“Unimed Goiânia acumula déficit de R$ 374 milhões nos últimos dois anos”, diz manifesto

13 janeiro 2024 às 11h17

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Previstas para março deste ano, as eleições da Unimed Goiânia já movimentam médicos da categoria. Em site recém lançado, chapa de oposição à atual gestão levanta questionamentos sobre a eficiência da presidência da cooperativa. Ao apresentar dados comparativos, a chapa demonstra que enquanto outras Unimeds de porte semelhante, como Porto Alegre, Campinas e Belo Horizonte, encerram o ano com resultados positivos, a Unimed Goiânia acumula mais de R$ 374 milhões em resultados operacionais negativos desde 2021.
Confira o gráfico apresentado:

Procurada pelo Jornal Opção para responder sobre o suposto déficit, a Unimed Goiânia disse que “Cooperativa recebeu diversos prêmios pelo desempenho excepcional das áreas financeira e contábil, sendo frequentemente ranqueada entre as três melhores do país nessas áreas (…) Seguimos dedicados em administrar a Cooperativa com eficiência e compromisso, conforme demonstrado em todos os nossos balanços públicos”, informa a nota.
Por outro lado, o manifesto apresenta que a Unimed Goiânia foi a única a manter resultados negativos durante a pandemia, contrastando com a recuperação de outras cooperativas em 2023. O documento enfatiza que houve uma redução das aplicações financeiras, indicando que, se não fosse pela utilização dos rendimentos dessas aplicações para cobrir os resultados operacionais negativos, a situação seria ainda pior.
“O resultado operacional negativo e recorrente nos últimos dois anos mostra que nosso negócio não está sendo bem gerido e estamos sobrevivendo apenas com os rendimentos das aplicações financeiras”, diz o documento. Ao abordar as aplicações livres, o site aponta ainda que houve uma diminuição de R$ 45 milhões em relação a 2020, enquanto outras Unimeds experimentam crescimento de até 77%.
A cooperativa questiona essas informações e diz que é acompanhada por uma auditoria externa, realizada por uma das maiores e mais respeitadas empresas dessa área no mundo, a Moore e que não dá espaço para boataria e disputas políticas antecipadas. Além disso, escrevem que “os balanços são aprovados pela Assembleia Geral Ordinária, órgão máximo da Cooperativa, e também disponibilizados para os órgãos regulatórios do setor. As esferas responsáveis pela checagem e aprovação das contas confirmam que a Unimed Goiânia tem uma das administrações mais responsáveis do país, com números sólidos e exemplares para o Sistema Unimed”, informam em nota.
Reclamações dos usuários
A Unimed Goiânia figurou como a 14º operadora de saúde com mais reclamações no país, conforme levantamento da Agência Nacional de Saúde (ANS) apresentado em setembro do ano passado. Enquanto a taxa média de reclamações das 42 Unimeds do ranking está em 39,2%, entre janeiro e julho, em Goiânia, esse índice alcançou 76,7%.
Leia mais: Lista da ANS coloca Unimed Goiânia entre os planos com mais reclamações no país
No Brasil, pesquisa do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) revela que as operadoras de planos de saúde lideraram as reclamações dos clientes em nove dos últimos 10 anos. Os motivos incluem reajustes nas mensalidades, falta de informações, demora em marcar exames ou consultas, além de incertezas contratuais. O cancelamento unilateral dos planos, privando os usuários de assistência, agora também preocupa.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) registra cerca de 900 reclamações diárias contra essas operadoras. Felipe Baeta, CEO da Piwi, corretora digital de planos de saúde, destaca a complexidade da relação, atribuindo-a a elementos conjunturais de mercado e um arcabouço regulatório confuso. Planos coletivos empresariais, representando 70% das contratações, são os mais afetados, enfrentando desafios regulatórios e entendimentos judiciais conflitantes.
Legislativo
Um projeto de lei na Câmara dos Deputados busca abordar essas queixas, compilando cerca de 270 projetos sobre o tema que tramitam há quase duas décadas. Contudo, cinco entidades representativas de operadoras alertam que o projeto pode ameaçar a sustentabilidade do setor, colocando em risco o atendimento a mais de 50 milhões de brasileiros.