Problemas com ereção e incontinência urinária são alguns dos medos de quem precisa passar por tratamentos envolvendo a próstata. Entretanto, parte dos pacientes não sabe que há meios modernos para um dos problemas mais recorrentes entre os homens: a hiperplasia prostática benigna (HPB). 

LEIA TAMBÉM

Assintomático no começo, câncer de próstata detectado em exames de rotina tem maior chance de cura, alerta urologista

Goiás já registrou quase 900 casos de câncer de próstata em 2023, diz SES

O urologista Fernando Leão, especialista em doenças da próstata, explica que a HPB afeta praticamente todos os homens nas faixas dos 50 e 60 anos. “Cada um vai ter essa doença em intensidade diferente. Alguns vão ter sintomas leves ou moderados, enquanto em outros as ocorrências são mais graves”, diz.

Médico Fernando Leão. Foto: divulgação

Entre os sintomas mais associados à HPB estão o aumento da frequência miccional noturna (vontade de urinar durante a noite), redução da força do jato de urina e sensação de não conseguir esvaziar completamente a bexiga. Alguns ainda sentem ardência ao urinar, o que é conhecido como disúria. 

Outros também podem ter hesitância miccional – quando precisam esperar até 30 segundos para começar a urinar. De acordo com Fernando, mesmo sofrendo com esses sintomas, é comum que homens evitem procurar um médico por medo das possíveis consequências dos tratamentos de próstata. 

“A resistência maior em procurar um médico logo no início é porque tudo que se fala relacionado à próstata, os pacientes já entendem que qualquer tratamento vai ter um risco elevado de impotência sexual e de incontinência urinária. Mas não é bem assim mais. Isso já mudou. O tratamento da HPB raramente vai levar a essas sequelas, ao contrário do que acontece com o câncer de próstata, que é a doença maligna”, explica.

O especialista diz que, de fato, o tratamento cirúrgico para o câncer traz risco de impotência e de incontinência urinária. Porém, mesmo estes hoje em dia são menores do que os tratamentos utilizados há alguns anos, o que muitos ainda não levam em conta. 

“Essa desinformação faz com que o paciente demore ou postergue sua ida a um urologista para se tratar de forma correta”, comenta.

 O atraso na busca por reabilitação pode trazer consequências sérias, como quadros de insuficiência renal aguda, formação de pedras na bexiga e infecções urinárias de repetição, que podem levar à morte. Tudo isso sem contar a piora na qualidade de vida, que se manifesta por meio das noites mal dormidas devido às idas repetidas ao banheiro, acarretando indisposição e irritabilidade no dia a dia.

Dentro as diversas técnicas para o tratamento da HPB, como a cirurgia a laser e a ressecção transuretral, uma tem se destacado por ser menos complexa, proporcionar recuperação mais rápida e, ainda, trazer menos riscos à vida sexual. Com uso aprovado no Brasil em 2023, a tecnologia Rezum está disponível no exterior desde 2015. 

A técnica, considerada minimamente invasiva, consiste na liberação de doses controladas de vapor d’água na próstata por meio de um catéter inserido na próstata. O resultado é a destruição térmica do tecido prostático e, consequentemente, a melhora no fluxo urinário. Fernando destaca que, assim como os demais tratamentos, o Rezum não traz riscos de impotência sexual ou de incontinência urinária, mas apresenta vantagens relevantes. 

“O Rezum tem dois diferenciais importantes. É uma cirurgia, mas é feita a nível ambulatorial, com sedação a porte anestésico menor. Não há necessidade de internação. A segunda vantagem é poder preservar a ejaculação em cerca de 80% dos casos. As demais técnicas têm índices de no máximo 40 a 50%”, explica.

Desta forma, o tempo em que as terapias para problemas da próstata provocavam pavor nos homens pode estar perto de acabar. “As técnicas modernas, como o Rezum, têm oferecido uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes e apresentado resultados excelentes. A perspectiva é que, com o passar dos anos, os homens ganhem mais confiança e percebam que esses tratamentos não são nenhum bicho de sete cabeças”, conclui.