A eleição para a mesa diretora da Assembleia Legislativa promete ser uma das mais disputadas. Pelo menos seis deputados – Jorge Frederico (Republicanos), Ivory de Lira (PCdoB), Nilton Franco (Republicanos), Amélio Cayres (Republicanos), Cleiton Cardoso (Republicanos) e Eduardo do Dertins (Cidadania) – já manifestaram o desejo de concorrer ao cargo que já elegeu quatro governadores e tem conquistado cada vez mais prestígio político na estruturação do poder no Estado e na garantia de governabilidade.  

Para ter uma ideia do prestigio do presidente da Assembleia Legislativa, os ex-governadores Marcelo Miranda (MDB) e Mauro Carlesse (Agir), antes de se elegerem pela primeira vez ao Executivo, ocuparam a presidência da Assembleia Legislativa, condição que os tornou competitivos na disputa pelo Palácio Araguaia, visto que contaram com o apoio da maioria dos parlamentares e, ao mesmo tempo, de prefeitos.

Já os ex-governadores Carlos Henrique Gaguim (UB) e Sandoval Cardoso alcançaram o cargo de chefe do Executivo pelas mãos dos próprios deputados. Foram eleitos em votação indireta, conduzida pela Assembleia Legislativa. Ambos não conseguiram se reeleger, mas saíram da disputa fortalecidos em função da boa votação que obtiveram.

A presidência da Assembleia tem conseguindo também emplacar deputados federais. Vicentinho Alves (pP), César Hallum (Republicanos), Júnior Coimbra (MDB) e agora Toinho Andrade (Republicanos) conseguiram conquistar uma cadeira na Câmara Federal após exercer o cargo de presidente do Parlamento estadual.

O presidente da Assembleia Legislativa é o segundo na linha da sucessão estadual. Nos últimos 16 anos, o presidente do Legislativo esteve envolvido diretamente com a troca de comando do Palácio Araguaia. Talvez isso explica o grande interesse dos deputados eleitos para a próxima legislativa na disputa pelo cargo de presidente.

Articulações
As articulações estão já estão acontecendo. Pela correlação de forças do novo Parlamento estadual, se pode concluir que a bancada governista, com maioria absoluta – 15 deputados – fará a mesa diretora da Casa sem maiores problemas. O partido com maior peso nesta disputa é o Republicanos, do governador Wanderlei Barbosa, que conta com a maior bancada, formada por sete parlamentes. Pelo menos três nomes do partido disputam o direito de dirigir a Casa. Nilton Franco, no terceiro mandato; Amélio Cayres, no quinto mandato; e Jorge Frederico, no terceiro mandato. Todos têm chances iguais. Difícil dizer quem seja mais favorito.

Observando a distribuição geográfica do poder, que foi levado muito em consideração durante a campanha, é possível que candidatos do norte tenham mais poder de competividade do que os de outras regiões. O raciocínio é simples. Wanderlei Barbosa é da regional central, Palmas; seu vice, Laurez Moreira, da região sul, Gurupi; a senadora Professora Dorinha, da região central, Palmas. É natural que os deputados do norte se apresentem como solução para um maior equilíbrio na distribuição do poder.

Durante a campanha, Cesar Halum abriu uma crise na base governista ao reivindicar maior representatividade do norte, que não ficou com cargo na majoritária. A reivindicação parecia justa, tendo em vista que o principal adversário, Ronaldo Dimas, se apresentava até aquele momento como um nome imbatível na região norte e extremo norte do Estado. É óbvio que a eleição da mesa diretora da Assembleia tem mais a ver com a própria composição da casa e não com a sua representatividade estadual.

Os deputados Ivory de Lira (PCdoB), reeleito, e Eduardo do Dertins (Cidadania), que acaba de conquistar seu sexto mandato, também são fortes concorrentes ao cargo. Ivory foi vereador junto com Wanderlei e mantém uma relação política que se estreitou durante o governo Raul Filho. Os dois eram os parlamentares mais influentes no governo municipal. Ivory pode ser considerado um homem de confiança do governador e isso conta muito nessa disputa. Eduardo do Dertins (Cidadania), com duas décadas de atuação no Parlamento, é o mais experiente e isso também conta.

Ainda é cedo para apontar quem tem melhores condições de vencer a disputa. É preciso observar as articulações que vêm sendo feitas. Esta é uma eleição que envolve mais que do liderança e número de votos; envolve, sobretudo, a concordância do Palácio Araguaia, que não costuma interferir na disputa, mas nenhum candidato a presidente ousa concorrer ao cargo confrontando o Executivo. Quem provar que tem trânsito livre com o governo e liderança juntos aos pares será forte candidato a presidente da Assembleia na próxima legislatura. Outros nomes podem surgir e alguns dos postulantes podem desistir da disputa para compor com nomes mais competitivos. Esta é uma eleição com candidatos demais e eleitores de menos. A disputa está apenas começando, mas já tem data para acabar: início de fevereiro. É esperar para ver o que vai dar.