“A cidade de Palmas precisa voltar a ser dos palmenses”
01 outubro 2016 às 09h52
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Vereador e candidato a vice na chapa de Claudia Lelis lembra que o projeto da candidata é de resgate da cidade para seus verdadeiros donos
Dock Júnior
Emerson Coimbra pertence a tradicional família tocantinense. Envolvido com causas sociais, elegeu-se vereador da capital tocantinense nas eleições de 2012, com expressiva votação. Coimbra é membro da executiva estadual do PMDB e foi indicado pela sigla para compor – na condição de vice-prefeito – a chapa encabeçada por Claudia Lelis à Prefeitura de Palmas.
Nesta entrevista ele ressalta seu compromisso partidário com o PMDB, expõe as razões pelas quais acredita no êxito da eleição da pevista ao Paço Municipal, criticou institutos de pesquisas, explicitou pontos do plano de governo e teceu pesadas críticas ao prefeito Carlos Amastha.
O sr. é vereador em Palmas pelo PMDB, e em vez de concorrer à reeleição, encarou o desafio de compor a chapa majoritária à Prefeitura da capital, se lançando como candidato a vice-prefeito de Claudia Lelis (PV). O que o levou a caminhar nessa direção e quais são as perspectivas para o pleito deste domingo?
Eu abri mão do projeto proporcional por acreditar na eleição da Claudia. Tenho andado e conversando bastante com a população e notei nelas o sentimento da mudança. Uma mudança consciente com o intuito de colocar o Paço Municipal nas mãos de quem eles conheçam verdadeiramente.
Claudia tem me surpreendido positivamente pela sua altivez, uma vez que nossa relação se resumia ao fato de ela ter sido coordenadora da campanha do Marcelo Lelis na última eleição. Eu fui eleito naquele palanque e pude ver a determinação dela nos bastidores. Na linha de frente – como candidata majoritária – sua garra e determinação são ainda maiores. Essa vontade de se entregar ao projeto de tornar Palmas melhor é entusiasmante.
Em relação a pesquisas eleitorais, muitas delas tiveram o nítido intuito de alavancar ou aniquilar esse ou aquele candidato. Como o sr. avalia as enquetes e levantamentos realizados nessa disputa?
Existem institutos sérios e outros nem tanto. Alguns realmente se aproximam da realidade, outros apresentam números estratosféricos, fora do contexto, que, infelizmente, acabam por confundir as pessoas. Acredito muito na pesquisa que eu mesmo faço nas repartições, feiras, reuniões, caminhadas, comícios, enfim, o que o povo diz nas ruas. Por exemplo, eu não tenho achado os votos do atual gestor, Carlos Amastha. Eu fico me questionando:0 onde estão esses eleitores que dão aquele porcentual a ele nas pesquisas? A população é unânime em afirmar, por onde passo, que essa história que metade da cidade vota nele é uma balela. Essa não é a realidade das ruas. Não acredito em quaisquer números do Ibope, por exemplo, um instituto comandado por um sujeito mal-intencionado, para não dizer bandido, chamado Montenegro. São muitos exemplos, vou citar um: na eleição da senadora Kátia Abreu o referido instituto bancou poucos dias antes das eleições que ela estava muitos pontos à frente do candidato Eduardo Gomes, o que desmotivou, inclusive, a militância. Quando as urnas foram abertas, a surpresa: a diferença foi menor que 1%.
Infelizmente, essas pesquisas mal-intencionadas influenciam o eleitorado, porque ainda há uma cultura no Tocantins, talvez no Brasil, que o sujeito não pode “desperdiçar” o voto, ou seja, não pode votar no candidato derrotado e “perder o voto”, como se isso fosse uma espécie de loteria em que tem se acertar o vencedor.
O fato da Claudia ser vice-governadora do Marcelo Miranda, aliado ao fato das crises que o governo estadual vem enfrentando na saúde e no funcionalismo, tem influenciado ou respingado na candidatura de sua chapa?
Os adversários tentam imputar essa responsabilidade à Claudia, não restam dúvidas. E isso se deve exatamente ao fato de ela não ter rejeição. É necessário, para eles, encontrar alguma pecha no intuito de macular a imagem dela. Todavia, o eleitorado assimilou bem essa questão e não embarcou nesse artifício. Eles sabem que não há essa autonomia para os vices, em que pese muitos deles terem boa vontade e ideias. A globalização e a internet também contribuíram para que o eleitorado se tornasse mais culto e consciente.
Veja, eu sou candidato a vice-prefeito, eu sei até onde vão minhas responsabilidades e até onde eu posso arguir ou argumentar, expondo minhas vontades. Contudo, mesmo que seja uma gestão democrática – como é a do Marcelo e vai ser a da Claudia, se Deus permitir – o vice sempre terá limitações. A autonomia e o poder de decisão são sempre do gestor. Veja o caso do Michel Temer, por exemplo. Enquanto a Dilma foi presidente, quais foram as ideias ou assertivas dele que foram acatadas? Quase nenhuma…
Quanto à crise momentânea pela qual passa o governo do Tocantins, não é apenas nosso Estado que está em dificuldades. É publico e notório que das 27 unidades federativas, cerca de 20 também estão de mal a pior, em razão da crise financeira que se instalou em todo país. O problema é que desses 20, talvez o Tocantins seja o mais pobre, e isso acaba por agravar ainda mais os percalços que temos enfrentado.
O sr. acredita que é possível a virada nesta eleição? É possível derrotar Carlos Amastha e Raul Filho na eleição deste domingo?
Perfeitamente. Acredito nisso com todas as minhas forças, mas não por ilusão, mas por ver o sentimento das ruas. O povo clama por mudanças. Há 30 dias esse quadro era completamente diferente, tínhamos apenas 8 ou 10 pontos porcentuais. Hoje a realidade é outra e a ascensão da Claudia é notória e evidente. Conseguimos passar a mensagem aos eleitores de que nossa chapa representa a mudança que a cidade espera. É necessário dar um “não” a truculenta atual gestão e outro “não” àquele prefeito que já teve oportunidades e fez muito pouco pela cidade.
Esse crescimento da Claudia existe, é factível, basta ver as manifestações populares. Peço aqueles eleitores ainda indecisos que reflitam, analisem com imparcialidade os mandatos dos últimos gestores, e acreditando que pode ser diferente, que podemos mudar as práticas e condutas da arcaica política, concedam uma oportunidade ao novo, à mudança, à humanização da gestão e acabem por optar por Claudia Lelis.
O sr. é a cota e a aposta do PMDB quando se fala da política local. A maior prova disso foi sua indicação para ser vice-prefeito na chapa encabeçada pela vice-governadora do PV. Como o sr. recebe e encara essa responsabilidade?
Fiquei feliz com a indicação, visto que o partido é muito grande e de muito prestígio, possuindo grandes líderes em seus quadros. Creio que minha indicação por parte da sigla se deu pela minha juventude, aliado ao bom trabalho que fiz na Câmara de Vereadores nesta legislatura.
O PMDB tem uma militância forte e unida que abraçou a candidatura da Claudia, acreditando que a sigla tem muito para contribuir com Palmas. Exatamente por isso, entrou de cabeça no projeto de retomar a Prefeitura e devolvê-la aos palmenses, através da nossa chapa.
Sua chapa tomou por slogan “devolver Palmas para os palmenses” e “humanizar a gestão municipal”. Essa retórica surgiu a partir de quais anseios?
Precisamos devolver a cidade para os verdadeiros donos, que é quem amassou barro e comeu poeira por aqui, foi pioneiro e ajudou construir essa capital. Essas pessoas se sentem excluídas da gestão pelo prefeito e seus asseclas. O social não existe no governo municipal.
A atual gestor, que caiu de paraquedas, ganhou as últimas eleições baseado do descrédito das pessoas com os políticos. Resultado: o prefeito ascendeu ao poder sem compromissos políticos nem tampouco com ninguém. Para se ter uma ideia, a alta cúpula do governo municipal é constituída por pessoas que vieram de fora, a maioria de Santa Catarina. E o pior: nenhum deles faz questão de investir um centavo nessa cidade, uma vez que todos eles moram e despacham dos melhores hotéis. Não há compromisso desse secretariado com a cidade nem tampouco do prefeito, que administra o município pelo twitter, pela internet. Os secretários, há bem pouco tempo, foram convidados pelo prefeito para um casamento de sua filha nas ilhas caribenhas. Ficaram por lá por mais de dez dias. Eu questiono: se não estavam de férias nem era feriado no Tocantins, receberam salários sem trabalhar? Eles devolveram aos cofres públicos os valores proporcionais àqueles dias de folga, para interesses particulares e sem justificativa legal? Certamente não…
Como vereador, participando da discussão e aprovação de três orçamentos, o sr. tem experiência quando o tema tratado é a priorização e aplicação dos recursos. Sua chapa fala em implantar um orçamento democrático e participativo. Como o seria esse projeto na prática?
Eu acho muito importante sentar com cada classe, cada segmento e verificar quais são suas demandas. Discutir democraticamente com a população e priorizar esse ou aquele segmento, com responsabilidade. É necessário reservar quantias para contrapartida de moradias populares, educação, saúde, segurança e aplicar de acordo com as necessidades de cada setor.
Me lembro muito bem da gestão do Raul Filho, por exemplo, quando a Secretaria de Esportes foi transformada em uma superintendência, o que não satisfazia os anseios das comunidades, uma vez que muitas verbas se perderam. Foi uma decisão de gabinete, sem ouvir a população. Na minha opinião, estas decisões são equivocadas e, na maioria das vezes, não trazem os resultados que a comunidade desejava.
Se na atual gestão houvesse um orçamento participativo, não haveria má gestão das verbas como ocorreu durante estes três anos e meio. O prefeito cansou de gastar recursos em itens que não eram prioridade, utilizando a fonte 00, o que é um absurdo. As verbas da fonte 00 não estão vinculadas ou adstritas a um setor e isso dá liberdade para o gestor. O prefeito gastou exageradamente muitos desses recursos com locação de radares, tendas, palcos, etc., etc.
O plano de governo da sua chapa foi baseado no programa “PV ouvindo Você”?
Sim, perfeitamente. É o resultado das andanças da então pré-candidata Claudia e do marido Marcelo Lelis nos mais variados e diversos pontos da cidade e até na zona rural. Nas reuniões eram discutidas e debatidas as demandas de cada comunidade e os seus anseios. O plano de governo compilou e contemplou todas essas demandas de forma a atender toda a população.
Em relação ao transporte coletivo, sua chapa incluiu no plano de governo a quebra do monopólio com a atual permissionária destes serviços, de forma a ampliar a concorrência e, por consequência, diminuir os custos da tarifa. Como isso seria possível?
Acreditamos que se existem empresas interessadas em continuar prestando o serviço público na cidade é porque, certamente, elas auferem ganhos e têm retornos financeiros interessantes. Se não fosse rentável certamente já teriam solicitado a quebra do contrato. Pois bem, é necessário abrir essa concorrência para outras empresas, visto que o monopólio nos faz refém de uma empresa e isso é inviável.
Também é mister que consigamos melhorar o transporte, com todos os ônibus com ar-condicionado em razão do calor estafante de Palmas, e modernizar também as estações de ônibus e os pontos de parada. Hoje os usuários tomam chuva ou sol, porque as estruturas que foram montadas não atendem esse propósito. É inviável falar de BRT se não há sequer banheiros públicos nas estações. Isso é vergonhoso.