Com o apoio de veterinários, os criadores de cavalos e mulas querem uma revisão sobre os diagnósticos de mormo. Doença pode afetar humanos

Técnico da Defesa agropecuária do Estado do Tocantins colhe material para teste em cavalo | Foto: Divulgação

Mormo é uma doença infecciosa gerada por uma bactéria que atinge basicamente cavalos, mulas e burros. Um surto de mormo está levando criadores do Tocantins a sacrificar animais. Segundo a revista “Época”, “apenas nos três primeiros meses de 2021, já são 11 ocorrências registradas, três a menos que em todo o ano anterior”. A informação é da Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (Adapec).

O mormo, aponta a revista, “provoca nódulo nas narinas dos animais, corrimento purulento, pneumonia, febre e emagrecimento. Mas há casos de equinos infectados e assintomáticos, o que facilita a propagação da bactéria que provoca a doença”.

Mormo não tem cura nem vacina. De fácil contágio, a doença pode ser transmitida a humanos. O Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) indica que os animais doentes devem ser sacrificados.

Nos animais que testam positivo, técnicos fazem eutanásia | Foto: Divulgação

Os criadores não estão satisfeitos com a decisão do governo federal. A adapec sacrificou um cavalo, que valia 50 mil reais, no município de Nova Olinda, no Tocantins. Seu proprietário recorreu à Justiça, apresentando um laudo alternativo, mas perdeu. O juiz Álvaro Nascimento Cunha, ao avaliar quatro exames indicando mormo, autorizou o sacrifício do animal. “Possibilitar viver esse animal por mais tempo é criar significativa ameaça a todos que estão ao seu redor, bem como a quaisquer outros animais do haras e da redondeza”, decidiu, na sentença, o magistrado.

Contestando a decisão do governo federal e da Justiça, especialistas estão pedindo a revisão dos diagnósticos. “Existe uma técnica de PCR que pode ser feita pelo sangue, que é o PCR em tempo real. Essas técnicas estão disponíveis em qualquer lugar do mundo. Precisamos mudar nossa política porque é inadmissível sacrificar um animal com a tecnologia e o conhecimento que já temos sobre o assunto”, afirma o médico veterinário Werner Riekes. Ele é um estudioso da doença.

Com o objetivo de conter o avanço da doença, a Adapec decidiu proibir, em janeiro, “qualquer aglomeração de equídeos em Santa Fé do Araguaia, Muricilândia, Filadélfia, Nova Olinda e Taguatinga. Além disso, proibiu a realização de cavalgadas e tropeadas sem a autorização da instituição em 12 municípios que fazem limite com os locais interditados”, registra a “Época”. “Em 31 de março, a medida precisou ser reeditada. Uma nova portaria foi publicada no Diário Oficial do Estado do Tocantins com a proibição de cavalgadas e eventos equestres em Filadélfia, Nova Olinda e Taguatinga, municípios onde ainda há registros de ocorrências de mormo”, acrescenta a publicação do Grupo Globo.