Pelo calendário eleitoral, ainda falta um ano para o início da campanha eleitoral das eleições municipais de 2024, que começa com as convenções partidárias que oficializam a escolha dos candidatos. As articulações políticas no âmbito dos partidos, porém, já começaram e tendem a esquentar os bastidores da política estadual. Afinal, a sucessão de 2026 passa necessariamente por 2024. O candidato ao Palácio Araguaia que tiver o apoio do maior número de prefeitos tradicionalmente tem levado vantagem na disputa.

A lista de pré-candidatos nos principais municípios não para de crescer. Nessa corrida de articulação de nomes, os detentores de mandato costumam sair na frente. No Tocantins, pelo menos 13 deputados estaduais e federais são cotados para disputar as eleições de 2024. Os parlamentares brigam para assumir o comando do Executivo dos principais municípios do estado: Palmas, Araguaína, Gurupi e Porto Nacional. Muitos são tidos como potenciais candidatos a vencer as eleições.

Na Assembleia Legislativa, pelo menos oito deputados figuram na lista de pretensos candidatos. Gutierres Torquato (PDT), Eduardo Fortes (PSD), Jorge Frederico (Republicanos), Janad Valcari (PL), Vanda Monteiro (UB), Professor Júnior Geo (PSC), Valdemar Júnior (Republicanos) e Marcus Marcelo (SD) são os nomes mais cotados, no momento, para disputar as eleições em seus municípios. A maioria já disputou pelo menos uma vez a eleição municipal. A boa votação que receberam serve para alimentar especulações de que podem avançar.

Janad, Vanda e Júnior Geo são nomes cotados para disputar as eleições em Palmas. Vanda e Geo já participaram da eleição de 2020 e alcançaram boa votação, o que os anima a fazer nova tentativa. Jorge Frederico e Marcus Marcelo estão entre os pretensos candidatos de Araguaína. Marcus Marcelo foi eleito vice-prefeito em 2020 e renunciou ao cargo para assumir a cadeira na Assembleia Legislativa. Torquato e Fortes são candidatos com potencial em Gurupi. Ambos formaram chapa em 2020, com Torquato candidato a prefeito e Fortes na vice. Por pouco, não venceram as eleições. Valdemar Júnior ainda não definiu se disputa as eleições de Palmas ou de Porto Nacional. Seu nome é bem cotado em ambos os municípios. É possível que fique só no ensaio, já que ainda não tem um foco bem definido.

Já entre os deputados federais, os prováveis candidatos são Eli Borges (PL), Ricardo Ayres (Republicanos), Toinho Andrade (Republicanos), Alexandre Guimarães (Republicanos) e Vicentinho Júnior (pP). Eli Borges, Ricardo Ayres e Vicentinho Júnior são apontados como pretensos candidatos a prefeito de Palmas. Eli Borges disputou as eleições de 2020 e terminou em terceiro lugar, o que indica que terá ânimo para voltar às urnas, tendo como principal base de apoio o segmento evangélico. Toinho Andrade busca viabilizar seu nome em Porto Nacional e Alexandre Guimarães consta na lista dos pré-candidatos de Araguaína. Os dois entram na corrida pela primeira vez. Ambos aparecem bem cotados em função da boa votação que receberam em seus municípios para a Câmara Federal.

Governo x oposição
A disputa de 2024 nos principais municípios do Estado que pesam na sucessão estadual será marcada pelo confronto entre as forças governistas e uma oposição dispersa e fragmentada e pode se fortalecer na briga pelo comando dos municípios. A disputa municipal tem caráter local, é sabido, mas também sofre profunda influência da política estadual. Em Gurupi, Araguaína, Porto Nacional e Paraíso do Tocantins, onde os atuais prefeitos – Josi Nunes (UB), Wagner Rodrigues (SD), Ronivon Maciel (PSD) e Celso Moraes (MDB), respectivamente – foram eleitos pela oposição e são fortes candidatos à reeleição, a tendência é que haja uma polarização com algum candidato apoiado pelo Palácio Araguaia. Esses prefeitos têm acenado com aproximação ao Palácio Araguaia, talvez temendo um confronto com o candidato governista, que tradicionalmente tem certo poder de fogo.

Apenas em Palmas há uma oposição clara e bem definida em nível municipal e estadual, com chances reais de concorrer contra a máquina do Paço Municipal e o Palácio Araguaia e vencer as eleições. O ex-prefeito Carlos Amastha (PSB) é um dos desses pretensos candidatos que tem cara e postura de oposição e condições de vencer o pleito. Em 2012 era apenas um empresário bem-sucedido, apareceu na disputa com 2% concorrendo contra todos e venceu as eleições com larga vantagem. Em 2016 repetiu a façanha e foi reeleito ainda com mais apoio. Realizou um bom governo e se projetou para a política estadual. Disputou o governo e uma cadeira no Senado, alcançando boa votação, mas não foi eleito. Agora é pré-candidato declarado a prefeito de Palmas. É o principal nome da oposição para desbancar uma eventual chapa formada por nomes indicados pelo governador Wanderlei Barbosa e pela prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) que articulam uma aliança para 2026. Outros nomes, como Júnior Geo e Janad Valcari, são oposição em nível municipal, mas convivem bem com o governo do Estado, do qual são aliados na Assembleia Legislativa.

A corrida está apenas começando, mas tudo indica que será bastante disputada, tanto em Palmas como nas principais cidades do Estado. A oposição, representada pelos partidos PL, MDB, PSD e PSB, tem tudo para reconquistar espaço nas eleições municipais. Mas vai depender muito da capacidade dos líderes desses partidos de costurar alianças eleitoralmente fortes nos municípios, com condições de desbancar candidatos governistas. O certo é que o resultado de 2024 pode indicar caminho livre para as forças governistas ou fortalecimento da oposição, que está quase deixando de existir no Tocantins.