro de obras da apelidada de “Casa de Vidro” está sendo utilizado por vizinhos e trabalhadores da região como estacionamento. Na tarde desta quinta-feira (27/7), o Jornal Opção flagrou diversos veículos parados no que era para ser um centro de referência de cultura.
Até o ano passado, a área da suposta Casa de Vidro era cercada por tapumes, que chegaram a ser grafitado por artistas locais — o máximo de cultura que o local já viu. No entanto, nem isso há mais: aberto, o terreno foi ocupado pela população.
Histórico
O projeto da Casa de Vidro foi anunciado no fim da última gestão de Iris à frente da prefeitura, em 2008. Previa-se para a obra uma cúpula de vidro, com formato elipsoide com mais de 13 metros de altura; e um salão multiuso acoplado, que seria revestido com lâminas de alumínio inspiradas nas escamas do fruto do buriti. A obra nunca saiu do papel.
O complexo cultural (como foi chamado à época) foi orçado em quase R$ 4 milhões e os recursos para a construção viriam de emenda parlamentar proposta pela então deputada federal Dona Íris (PMDB) — derrotada à reeleição em 2014 e, hoje, primeira-dama da capital.
A emenda foi feita junto ao Ministério do Turismo em 2008. Contudo, o primeiro repasse foi realizado apenas em 2011, visto que Iris deixou a prefeitura para disputar (e perder) o governo de Goiás em 2010. A obra só foi autorizada no final daquele ano, pelo então prefeito Paulo Garcia (PT).
Uma reportagem do Jornal Opção naquele ano mostrou que a construção começou, mas parou quando a empreiteira contratada por licitação decidiu deixar o projeto. A empresa, segundo consta, afirmou ter “dificuldades” para execução do complexo.
Menos de 10% das obras foram executadas e a área hoje se encontra em estado de degradação (como mostram as fotos do repórter Fernando Leite). A prefeitura, diante da constante reclamação de moradores da região de que as fundações da Casa de Vidro estavam servindo de abrigo para usuários de drogas, chegou a cercar o local com tapumes. Porém, foram derrubados e a área se encontra aberta novamente.
Tudo balela …. No afã da vitória eleitoral fazem de tudo, principalmente mentir. Já sabem que o povo tem memória perene e está acostumado aos enganos, já virou cultura.