Prefeitura de Goiânia tem dívida de R$ 50 milhões com hospitais privados

05 outubro 2023 às 11h31

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A prefeitura de Goiânia tem uma dívida de cerca de R$ 50 milhões com os hospitais privados da capital, denunciou o Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás (Sindhoesg). A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) alega que a troca recente de secretário gerou problemas nos repasses à saúde, com a saída de Durval Pedroso durante crise das maternidades em Goiânia.
Segundo o presidente do Sindhoesg, Valney Luiz da Rocha, o montante da dívida refere-se ao incentivo que deveria ser pago para a realização de cirurgias, exames complementares e internações em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Os atendimentos já foram prestados pelos hospitais e clínicas, mas esse complemento da defasada tabela do SUS não é pago há dez meses.
“Os hospitais, eles têm duas receitas da Secretaria Municipal de Saúde. Uma delas é aquela do serviço prestado que é pago de acordo com a tabela do serviço. Normalmente, esse serviço, ele é prestado em meses e pago com 60 dias. Ou seja, as prestações de serviço do mês de julho deveriam ter sido pagas agora no mês de setembro, entre os dias 10 até 15, mas esse pagamento não foi feito até hoje. Outro recurso financeiro é um incentivo à produção de cirurgias eletivas, procedimentos e exames”, explicou Valney.
Ele explica que esses recursos vem do Ministério da Saúde e o município complementa o valor da tabela SUS, tendo em vista que os valores pagos pelo Sistema Único de Saúde são valores muito baixos. Para poder viabilizar a execução dos serviços, então criou-se um incentivo para que as pessoas pudessem continuar atendendo. Estes incentivos estão atrasados há mais de um ano.
“Neste incentivo, a Secretaria Municipal pede ao prestador que ele emita uma nota fiscal para que a Secretaria de Finanças libere o recurso e ele faça o pagamento. Ou seja, ele tira nota fiscal e os prestadores têm que pagar os impostos habituais. Isso já foi feito e há um atraso que prejudica a instituição porque ela não recebe esse recurso para complementar os custos da prestação da suspensão e ainda tem que vim embolsar recursos financeiros para pagar o imposto. E isso está inviabilizando as instituições”, completou o presidente do sindicato.
Com referência ao pagamento habitual, a SMS alegou a Valdiney que houve um problema no mês passado com a saída do secretário e que agora isso está sendo reestruturado lá dentro com a nova equipe. Segundo a pasta, os pagamentos devem sair até o próximo fim de semana, sábado, 7, ou domingo, 8.
Para agravar a situação, o atraso no pagamento dos serviços prestados ao Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores de Goiânia (Imas) já totaliza um ano. Atendimentos realizados em setembro de 2022 ainda não foram pagos. A situação acende um sinal de alerta e pode inviabilizar a continuidade dos atendimentos aos pacientes do SUS e do Imas pelas instituições privadas.
Em resposta ao Jornal Opção, a “Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia esclarece que o pagamento começou a ser realizado hoje até amanhã será concluído”.
Troca de secretariado
Responsável pela Saúde na gestão do ex-prefeito de São Paulo, João Doria, o médico Wilson Pollara assumiu no dia 1º de outubro a Secretaria de Saúde de Goiânia. A saída de Durval Pedroso do cargo marcou o início da reforma do secretariado municipal. Nos bastidores, circulava a justificativa de que a mudança tinha como objetivo acomodar “os republicanos de Brasília”. Em uma conversa com o Jornal Opção, Wanderley Tavares, o presidente da sigla no DF, negou qualquer interferência nesse caso.
A nomeação do médico paulista Wilson Pollara foi sugerida pelo empresário David Clemente Correia, que é o fundador do Instituto Gerir, que administrou o Hospital de Urgências de Goiânia (HUGO) e o Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin) de 2011 a 2018, além de unidades em outros estados.