Wiston Gomes: “Bico do Papagaio não é problema para o Tocantins, mas solução”
23 abril 2023 às 00h00
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O deputado estadual Wiston Gomes (PSD) aponta que o governo precisa reconhecer que a região do Bico do Papagaio mudou de status, resultado de um processo de transformação que a região tem vivido e que se acentuou na última década. Historicamente vista como uma região problema, o deputado defende que hoje o Bico se apresenta como solução para o Tocantins e para o Brasil. “A região pode se tornar grande produtora de alimentos para abastecer todo o estado. É uma região que está pronta, aberta para receber os investimentos públicos e privados e entrar numa nova fase de desenvolvimento com a geração de empregos e renda”, prevê.
Wiston Gomes garante que, mesmo eleito pela oposição, tem buscado caminhar junto com o governador Wanderlei Barbosa, apoiando os bons projetos para o Tocantins e viabilizando pleitos para atender a região que o elegeu. “Eu tento caminhar alinhado com o governo, tentando atender ao anseio e à necessidade da população. Esse é o meu maior objetivo. Lá na frente, se tiver algum desgaste, a gente tem que sentar democraticamente para discutir”, argumenta.
O deputado integra a frente política de apoio à expansão da Universidade de Gurupi (Unirg) para Araguatins, com a implantação do curso de medicina. Ele avalia que a audiência pública realizada no início do mês para apresentar o projeto e consultar a sociedade deu a largada para a concretização do projeto. “A instalação da Unig vem concretizar esse sonho e esse de transformar Araguatins em polo universitário para atender não só o Tocantins, mas o Maranhão e o Pará”, pontua.
Nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção, concedida em seu gabinete, o deputado falou sobre sua trajetória, de como conseguiu chegar ao plenário da Assembleia Legislativa na primeira eleição que disputou sem apadrinhamento ou tradição familiar. O parlamentar nega que seja pretensioso em se candidatar a prefeito de Araguatins, mas não descarta atender a uma eventual convocação da sociedade. Wiston falou ainda sobre sua relação com o governador Wanderlei Barbosa, que avalia que vem fazendo um bom governo.
O sr. defende o argumento de que a região do Bico do Papagaio, uma das mais carentes de investimentos, é solução e não problema para o Tocantins. A mudança de percepção acompanha a transformação que a região vem passando?
Sim, o Bico do Papagaio não é problema, é solução. Você tem uma área produtiva. Uma área riquíssima. Só precisa de investimentos. É preciso que o poder público, nas esferas federal e estadual, trabalhe em conjunto com os municípios daquela região, que tem um povo trabalhador. O Bico tem uma característica bem peculiar, as cidades são muito próximas umas das outras, o que é um facilitador muito grande. Temos uma malha viária razoável, que não é ruim. A possível construção da [Rodovia] TO -010 vai facilitar ainda mais. Com investimentos, a região pode se tornar grande produtora de alimentos para abastecer todo o Estado. É uma região que está pronta, aberta para receber os investimentos públicos e privados e assim entrar numa nova fase de desenvolvimento com geração de empregos e renda.
Durante a reunião do Plano Plurianual (PPA) em Araguatins, na semana passada, o sr. apresentou algumas sugestões que foram bem recebidas pelo governo, como a Rodovia TO-010. Qual a importância estratégica dessa obra para a região?
A TO-010 é um anseio da sociedade. Essa rodovia tem um significado muito importante com efeito catalizador de desenvolvimento. Eu falo do Bico do Papagaio, mas nós temos de mencionar os Estados vizinhos, Maranhão e Pará. Todo o transporte que transita pela BR-230, que se liga à BR-153, atravessa para o Pará e o Maranhão. Essa rodovia abrange mais do que isso. Uma rodovia de pouco mais de 40 quilômetros que é um anseio da nossa sociedade e da região. Nós temos um grande problema, uma espécie de gargalo, visto que se gasta de duas a duas horas e meia para percorrer esse trecho de 40 quilômetros, do trevo de Araguatins a Ananás. Veja a dificuldade como é. Será uma obra cujos benefícios alcançarão toda a região, o que significa desenvolvimento para todo o Bico. Todas as comunidades que precisam usar aquela rodovia diariamente terão um grande alívio.
Hoje, a obra tem um dificultador, porque está relacionada em processos judiciais. Mas, com o pedido ao governador, conseguimos retirar dos tribunais, deixando os processos sobre pendências, tramitando, para que a obra seja incluída em nova licitação, de modo que a gente consiga tornar a TO-010 uma realidade. A população não pode pagar por um erro dos outros. A população não pode ser penalizada por algum erro no processo. O governador Wanderlei Barbosa, durante esse encontro em Araguatins, garantiu à população que vai concretizar este sonho nosso, ainda dentro da sua gestão.
Eu acredito que Araguatins é ponto estratégico para ser um centro universitário
O sr. defende que Araguatins se transforme em polo universitário, inclusive com abertura de curso de Medicina pela Universidade de Gurupi (Unirg), mas Augustinópolis e Tocantinópolis disputam também esta condição. O Bico comporta três polos de ensino superior?
A vinda da Unirg para nossa cidade é um sonho que estamos buscando. Estamos dando nossa contribuição neste momento como parlamentar, fazendo essa defesa, pois acredito muito na educação. O ponto estratégico onde está Araguatins é bem localizada para ser um centro universitário e estou defendendo esta ideia já algum tempo. A instalação da Unirg vem concretizar esse sonho e esse projeto de transformar Araguatins em polo universitário para atender não só o Tocantins, mas o Maranhão e o Pará. A instalação do curso de Medicina da Unirg vem concretizar o projeto – após instalar a Unirg com Medicina, rapidamente os outros cursos virão juntos – todos os cursos da Unirg, novos cursos da Unitins, podemos pedir também a vinda da UFNT [Universidade Federal do Norte Tocantins] e, assim, vamos ser essa referência universitária no Bico do Papagaio. O curso de Medicina da Unirg virá para pavimentar esse caminho, com ele Araguatins vai se tornar uma cidade universitária. Teremos investimento, desenvolvimento, geração de emprego e renda, que é o que a gente espera.
O governo já cedeu o prédio de uma escola estadual para instalar essa universidade
Como foi o resultado da audiência pública realizada no início do mês, quando foi lançado o projeto?
Essa audiência pública veio para chancelar esse desejo de ouvir a sociedade. E a sociedade anseia essa realização. A sociedade já vem se manifestando a favor da concretização desse sonho. E o governo do Estado, por meio do governador Wanderlei Barbosa, também já expôs sua vontade e determinação de realizar esse projeto. O governo já cedeu o prédio de uma escola estadual, para que seja instalada essa universidade e a prefeitura de Araguatins também está empenhada, bem como os vereadores e eu, como parlamentar, representante do município. Já fiz algumas propostas para facilitar a instalação da universidade. Propus para a reitoria uma emenda anual no valor R$ 500 mil, o que, no final do mandato, soma R$ 2 milhões de investimentos de emendas. Podem perguntar: mas nós vamos pegar dinheiro público e colocar numa universidade privada só por sua instalação? Vamos, em termos. Porém, na mesma proposta que fizemos de R$ 500 mil ao ano, solicitamos que essa emenda de R$ 500 mil seja devolvida por meio de bolsas de estudo para alunos carentes da região. Nós vamos ajudar a universidade a se instalar, mas também estamos pedindo que ela devolva o mesmo valor que for empenhado, em bolsas para alunos carentes da nossa região. A outra proposta para ajudar nesSa instalação foi a doação de uma área de 20 mil metros, oferecida por empresários que já manifestaram desejo de contribuir. Já apresentamos essa proposta para a Unirg.
A reforma da Previdência deve voltar ao plenário da Assembleia Legislativa e novamente causar polêmica. Como anda o debate em torno do assunto?
O governo enviou para a Casa uma proposta um tanto dura, sem transição nenhuma. Nós conseguimos naquele momento, em conversa com o governador, que fosse retirada de pauta. Agora está voltando. Conversamos muito com os representantes das entidades e dos servidores, com os sindicatos, para que chegassem o mais rapidamente possível na Casa com uma proposta, baseada na primeira que o governo fez, de forma que essa proposta chegue aqui não tão danosa. Mas é assim, temos de saber que ela [a reforma] vai acontecer. De todos os Estados do País, apenas três ainda não fizeram a reforma e o Tocantins precisa se enquadrar. Ela vai ter de ser feita. Nosso papel aqui, sabendo que a reforma precisa ser feita, é defender o lado do servidor que não pode ser penalizado ainda mais, tão duramente. Estamos aqui para discutir essas alterações e assegurar o direito do servidor. Para isso, estamos conversando com os sindicatos, com a equipe do governo, de modo que essa reforma não seja tão drástica para o servidor público. Estamos tentando achar um meio termo. Se vai acontecer, que não seja tão ruim para o servidor.
Quais os pontos divergentes?
A idade e a faixa de transição, que é o que a gente está chamando de pedágio. Hoje, nessas negociações, conseguimos algumas vantagens. O governo, na proposta de dezembro, não pôs nenhum pedágio. Não tinha nenhum desconto. E já conseguimos até agora, nessas negociações internas, algumas vantagens. Tem um pedágio de 50%, ou seja, se eu tenho dois anos para me aposentar eu vou ter que trabalhar três, ou seja, um aumento de apenas 50%. É um dos pontos que a gente está discutindo. Os sindicatos querem baixar pra 20%, o ideal seria entre 20% e 30%, porque senão muita gente vai ser penalizada. Estamos olhando com carinho, acompanhando com toda nossa responsabilidade de representante do servidor público.
Falando agora de eleição, seu nome começa aparecer entre os pretensos candidatos a prefeito de Araguatins. O sr. confirma a pretensão?
Descartar a gente não pode. A gente não sabe o que pode acontecer amanhã. O que eu posso te garantir é que o povo me elegeu para deputado. Minha cidade me deu um presente. Quase 5 mil votos, concorrendo contra as máquinas, e consegui ser o majoritário, muito bem votado, porque nosso povo, minha cidade de Araguatins, tinha essa vontade de ter um deputado, de ter seu representante, alguém que estivesse ali atuando em defesa do município e da região.
Pretendo me manter como deputado, mas dependendo do chamamento, se for da população, tenho de atender. Mas não é meu objetivo neste momento disputar a eleição municipal. Eu permaneço como deputado e quero assim ajudar meu município e o prefeito que estiver no mandato, seja o atual ou outro. Agora, não podemos descartar tudo. É lógico que vamos defender um nome que seja bom para a cidade, que a olhe rumo ao futuro e que cuide de nossa gente e do desenvolvimento.
Eu tento caminhar alinhado com o governo buscando atender o anseio e a necessidade da população
O sr. foi eleito pela oposição, mas na Assembleia compõe a base de apoio ao governo. Não teme represálias do partido, que mantém postura crítica ao governo?
Nosso partido mantém postura de oposição ao governo, mas minha realidade aqui dentro é de cumprir compromissos. Tenho conversado com o presidente do partido [Irajá Abreu] e externado este momento que a gente tem de superar. Tem de olhar para o futuro e eu faço isso. Eu tento caminhar alinhado com o governo buscando atender ao anseio e à necessidade da população. Esse é o meu maior objetivo. Lá na frente, se tiver algum desgaste, a gente tem de sentar democraticamente para discutir. Eu preciso me manter no partido, foi aqui que ganhamos a eleição, respeitando a sigla partidária, respeitando o presidente do partido, mas também olhando nosso mandato e respeitando o voto que eu tive do povo que me elegeu.