“O sentimento de mudança é uma decisão do povo tocantinense”

27 setembro 2014 às 09h44

COMPARTILHAR
O ex-candidato à vice governador na chapa do peemedebista Marcelo Miranda fala sobre o indeferimento de sua candidatura e diz as visitas que fez a 108 municípios do Estado mostraram que o povo quer mudar
Nascido na cidade goiana de Inhumas, Marcelo Lelis é filho de Ailton Lelis e Marialda Lelis. Por incentivo do pai, aprendeu trabalhar a sustentabilidade como forma de qualidade de vida e, em 1993, mudou-se para Palmas para chefiar o viveiro da Superintendência de Parques e Jardins, onde elaborou e implantou o projeto de Paisagismo Urbano da capital tocantinense.
Em 2002, assumiu a presidência da Agência Municipal de Meio Ambiente e Turismo (Amatur) e no ano de 2004 foi eleito vereador de Palmas pelo Partido Verde (PV). Em 2006, foi eleito o deputado estadual mais votado de Palmas, cargo para o qual se reelegeu em 2010.
Disputou por duas vezes, sem sucesso, a prefeitura de Palmas, 2008 e 2012. Após essa segunda disputa pelo executivo palmense, rompeu com o grupo político do qual fazia parte, comandado por Siqueira Campos (PSDB) e seu filho Eduardo Siqueira Campos (PTB) ao passo em que se viu processado por abuso de poder econômico por seu adversário no pleito eleitoral, o atual prefeito de Palmas Carlos Amastha (PP).
Neste ano, foi escolhido pelo PV para compor chapa com o ex-governador Marcelo Miranda (PMDB), sendo indicado candidato a vice-governador. Com candidatura aprovada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), teve o seu registro indeferido pelo TSE e renunciou à disputa para não impor uma insegurança jurídica à chapa, abrindo espaço para que sua esposa e dirigente pevista, Claudia Lelis assumisse a disputa.
O deputado estadual Marcelo Lelis é o entrevistado dessa edição do Jornal Opção.
Faltando uma semana para as eleições de 2014, como o sr. analisa esse momento para a política tocantinense?
Esse é um momento decisivo para a história do Tocantins, para a história de nosso povo, que está muito descontente com tudo que aconteceu nesse governo desastroso que aí está. Entendo que precisamos ficar muito atentos às movimentações que vão implicar em armações, métodos baixos para poder mudar o resultado das eleições. Mas sinto que paira no ar uma condição muito propícia para que o projeto de mudança que tanto precisamos no Estado, tenha eco no seio da sociedade.
De todos os pré-candidatos, que se colocaram ainda no primeiro semestre deste ano, o sr. talvez tenha sido o que mais percorreu o Estado. O que viu por onde andou foi uma ânsia de mudança por parte do eleitorado tocantinense?
Visitamos 108 municípios em 90 dias e o sentimento que encontramos em cada canto era de uma mudança profunda. Eu tenho certeza que, por motivos óbvios, o povo tocantinense pensa assim.
Até porque, durante esses 3 anos e 8 meses, esse governo não foi capaz de dizer a que veio. E mais: traiu todas as promessas que havia feito nas eleições de 2010, quando vendeu a ideia de que seria o melhor governo da história do Tocantins. Na área de saúde, por exemplo, levou o povo a um sofrimento muito grande, que beira ao caos. Em relação às estradas, em que se faz atualmente um esforço grande para dar uma maquiagem com uma fina camada de piche, permitiu-se que elas chegassem a um patamar de destruição tão grande que muitas vidas se perderam nesses últimos anos. Na área da segurança pública, dos 108 municípios, catalogamos 30 que não tinham sequer uma delegacia em funcionamento, e a violência aumentando de forma considerável. Veja ainda na educação. Uma falta de respeito completo com os professores, que precisaram ficar parados por 38 dias reivindicando melhorias para o setor, e nem mesmo foram recebidos pelo governo. Então, o sentimento de mudança é uma decisão coletiva do povo tocantinense.
Passados alguns dias da decisão do TSE, como o sr. avalia o não reconhecimento de sua candidatura pela Justiça eleitoral?
Isso tudo é fruto de uma decisão corajosa que tomamos de romper com o grupo do ex-governador Siqueira Campos, hoje dominado por seu filho Eduardo Siqueira Campos, e do qual o candidato Sandoval Cardoso é parte integrante, um comandado, para ser mais explícito. Uma decisão que só veio depois de ouvirmos as bases do PV e de outros simpatizantes do nosso projeto político que não suportavam mais as mazelas desse governo. Pacificamente e civilizadamente deixamos o governo que, inclusive, ajudamos a eleger em 2010. Porém, esse movimento do PV incomodou os caciques desse grupo. Isso fez com que eles passassem a usar dos meios mais sórdidos imagináveis para prejudicar a minha vida como homem público, assim como iniciaram uma perseguição implacável aos meus companheiros e companheiras. Para eles, palavras como ódio, intolerância e perseguição, passaram a ser termos chaves. E eu pago hoje o preço do rompimento com o grupo. Mas, como eu costumo dizer nos palanques, mesmo que esse preço fosse multiplicado por dez ou cem, eu pagaria, porque faço política acreditando nos meus ideais e nos ideais do partido que escolhi. E hoje tenho certeza absoluta que o caminho para o nosso povo é o caminho de trazermos de volta um homem experiente, democrático e moderno, isto é, elegendo Marcelo Miranda para governar o Estado.
Em sua opinião, esse processo de perseguição contra o sr., continua a existir sobre a chapa de Marcelo Miranda e Cláudia Lelis?
Eu mencionei o que aconteceu comigo, mas isso pode ser potencializado em algumas vezes quando nos referimos ao governador Marcelo Miranda. Ele é o símbolo dessa política de perseguição. Ele é a pessoa que mais sofreu com isso ao longo dos anos, porque ousou, lá atrás, ainda em 2005, romper com esse grupo. Ele foi o desbravador desse posicionamento que quis deixar claro para o povo tocantinense que o Estado não tem dono. E eu alerto: o eleitor pode se preparar e ficar muito atento, pois não será pouca coisa que esse grupo vai preparar de ataques, armações e fraudes para esse período final da campanha. Nessa última semana vimos isso de forma muito clara, quando quiseram empurrar para o nosso colo, um peso que desde a origem era deles.

Entretanto, o tiro saiu pela culatra e foram desmascarados. Porém, não podemos nos iludir, o jogo é duro e eles vão jogar sujo. A grande vantagem é que o governador Marcelo Miranda já está tão calejado com esses ataques que vai tirar de letra. Algumas estratégias rasteiras que os seus adversários utilizam já não colam mais.
E o PV está contemplado com a indicação de Cláudia Lelis?
Bastante contemplado. Até porque não foi uma escolha pessoal minha, mas uma decisão coletiva da Executiva Estadual do partido que reconhece na Cláudia uma dirigente que representa o pensamento dos verdes do Tocantins, e que pode somar para a chapa, principalmente no trabalho que estamos realizando, juntos, aqui na capital. Cláudia é uma mulher inteligente, articulada, que respira política o tempo todo e que tem uma capacidade grande de organização. E a Coligação ganha com a indicação. Não digo com a substituição, porque o projeto original vinha sendo construído com meu nome, mas na complexidade desse momento, ela representa bem o que o PV decidiu lá em junho para selar a aliança com o PMDB de Marcelo Miranda e Kátia Abreu, além do PSD e do PT.
Marcelo Miranda lidera todas as pesquisas. Estamos a uma semana das eleições. Você acredita numa vitória, mesmo contra a máquina poderosa do candidato governista?
Eu entendo que a vitória está a nossa frente, palpável. E nós temos todas as condições de fechar essas eleições no primeiro turno e com uma boa diferença de votos. E nós vamos fazer isso com as bênçãos de Deus e o apoio do povo. Agora é hora de todos que acreditam na candidatura de Marcelo Miranda triplicarem a nossa força de trabalho nessa reta final, dentro dos nossos princípios, da política feita com o “P” maiúsculo. Nós vamos para cima deles, no bom sentido da frase. Vamos buscar o voto com força total, sem nos descuidarmos um só momento do comportamento ético, respeitoso e democrático. Nossa força de trabalho será muito mais intensa nesses próximos dias.
Por falar em força de trabalho, como está a força de trabalho do deputado Marcelo Lelis depois que deixou a candidatura à vice-governadoria?
Eu tenho procurado participar de tudo que envolve a campanha em Palmas, onde tenho uma base consolidada. Estabelecemos uma agenda intensa e estamos realizando diariamente uma série de atividades. Todos os dias começamos ainda pela manhã com uma caminhada, casa por casa, comércio por comércio, sempre escolhendo uma certa localidade. E, ao final do dia, fazemos uma grande reunião no período da noite. Algumas dessas reuniões, mesmo quando nosso candidato ao governo Marcelo Miranda ou nossa candidata ao senado, Kátia Abreu, não estão presentes, por conta da agenda no interior, acabam se transformando em comício. E a receptividade tem sido incrível.
O sr. gostaria de acrescentar mais alguma coisa à esta entrevista?
Quero sim. Quero reafirmar aqui o meu compromisso com tudo o que nós estamos pregando. Tudo o que nós pregamos na pré-campanha, e que estamos pregando durante a campanha eleitoral. Quero hoje, na condição de um presidente de partido que está dentro do grupo, não mais como candidato a vice-governador, mas igualmente engajado no projeto de mudança que o Tocantins quer, reafirmar que não decepcionaremos o nosso povo. Sob o comando de Marcelo Miranda, o que estamos construindo são bases sólidas para uma mudança profunda em áreas essenciais como saúde, segurança pública, moradia, infraestrutura, educação, gestão pública, geração de empregos, agricultura e tantas outras que carecem de nossa atenção. A mudança é para agora, e eu quero humildemente pedir a todos que reflitam sobre esse momento e concedam o seu voto para Marcelo Miranda ao Governo do Estado e Kátia Abreu ao Senado.