Especialistas criticam viés econômico da atenção primária à saúde
11 outubro 2023 às 08h21
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A Atenção Primária à Saúde (APS) é a principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e, na última década, foi alardeada como a solução para os problemas das empresas privadas que operam nesse setor. Especialistas do segmento médico público e privado, no entanto, tem criticado o viés econômico da atenção primária.
Por meio desse conceito, difundido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), um médico generalista acompanha de forma constante a saúde dos pacientes. Quando há uma intercorrência, esse profissional realizar um primeiro atendimento e direciona aos especialistas, conforme as necessidades. No entanto, esse fluxo vem sendo adotado, em boa parte dos casos, como uma ferramenta para barrar o acesso a procedimentos caros e complexos.
O primeiro nível de atenção em saúde e se caracteriza por um conjunto de ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, que abrange a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação, a redução de danos e a manutenção da saúde com o objetivo de desenvolver uma atenção integral que impacte positivamente na situação de saúde das coletividades.
Para o novo secretário de saúde de Goiânia, Wilson Pollara, os problemas na Saúde de Goiânia podem ser resolvidos com melhoria na atenção básica. De acordo com ele, há um erro na distribuição de demandas nas unidades, fazendo com que alguns locais estejam lotados de pacientes aguardando atendimento, enquanto outros que executam o mesmo serviço estão vazios.
Especialistas no tema, como os médicos Paulo Marcos Senra Souza, ex-diretor da Amil (empresa brasileira de assistência médica) e cofundador do Instituto Latino Americano de Gestão em Saúde (Inlags), e Sergio Ricardo Santos, que foi CEO da Amil, consultor de empresas como Dasa, Memed e Sami, a atenção primária no país realmente foi colocada de escanteio. Na visão de Renato Casarotti, presidente da Abrange, associação das operadoras de planos de saúde, o conceito de cuidado centralizado tem sido usado para controlar custos e barrar acesso a procedimentos caros.
A APS se destina mais a pacientes crônicos, gestantes e idosos que precisam de acompanhamento frequente. Casarotti ressalta que a falta de dados e indicadores sobre a resolutividade é um empecilho para a expansão dessa linha de cuidado.
Atenção primária no Brasil
No Brasil, a Atenção Primária é desenvolvida com o mais alto grau de descentralização e capilaridade, ocorrendo no local mais próximo da vida das pessoas. Há diversas estratégias governamentais relacionadas, sendo uma delas a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que leva serviços multidisciplinares às comunidades por meio das Unidades de Saúde da Família (USF), por exemplo. Consultas, exames, vacinas, radiografias e outros procedimentos são disponibilizados aos usuários nas USF.
Hoje, há uma Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde (Casaps) disponível para apoiar os gestores municipais na tomada de decisões e levar à população o conhecimento do que encontrar na APS. Ela envolve outras iniciativas também, como: o Programa Saúde na Hora e o Mais Médicos. Esse trabalho é realizado nas Unidades de Saúde da Família (USF), nas Unidades de Saúde Fluviais, nas Unidades Odontológicas Móveis (UOM) e nas Academias de Saúde.