O presidente da Assembleia Legislativa do Tocantins (Aleto), Amélio Cayres (Republicanos), avalia que Wanderlei Barbosa (Republicanos) faz um ótimo início de governo. “Ele está com a melhor das intenções, reformando estradas e hospitais, colocando as contas do Estado em dia, retornando os direitos dos servidores públicos que foram retirados, acabando com as filas de cirurgias [eletivas] em todo Estado”, lista o deputado, enfatizando que o governador mantém a disposição de trabalhar em parceria com o Legislativo.

Cayres defende que o Tocantins vive um processo de renovação política com revelação de novos líderes, por uma escolha democrática das urnas, que têm barrado líderes tradicionais. “Todos deram sua contribuição para esse Estado, mas foi uma eleição de renovação, em que [colocaram seus nomes] pessoas que contribuíram muito – como os Miranda, os Abreu, os Dimas –, mas a comunidade resolveu renovar. Então, temos de acompanhar. A gente tem de estar com o olho nas leis, mas com o ouvido nas ruas”, diz o parlamentar, que aponta que a renovação é a concretização do desejo popular.

O deputado garante que o Bico do Papagaio já conta com serviços públicos que atendem bem as demandas regionais, bem como serviços privados, não dependendo mais de Imperatriz (MA). Para ele, a região hoje é exemplo. “Anteriormente, quando você queria castigar um mau médico, um profissional que eventualmente teria tido um comportamento inadequado, ameaçava-o de transferi-lo para o Bico do Papagaio. Hoje lá se dá exemplo, estão formando médicos para o restante do Estado”, ressalta o parlamentar, entusiasmado com as novas perspectivas de desenvolvimento da região.

Baiano de Érico Cardoso, Amélio Cayres chegou ao Tocantins juntamente com a família em meados da década de 70. Escolheram fixar moradia na região do Bico do Papagaio, atraído pelo potencial da região para atividade agropecuária. Em 1996, ele entrou para a política e se elegeu prefeito de Esperantina, o último município no extremo norte do Estado, a 700 quilômetros de Palmas. Foi reeleito em 2000 e eleito deputado estadual pela primeira vez em 2006, depois sendo reeleito para os quatro mandatos seguintes. Foi um dos deputados estaduais mais votados nas eleições de 2022. Em fevereiro, pela primeira vez colocou seu nome para concorrer à presidência da Aleto e foi eleito por unanimidade, numa votação histórica, a qual ele atribui a compensação pela falta de representatividade do norte do Estado na chapa majoritária que venceu as eleições. Esses e outros assuntos o deputado aborda nesta entrevista exclusiva ao Jornal Opção concedida no plenário da Assembleia.

Há muito tempo um parlamentar do Bico do Papagaio não ocupava a presidência da Assembleia Legislativa. Como o sr. avalia sua ascensão ao posto?

Vejo como natural. Estou no quinto mandato e tenho com os colegas uma convivência de amizade e respeito. Há aí então um processo natural. Venho de uma região bem representada politicamente, a região norte entre Araguaína e o Bico do Papagaio. Nós temos oito deputados [estaduais], além dos parlamentares da região, e uma boa relação no Estado inteiro com os demais deputados.

Como a presidência do Legislativo nas mãos de um deputado do Bico do Papagaio contribui para acelerar o desenvolvimento da região, que tem um forte potencial, mas ainda pouco explorado?

Faz parte. Acho que o contexto é geral. O governador [Wanderlei Barbosa] tem sua origem política identificada como o centro do Estado, Palmas, assim como a senadora [Professora Dorinha, do União Brasil] e o vice, Laurez Moreira (PDT) que é da região sul. Araguaína e o Bico do Papagaio ficaram sem essa representatividade. Talvez isso tenha ajudado o governador a contemplar a região norte com esse cargo de presidente da Assembleia, que nos honra muito.

Foto: Benhur de Souza

Quero fazer uma gestão transformadora nesta Casa e contribuir com a comunidade

Esse posto representa uma continuidade e o anseio de uma sociedade de um Estado criado há 35 anos e que vem desenvolvendo bastante. Nossa região não é diferente. Faz parte deste processo de transformação do Estado, com o governador Wanderlei [Barbosa], que foi deputado nesta Casa e faz parte dessa reconstrução. São novos rumos, novos líderes surgindo neste Estado em nível de governo.

Todos deram sua contribuição para esse Estado, mas foi uma eleição de renovação, em que [colocaram seus nomes] pessoas que contribuíram muito – como os Miranda, os Abreu, os Dimas –, mas a comunidade resolveu renovar. Então, temos de acompanhar. A gente tem de estar com o olho nas leis, mas com o ouvido nas ruas. A comunidade fez essa transformação. Estou aqui também como transformador. Quero fazer minha gestão de forma transformadora aqui nesta Casa e contribuir com a comunidade neste sentido.

Anteriormente quando se queria castigar um mau médico o ameaçava transferir para o Bico do Papagaio

Como o sr. avalia a presença da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), que ganha forte investimento no Bico do Papagaio, e agora tem curso de medicina no Câmpus de Augustinópolis? A região começa a ser realmente contemplada com educação superior?

Foi uma luta muito grande e uma justiça com a comunidade do Bico do Papagaio. Anteriormente, quando queriam castigar um mau médico ou outro profissional que eventualmente teria tido um comportamento inadequado, ameaçavam transferi-lo para o Bico do Papagaio. Hoje a região dá exemplo, está formando médicos para o resto do Estado. Poderiam instalar a Unitins, a primeira universidade estadual pública no Tocantins, em Palmas, Gurupi, Araguaína, mas foi escolhido o Bico do Papagaio, numa interferência nossa e de demais colegas. Isso nos honra muito, mas não pode parar por aí. Nós faremos uma audiência pública em Araguatins para tentar levar uma unidade da Unirg [Universidade de Gurupi] também com curso de medicina para Araguatins. O Bico do Papagaio hoje está dando exemplo, vai formar médicos e é uma região que não se julga melhor que ninguém, mas também não é a pior região do Estado, como falavam anteriormente. O Bico do Papagaio hoje é uma região muito boa, em franco desenvolvimento e está contribuindo tanto quanto as demais regiões do Estado.

O fato de estarmos localizados entre três polos – Araguaína, Imperatriz e Marabá – não significa que dependamos deles

Por muito tempo, o Bico do Papagaio manteve dependência do Maranhão, com Imperatriz representando o grande centro regional. Augustinópolis aos poucos está assumindo este posto de centro regional?

Não há mais dependência. O Bico do Papagaio pode oferecer tudo que o Maranhão oferece. O fato de estarmos localizados entre três polos – Araguaína, Imperatriz e Marabá (PA) – não significa que dependamos deles, porque hoje, para o Maranhão e para o Pará, têm pontes sobre os rios Araguaia e Tocantins, então o Bico do Papagaio independe do Maranhão. Ao contrário, eu vejo o Maranhão dependendo dos cursos superiores que têm no Bico do Papagaio.

Que avaliação o sr. faz do governo Wanderlei Barbosa e, sobretudo, do papel do Parlamento estadual na reorganização da gestão pública que vinha deixando a desejar? Não tem faltado apoio a ele: todos os deputados apoiam o governo. É natural?

Não se faz oposição a quem quer um bom propósito. Um governo quando eleito representa o povo e governa no intuito de fazer o bem para o Estado e, às vezes, querer fazer oposição fica como se fosse uma demanda própria, pessoal. O governador está com a melhor das intenções. Está reformando as estradas e os hospitais, colocando as contas do Estado em dia, retornando os direitos dos servidores públicos que foram retirados, acabando com as filas de cirurgias [eletivas] em todo Estado, dando oportunidades para os prefeitos – por meio do programa de melhoramento – para concluir obras municipais. Um governador que está tendo uma aceitação incrível entre a comunidade. Fazer oposição a quem está fazendo o bem seria legislar em causa própria. Não vejo motivo para isso. Aquilo que a gente entender que não está certo, vamos discutir. Mas o governador é muito democrático, antes de enviar qualquer matéria para a Assembleia, ele chama os deputados e a discute. Então, essa tem sido a forma, a tratativa da Assembleia na sua relação com o governo do Estado. Ele dialoga com a Assembleia antes mesmo de mandar as matérias. Isso tem reforçado bastante essa boa relação, que, tenho certeza, vai continuar assim.