Empresário, ex-líder estudantil, ex-presidente do PMDB [atual MDB] jovem. Este é Uugton Batista da Silva, o amigo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que vive em Goiânia. Nascido no dia 23 de janeiro de 1975, em Redenção, no Pará, filho de militar, Uugton mora em Goiás desde 1984, quando se mudou para Anápolis.

A vida do empresário na política começou bem antes de conhecer Bolsonaro, ainda em 2017. Na infância, Uugton pôde ver seu pai ser vereador por Redenção. Posteriormente, já nos anos 2000, quando se mudou para Goiânia para cursar direito, ele foi líder estudantil, ocupando um cargo na diretoria da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 2004, durante a eleição municipal vencida por Iris Rezende para prefeito de Goiânia, Uugton Batista era o presidente do antigo PMDB jovem. “Coordenamos a campanha dele e fui diretor de relações públicas do Iris”, conta.

Quatro anos depois, nas eleições de 2008, Uugton Batista teve a ideia de lançar o ex-atacante Túlio Maravilha, na época jogador do Vila Nova, como candidato a vereador por Goiânia. “Fui chefe de gabinete dele. Tive a ideia porque o Vila estava com uma campanha muito boa, então vamos conseguir fazer um vereador e puxar mais um. Fui lá no Vila, falei com ele e ele topou”, explicou. O ex-jogador foi eleito com 10.401 votos. Atualmente, Uugton é gerente de imagem de alguns artistas sertanejos, tendo participação em algumas marcas. Além disso, ele também é empresário da carreira de outros cantores.

Amizade com Bolsonaro e um “sonho”

Em 2017, durante uma noite, Uugton conta que teve um sonho em que ele deveria procurar Bolsonaro. Na época, o ex-presidente já estudava se candidatar pelo apoio que vinha recebendo nas redes sociais. Entretanto, para procurar Bolsonaro e ajudá-lo, Uugton usou a mesma estratégia que fez em 2016, na campanha de Iris para a Prefeitura de Goiânia. Naquele ano, o empresário teve a ideia de trazer artistas sertanejos para a campanha do ex-prefeito. “Eu falei para o dr. Iris, se a gente colocar os artistas na sua campanha, vamos gastar muito menos, porque esses caras têm uma imagem muito limpa. Então, trouxe Fernando e Sorocaba, João Neto e Frederico, uns 10 artistas”, relembra.

Com essa ideia, Uugton foi até o gabinete de Bolsonaro em Brasília, que na época era deputado federal, em 2017. O empresário conta que o ex-presidente o atendeu e ele deu a ideia de associar os artistas à sua imagem, mas não mencionou no sonho. “No dia que encontrei ele, falei que iria ajudar, ele olhou na minha cara e falou que poderia ajudar, mas não tinha compromisso nenhum comigo”, completou.

Segundo Uugton, a história do sonho ele contou a Bolsonaro somente em 2021.

“Aí entrou, em 2018, Gusttavo Lima, Amado Batista, Leonardo, Bruno e Marrone, Zé Neto e Cristiano, Henrique e Juliano. Fui a São Paulo, dei a camisa com o número 17 ao Ronaldinho Gaúcho. Em 2018, o Gusttavo Lima foi em um estande de tiro em Miami e eu o procurei para gravar um vídeo declarando apoio ao Bolsonaro. Ele fez e postou nas redes sociais”, contou.

A partir disso, a amizade com Bolsonaro começou a ser construída. No entanto, Uugton afirmou que o ex-presidente ainda não dava tanta confiança a ele. Segundo o empresário, Bolsonaro estranhava o aparecimento repentino dele, achando que a qualquer momento poderia vir um pedido de cargo em uma possível vitória nas eleições. “Quando ele ganhou a eleição em 2018, em dezembro fiz um almoço com o Bolsonaro e foram Bruno e Marrone, Amado Batista, Gian e Giovani, João Neto e Frederico, Fernando e Sorocaba, Di Paulo e Paulino. Não lembro de todos, foram cerca de 40 artistas”, ressaltou.

“Eu acredito que minha amizade com ele é divina”, diz Uugton Batista | Foto: Reprodução / Instagram

O fortalecimento

Em 2019, com Bolsonaro já como presidente do Brasil, Uugton conta que foi chamado por ele para uma reunião em março. Nesse encontro, o empresário contou que foi oferecido a ele um cargo na diretoria na Embratur, serviço social autônomo do Ministério do Turismo. Mas, Uugton revelou que recusou o convite de Bolsonaro, o que, curiosamente, fortaleceu a amizade entre os dois. “Ele viu que não fiz por interesse, depois ele ofereceu outro e eu recusei, mas continuei fazendo esses eventos, almoços”, destacou.

Dois anos depois, em março de 2021, Uugton relembra que contraiu a Covid-19 e precisou ser internado, foi intubado e ficou em estado grave. Nessa época, o empresário afirmou que Bolsonaro se aproximou ainda mais dele. “Tentou me levar para Brasília, porque naquela época não tinha UTI. Fiquei no mesmo estado do Paulo Gustavo, utilizei pulmão artificial, fiquei muito grave. Ele tentou de todo jeito me salvar, falava com meu médico todos os dias, porque ele viu uma amizade da minha parte muito sincera. Ele me confidencia coisas que não fala para qualquer um. Confiança total”, contou.

Depois da recuperação, e já se preparando para as eleições de 2022, Uugton também revelou que apresentou Bolsonaro ao deputado federal Gustavo Gayer (PL). “Nosso único deputado em Goiás era o Vitor Hugo e eu falei para ele que Goiás tinha mais gente, tem que abrir para mais. Em agosto de 2021, apresentei o Gayer, defensor do Bolsonaro e ele começou a observar os vídeos do Gayer. Depois de um mês, ele ligou para o Gayer”, afirmou. No pleito de 2022, Uugton também se candidatou a deputado federal, obteve 3.262 votos e não foi eleito.

A amizade entre Bolsonaro e Uugton foi fortalecendo, a ponto do ex-presidente vir a Goiás três vezes somente em julho. “Ele vem, porque eu chamo ele. Liguei para ele nos últimos dias para marcar um almoço, ele veio e apresentei o Professor Alcides mais intimamente a ele. Ficamos umas duas horas almoçando”, disse. No mês passado, Bolsonaro se reuniu com lideranças no estado, como o ex-parlamentar Major Vitor Hugo (PL) e o deputado federal Gustavo Gayer. Na capital, o ex-mandatário visitou estabelecimentos comerciais e se encontrou com apoiadores.

Recentemente, Bolsonaro passou por um procedimento estético de lentes de contato dental. A indicação do profissional, o dentista Rildo Lasmar, também foi de Uugton. “Ele é meu dentista desde 2010 e o falei para o Bolsonaro que queria apresentar os dois. Ele pediu para marcar, liguei de vídeo e o presidente viu que era de confiança e decidiu fazer o tratamento. Bolsonaro precisa fazer essas coisas com pessoas boas e de confiança, porque corre risco de ser envenenado, por exemplo. Ele recebe ameaças reais de morte”, explicou.

Atualmente, o empresário conta que se fala frequentemente com Bolsonaro, seja por troca de mensagens ou ligações. A amizade, que se fortaleceu ao longo dos anos, persiste e Uugton a define: “Eu acredito 100% que minha amizade com ele é divina, não tem outra explicação”, argumentou.