A Carta de Brasília 2024 em Defesa do Cerrado foi protocolada nesta quarta-feira (11), no Supremo Tribunal Federal (STF). O manifesto entregue por pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e outras entidades clama pela proteção urgente do bioma. O documento foi apresentado no Dia do Cerrado e reúne 44 signatários, incluindo redes científicas e associações do terceiro setor.

Segundo a UnB Notícias, carta enfatiza a necessidade de atenção para o Cerrado, descrito como um dos biomas mais negligenciados do Brasil, com alerta para o alto custo do desmatamento. “É urgente que toda a sociedade brasileira se dê conta do patrimônio que está sendo tristemente perdido,” afirma o texto. O manifesto exige ações efetivas de  para a conservação e destaca a preocupação com os povos originários e comunidades tradicionais que dependem deste bioma.

A professora Isabel Schmidt, do Departamento de Ecologia e uma das signatárias, expressou sua frustração com a falta de foco na preservação do Cerrado em comparação com outros biomas. “A mídia e o STF frequentemente exigem proteção para a Amazônia e combate aos incêndios no Pantanal, mas o Cerrado recebe muito pouca atenção,” observou, segundo o site da instituição.

Para Dione Moura, diretora da Faculdade de Comunicação da UnB e também signatária da carta, ressaltou a importância de promover o engajamento público com a ciência para a conservação do Cerrado. Ela manifestou o desejo de uma maior integração entre os três poderes para proteger este bioma vital.

O Cerrado é descrito na carta como o “coração das águas no Brasil”, dado que abriga as nascentes de oito das 12 bacias hidrográficas do país. Sua vegetação de raízes profundas é essencial para a infiltração da água no solo, alimentando rios e aquíferos que são vitais para a população e o agronegócio.

Entretanto, o bioma enfrenta ameaças significativas, incluindo desmatamento, queimadas e expansão agrícola. Atualmente, metade do Cerrado está convertido em áreas de pastagens e agricultura, com menos de 10% do bioma protegido e apenas 20% de reservas legais em propriedades.

O coordenador do projeto Restauração Ecológica da Biota Cerrado, Daniel Vieira, ainda afirmou que a diminuição de habitats é uma ameaça crítica à biodiversidade. “A supressão da vegetação leva à extinção de espécies. As regiões de relevo plano já estão muito desmatadas,” lamentou.

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