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O mais recente Boletim InfoGripe, divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), confirma que a influenza A é a principal causa de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil em 2025. De acordo com a análise, 74,1% dos óbitos por SRAG registrados nas últimas quatro semanas epidemiológicas foram provocados por esse tipo de vírus.

No Centro-Oeste, a situação é especialmente grave em Goiás. O Governo do Estado decretou situação de emergência no dia 30 de junho, após registrar taxas de incidência de SRAG acima do esperado durante sete semanas epidemiológicas consecutivas. Em 2025, já foram confirmados 6.743 casos de SRAG no estado: 1.117 provocados por influenza, 1.486 por VSR, 680 por rinovírus e 306 por Covid-19.

Em Goiânia, o cenário também inspira preocupação: segundo o InfoGripe, a cidade está entre as quatro capitais brasileiras com nível de atividade de SRAG em alerta, risco ou alto risco, ao lado de Aracaju (SE), Maceió (AL) e Porto Velho (RO). Nessas capitais, além dos números elevados, há tendência de crescimento no longo prazo.

O crescimento de casos tem pressionado o sistema de saúde. Dados da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) mostram que, entre janeiro e junho de 2025, houve 10.676 solicitações de internação por SRAG, aumento de 33,27% em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram registradas 8.011 solicitações. Apenas em maio deste ano, o número chegou a 2.406 pedidos de internação, contra 1.767 em maio de 2024.

O decreto de emergência possibilita a criação imediata de novos leitos hospitalares exclusivos para pacientes com SRAG, medida considerada fundamental para conter o impacto sobre unidades de terapia intensiva (UTIs) e leitos clínicos, tanto da rede pública quanto da conveniada ao SUS.

O estudo mostra que, entre os casos positivos de SRAG no mesmo período, 33,4% foram causados por influenza A, seguidos por vírus sincicial respiratório (VSR), responsável por 47,7%, rinovírus (20,6%), influenza B (1,1%) e Sars-CoV-2 (1,8%). Até agora, em 2025, o país já notificou 119.212 casos de SRAG, sendo 61.964 (52%) com confirmação laboratorial para algum vírus respiratório.

Embora a Fiocruz tenha identificado sinais de queda ou estabilização no número de casos em parte do Centro-Sul, Norte e Nordeste, o alerta permanece. Estados como Mato Grosso, Paraná, Pará, Rondônia e Roraima seguem com tendência de aumento nas internações por SRAG, impulsionadas principalmente pela circulação da influenza A e do VSR.

Mapeamento realizado pelo Boletim InfoGripe | Fonte: FioCruz

Segundo a pesquisadora Tatiana Portella, do InfoGripe, é essencial que os grupos prioritários busquem a vacinação, disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS). “Mesmo quem já teve gripe neste ano deve se vacinar, pois a vacina protege contra os principais tipos de vírus da influenza que circulam em humanos”, destacou.

O boletim também revela um padrão preocupante: a influenza A lidera as hospitalizações e mortes entre idosos, enquanto em crianças pequenas, o VSR continua sendo o principal responsável pelos casos graves, seguido por rinovírus e influenza A.

Vacinação segue abaixo da meta

Apesar da ampliação da vacinação contra influenza para toda a população acima de seis meses de idade, a cobertura vacinal em Goiás permanece baixa: 38,96%, com cerca de 1,49 milhão de doses aplicadas. No Brasil, a média nacional está em 42,03%. Em 2024, Goiás havia alcançado 48,74% de cobertura vacinal entre os grupos prioritários.

Especialistas alertam que a baixa adesão à vacinação amplia o risco de formas graves da doença, principalmente entre idosos e crianças pequenas. Até o momento, dos 6.743 casos de SRAG registrados em Goiás neste ano, a maior parte envolve menores de dois anos (2.654 casos), seguidos por crianças de 2 a 4 anos (754 casos) e crianças de 5 a 9 anos (659 casos). Entre pessoas com mais de 60 anos, foram notificados 1.414 casos. Entre os 402 óbitos contabilizados até agora, 256 ocorreram em idosos, 40 em menores de dois anos e 35 em pessoas de 50 a 59 anos.

Monitoramento constante e reforço nas ações

Para acompanhar de perto a evolução dos casos, a SES-GO instalou, em maio, a Sala de Situação de Doenças Respiratórias, que reúne semanalmente técnicos e gestores para monitorar dados em tempo real, definir estratégias de resposta e orientar municípios.

A vacinação, segundo especialistas da Fiocruz e da Secretaria Estadual da Saúde, continua sendo a principal ferramenta para conter hospitalizações e mortes. Além disso, manter hábitos preventivos, como higienizar as mãos, proteger a boca ao tossir ou espirrar e evitar aglomerações em períodos de alta circulação viral, segue essencial para reduzir o impacto das doenças respiratórias graves no estado e no país.

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