Com Marconi fora do páreo, montagem do quadro eleitoral é só indefinição

Afonso Lopes

Quem será o candidato da base aliada na duríssima disputa pelo Palácio das Esmeraldas em 2018? Ninguém sabe. A única coisa definida é que Marconi Perillo, que está no segundo mandato, não poderá se candidatar novamente. Fora isso reina o império absoluto da indefinição ampla, geral e irrestrita. Neste momento, caso o processo de afunilamento fosse agora, é claro que a preferência seria do vice-governador José Eliton (PSDB). Até pelo fato de que, muito provavelmente, será ele quem estará com a caneta mais poderosa do Estado em plena campanha como governador. Marconi certamente vai se desincompatibilizar para disputar um novo mandato, seja de senador, vice ou presidente da República.

De qualquer forma, largar na dianteira é uma boa vantagem para José Eliton. Até porque ele ocupa uma das super-secretarias de Estado resultante da reforma administrativa implementada pelo governador no início deste ano, a de Desenvolvimento Econômico. Com a crise brutal da economia brasileira, está complicado buscar investimentos. Mas todas as previsões até aqui são de que em 2017 o país começará a dar a volta por cima. Se isso se confirmar, José Eliton estará numa posição bastante privilegiada e de fácil visibilidade.

Mas é evidente que não existe nada definido. Nem de longe. Giuseppe Vecci, por exemplo, que sempre foi um dos pensadores do grupo mais próximo de Marconi, tomou gosto pelo mundo dos votos. Ele ficou assim depois que se elegeu deputado federal logo na primeira vez que se candidatou. É claro que o peso de sua estrutura ajudou, mas isso também revela que o técnico tem boa capacidade de aglutinar apoios. Portanto, ele será sempre, em qualquer disputa, um nome a ser levado em conta.

O também deputado federal Thiago Peixoto é outro nome que nunca pode ser desprezado. Ele estreou como deputado estadual e já está em seu segundo mandato como deputado federal. Foi secretário da Educação no primeiro mandato e agora ocupa a estratégica secretaria do Planejamento, onde já esteve Giuseppe Vecci. Ambos, portanto, são oriundos da área técnica do marconismo. Mais do que isso, o viés político de Thiago é bem apurado. Ele é neto de Peixoto da Silveira, que também foi deputado estadual e federal.

Se tanto Vecci quanto Thiago são, de certa forma, uma ameaça velada à condição de José Eliton em relação a 2018, o que dizer da secretária Ana Carla Abrão, que comanda a vital Secretaria da Fazenda? Tudo vai depender do trabalho e dos resultados que ela conseguir obter durante a grande travessia da crise econômica nacional — com seus evidentes e inegáveis efeitos. Até aqui, ela tem se mantido como pode, e começa inclusive a prospectar fontes de renda extra para equilibrar as finanças estaduais. É um baita desafio, e a recompensa vai ser na exata medida do resultado desse trabalho. Mantendo o Estado rodando na crise, mesmo que em ritmo lento, ela pode sobreviver. Se depois disso conseguir afundar o pé no acelerador, vai se tornar naturalmente também uma opção para a sucessão de 2018.

Oposição

Se o quadro é nebuloso para a base aliada, não é menos complicado entre os opositores do governo estadual. Hoje, os nomes mais evidentes são os de Ronaldo Caiado, senador democrata, e Daniel Vilela, deputado federal peemedebista. Em matéria de dificuldades, e obedecidas as condições onde se situam politicamente, ambos estão no mesmo patamar.

Com a janela partidária provavelmente acrescida em seu devido tempo também para os atuais mandatos federais, Caiado poderá quebrar um dos seus maiores problemas, que é a falta de estrutura partidária do DEM em Goiás, e se mandar para o PMDB sob as bênçãos e boas-vindas dos iristas. Já Daniel Vilela terá que, em algum momento, vencer o irismo para se tornar candidato a governador. Filho do prefeito de Aparecida de Goiânia, Maguito Vilela, ele integra o grupo minoritário do PMDB.

Há um segundo problema nos horizontes de Daniel Vilela, e este bem mais próximo do que 2018. Como já exerce seu segundo mandato como prefeito, Maguito não poderá se candidatar no ano que vem. Isso significa que ele terá que eleger algum integrante do maguitismo para manter esse bunker eleitoral à disposição de uma eventual candidatura do filho ao governo estadual em 2018.

Descontentamentos

Aparentemente, não seria muito difícil para Maguito carregar algum maguitista para a vitória em sua sucessão. Ele conseguiu reverter um momento de impopularidade registrado no início do mandato anterior, tanto que se reelegeu no primeiro turno em 2012, e deve se manter assim até as eleições do ano que vem. O problema é que exatamente por causa dessa popularidade, a lista de pretendentes entre os aliados de Maguito é grande, o que evidencia um enorme risco de inúmeros focos de descontentamento interno surgirem durante o processo de afunilamento. Observando assim, nessa dimensão, entende-se que o problema a ser equacionado por Maguito não é simples: escolher um maguitista da mais absoluta confiança, viabilizá-lo como candidato a prefeito e ainda manter unida toda a sua enorme base de apoio. Um erro em qualquer momento dessa operação complicada pode resultar num desastre total, com um candidato que não some dentro da base e acabe isolado durante a campanha.

Enfim, as pedras atualmente indicam José Eliton pela base aliada, Caiado e Daniel entre os opositores. Pode ser que eles se confirmem em 2018, mas nem sempre as pedras ficam muito tempo imóveis. A atenção deve ser total para evitar pisões em pedras soltas. A queda sempre é feia.