A formação de um bom jornalista passa, obrigatoriamente, pela leitura crítica e ampla das principais obras que revelam os bastidores do poder, os dilemas éticos da profissão e a contextualização histórica e econômica do país. Seja para quem cobre política, economia, justiça ou sociedade, a leitura é o exercício permanente de aprofundamento e refinamento da apuração, da escuta e da escrita.

A seguir, uma seleção de livros essenciais — obras-reportagens, biografias investigativas, análises políticas e guias de prática jornalística — que não podem faltar na estante de um jornalista:

  1. A prática da reportagem

Ricardo Kotscho
(Ática, 2004)

Ricardo Kotscho é fundamental para o jornalista | Foto: Reprodução

Um verdadeiro manual para repórteres iniciantes e experientes, escrito por um dos mais respeitados nomes do jornalismo brasileiro. Kotscho compartilha experiências de mais de 40 anos de profissão, passando por coberturas históricas e dilemas éticos vividos nas redações. O livro é direto, didático e embasado em exemplos reais, sempre reforçando a importância da escuta, do olho vivo e da apuração rigorosa. Mais do que técnica, é uma aula de sensibilidade jornalística.


2. Notícias do Planalto

Mario Sergio Conti
(Companhia das Letras, 1999)

Mario Sergio Conti conta os bastidores da eleição de Fernando Collor | Foto: Reprodução

Premiado com o Jabuti de Melhor Reportagem, o livro é uma imersão nos bastidores do jornalismo político brasileiro durante a década de 1990. Conti reconstitui o embate entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva, revelando como os principais veículos de comunicação do país atuaram diretamente no jogo de poder. A obra escancara o entrelaçamento entre imprensa, política e mercado financeiro, numa investigação que continua atual ao refletir sobre o papel da mídia na democracia.


3. Why Not: A história proibida dos irmãos Batista

Raquel Landim
(Companhia das Letras, 2019)

Raquel Landim conta a história dos irmãos goianos que dominaram o mercado de carnes e da política no Brasil | Foto: Reprodução

A jornalista Raquel Landim investiga em profundidade a ascensão meteórica dos irmãos Joesley e Wesley Batista, fundadores da JBS. O livro revela como o poder econômico se consolidou em alianças políticas e como essas relações culminaram nos escândalos da Operação Lava Jato. Com riqueza documental, cronologia dos fatos e índice onomástico, a obra é leitura obrigatória para compreender os mecanismos de corrupção empresarial e a fragilidade institucional brasileira. Um exemplo claro de jornalismo investigativo robusto.


4. Malcolm X: Uma vida de reinvenções

Manning Marable
(Companhia das Letras, 2011)

Um estudo sobre a segregação racial e a luta antirracismo nos Estados Unidos | Foto: Reprodução

Mais do que uma biografia, o livro é um estudo profundo sobre desigualdade racial, mídia e poder político nos Estados Unidos do século XX. Ganhador do Prêmio Pulitzer, a obra traz uma investigação minuciosa sobre Malcolm X e sua atuação dentro do movimento negro muçulmano. Para jornalistas, a leitura oferece insights sobre o papel do discurso na construção da imagem pública, a manipulação da narrativa por veículos de imprensa e os riscos enfrentados por vozes dissonantes. Essencial para pensar jornalismo e representatividade.


5. Uma certa ideia de Brasil

Pedro Malan
(Companhia das Letras, 2022)

Escrito por um dos formuladores do Plano Real, o livro é uma coletânea de análises econômicas e políticas que cobrem os governos de Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro. É leitura indispensável para jornalistas que cobrem economia e precisam contextualizar dados com consistência. Malan discute políticas fiscais, inflação, reformas e crescimento, sempre com base em indicadores e gráficos. Um verdadeiro guia de consulta rápida e confiável para quem busca compreender os bastidores das decisões econômicas e seus impactos na sociedade.

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