Pesquisadores da UFG detectam ovos do Aedes aegypti com vírus da zika e chikungunya, em Goiânia
23 fevereiro 2024 às 18h15
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Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG), em Goiânia, conduziram um estudo que identificou ovos do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, contaminados com os vírus da zika e chikungunya. A pesquisa destacou que os mosquitos que emergiram dos ovos também estavam infectados, o que confirmou a ocorrência da transmissão vertical das doenças.
A transmissão vertical é detectada quando os vírus são passados dos adultos para as larvas, sem a necessidade de um hospedeiro intermediário, que, no caso dos mosquitos do gênero Aedes, seriam os seres humanos.
Os resultados do estudo foram publicados nesta sexta-feira, 23, na revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. A pesquisa contou com a participação de especialistas do Centro de Estudos e Pesquisas sobre Agentes (Re)emergentes e do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública, ambos da Universidade Federal de Goiás (UFG), além da Unidade Sentinela e Centro de Referência em Medicina Internacional e de Viagens do município de Goiânia.
Para investigar a transmissão vertical, os cientistas coletaram ovos de Aedes aegypti em sete regiões diferentes de Goiânia e os criaram em laboratório até que as larvas eclodiram. Ao todo, foram coletados 1.570 ovos, que também foram separados por sexo, já que a transmissão dos vírus para os humanos ocorre através da picada das fêmeas durante o período reprodutivo.
Após a eclosão, os pesquisadores realizaram testes de PCR para detectar a presença dos vírus da dengue, zika e chikungunya nas larvas. Duas amostras testaram positivo para chikungunya e um para zika.
“Pode ocorrer de ovos infectados resistirem a ciclos naturais, como períodos de seca, e aí eclodiram quando vem o período chuvoso, representando então um alerta para a vigilância epidemiológica porque esses indivíduos não precisam procurar hospedeiros humanos para começar a transmissão, eles já são altamente infecciosos”, explicou o biólogo e líder do estudo, Diego Michel, doutorando em Biologia Molecular na UFG, ao jornal Folha de S.Paulo.
Perigo aumenta
A transmissão vertical pode se tornar um problema de saúde pública ao facilitar a disseminação da doença para os humanos. Por outro lado, não se sabe por quanto tempo os vírus permanecem no organismo dos insetos.
Michel ressalta que, embora seja um mecanismo de transmissão natural, seu real impacto no aumento das arboviroses na região ainda é incerto. Ele lembra que métodos de prevenção, como eliminação de criadouros e uso de repelentes, continuam sendo fundamentais.
O estudo foi apoiado pela Capes e CNPq e contou com a colaboração da Secretaria de Vigilância Sanitária de Goiânia.
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