Os ex-prefeitos Ronaldo Dimas (PL), de Araguaína; Carlos Amastha (PSB), de Palmas; e Laurez Moreira (PDT), de Gurupi, têm muito em comum além de disputar cargos majoritários nestas eleições. Amastha é candidato a senador; Laurez, a vice-governador; e Dimas, candidato a governador. Eles são prefeitos da safra 2012, reeleitos em 2016 e que deixaram um legado tão importante em seus municípios que se tornaram referência estadual.

Os três se projetaram como líderes estaduais a partir da boa gestão que conseguiram implementar em seus municípios. E o que fizeram de tão importante para despertar a opinião pública além dos seus municípios? A princípio, fizeram o que todos fazem no comando de uma gestão municipal: realizaram obras e garantiram o funcionamento dos serviços públicos. No caso específico, fizeram mais e melhor. Foram capazes de promover transformações perceptíveis que se enquadram no conceito de choque de gestão.

Em cada uma dessas cidades, esse choque de gestão é percebido de uma maneira diferente. No geral, pode-se resumi-lo como um conjunto de ações capazes de organizar uma cidade. Na prática, melhorar a vida das pessoas. Em termos de gestão, significa fazer mais com menos, criar uma relação interdependente entre políticas públicas e satisfação dos moradores, tendo como resultado obras que atendam diretamente as necessidades de cada setor e melhoria dos serviços públicos que afetam diretamente a vida do cidadão.

Dimas, Amastha e Laurez fizeram algo muito importante e simples ao mesmo tempo. Realizaram obras de qualidade, repensaram o planejamento de suas cidades, corrigindo distorções, resolvendo velhos problemas, criando condições de seguirem o seu próprio fluxo de desenvolvimento. E principalmente, realizaram transformações tão impactantes aos olhos dos moradores que influenciaram diretamente na melhora da autoestima deles.  

No caso de Araguaína, o choque foi mais profundo, tendo em vista o histórico de crescimento desordenado da cidade. Em todo a história de Araguaína apenas dois prefeitos eram lembrados como gestores que foram capazes de intervir no ordenamento da cidade. Joaquim Quinta, na década de 70, que começou a ordenação do traçado urbano, e Paulo Sidnei, nas décadas de 80 e 90, que implantou as bases do desenvolvimento do município.

Interessante registrar que até a gestão de Paulo Sidnei, Araguaína tinha um outro problema crônico, no que se refere à sua gestão: os prefeitos não concluíam seus mandatos. Tal qual vem acontecendo com o Estado do Tocantins como um todo há duas décadas. Sidnei abriu caminhos para continuidade de processos administrativos, antes sem soluções de continuidade. Quinta organizou o traçado urbano, Sidnei promoveu sua reformulação com um toque de modernidade.

Do ponto de vista político, Dimas também foi mais longe que seus colegas de Palmas e de Gurupi. Conseguiu cumprir dois mandatos integralmente e ainda elegeu seu sucessor, Wagner Rodrigues (Solidariedade), que vem realizando uma boa gestão – pelo menos é o que dizem as pesquisas e o meio político, o que quer dizer que está conseguindo dar continuidade à grande obra do antecessor e criador.

Já Amastha renunciou antes para disputar o governo do Estado e não reelegeu o sucessor. A sua vice Cínthia Ribeiro (PSDB) foi reeleita, mas sem o apoio do ex-prefeito, que decidiu lançar um candidato, Tiago Andrino (PSB) para concorrer com a antiga aliada. Andrino terminou em quarto colocado com 12,31% dos votos.

Vale lembrar que Amastha disputou a última eleição para o governo e não fez feio. Foi para o segundo turno com o então governador Mauro Carlesse que tinha a máquina na mão. Desta vez prefere disputar uma cadeira do Senado e chama tanta atenção que com apenas uma semana de campanha já aprece encostado nos primeiros colocados que estão há mais de um ano em pré-campanha, segundo dados das últimas pesquisas divulgadas.

E Laurez ficou até o final do mandato, mas não conseguiu eleger sucessor. Seu candidato, o jovem Gutierres Torquato (PDT), foi muito bem recebido pelo eleitorado de Gurupi, mas terminou derrotado pela prefeita Josi Nunes (UB) que contou com o apoio decisivo do então governador Mauro Carlesse, que tem Gurupi como seu domicílio eleitoral. Não foi desprestígio do ex-prefeito, mas envolvimento da política estadual para influir numa escolha municipal, o que leva a uma disputa desigual.

Com os três ex-prefeitos mais bem avaliados do Estado na disputa majoritária é possível prever que no próximo governo o Tocantins passará inevitavelmente por um choque de gestão. Laurez conquistou a vaga de vice-governador na chapa do governador Wanderlei Barbosa (Republicanos) por ser visto muito mais como um gestor do que como político, que foi a vida toda. O trabalho realizado em Gurupi o cacifou para ser o grande gestor do governo Wanderlei.

Do outro lado, a parceria de Dimas com Amastha coloca a ideia de choque de gestão como uma prioridade urgente. Os dois são obcecados por colocar em prática ideias que sejam capazes de provocar transformações. Amastha revela que está adorando trabalhar com Dimas porque encontrou um parceiro que gosta de falar de projetos, de discutir planejamento estratégico, de formular políticas públicas que possam impactar o desenvolvimento do Estado.

O choque de gestão talvez seja a experiência mais significativa que os ex-prefeitos Ronaldo Dimas, Laurez Moreira e Carlos Amastha dispõem para superar o tradicionalismo que permite iniciar um novo clico político no Estado. Não se trata apenas de replicar no Estado um modelo de gestão que deu certo no universo municipal, mas de promover a reorganização do estado a partir do seu dimensionamento administrativo, com inovações dos processos que resultem em melhores resultados.

O bom desempenho nestas eleições dos mencionados prefeitos, não deixa dúvida que o eleitor sabe reconhecer e distinguir o gestor competente daquele que não faz nada mais do que a obrigação, e quando faz. Não é por acaso que os três se tornaram os nomes mais lembrados para a disputar o executivo estadual. Os três têm chances reais de eleição.

Para reforçar a tese acrescento à lista outros prefeitos que também foram bons gestores e tiveram sucesso eleitoral. Jairo Mariano, ex-prefeito de Pedro Afonso, da safra de 2012, eleito e reeleito e que também fez o sucessor; Moisés Avelino, de Paraíso do Tocantins, de 2012, eleito e reeleito e que também fez o sucessor e ainda Valdemir Barros (PSD), de Pium, eleito em 2016, reeleito em 2020 e que realiza uma das administrações mais emblemáticas do Estado, em volume de obras, beleza e impacto na organização da cidade.

O exemplo desses gestores mostra que o Tocantins tem solução. Qualquer que for o resultado das urnas, espera-se que as boas práticas administrativas locais se tornem fonte de inspiração para os novos gestores e que a ideia de choque de gestão alcance o status de prioridade das prioridades.