Iris Rezende se mantém como grande referência interna e externa do PMDB goiano, mas seu poder continua inabalável?

Júnior Friboi:  ele não jogou a  toalha e continua no PMDB | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção
Júnior Friboi:
ele não jogou a
toalha e continua no PMDB | Foto: Fernando Leite / Jornal Opção

Afonso Lopes

Ao longo de três décadas, Iris Rezende conseguiu neutralizar todas as grandes lideranças no PMDB que pudessem abalar o seu comando. Não foi fácil, mas ele conseguiu dobrar políticos do calibre pessoal e histórico como Mauro Borges, Henrique Santillo, Irapuan Costa Júnior e Nion Albernaz, para citar apenas alguns dos principais “adversários” internos. Foram batalhas políticas sensacionais, que mostraram toda a capacidade de articulação de Iris Rezende.

No final dos anos de 1990, o último grande embate acabou não ocorrendo. O então governador Maguito Vilela, atual prefeito de Aparecida de Goiânia, preferiu se colocar estrategicamente cordato, evitando inclusive disputar uma reeleição que se imaginava absolutamente tranquila em função dos altíssimos índices de aprovação ao final de seu governo — de 1995 a 1998.

Há cerca de cinco anos, porém, um segmento de oposição interna a Iris Rezende se ergueu no PMDB, culminando com a formação de um bloco claramente dissidente, liderado pelo ex-deputado e ex-conselheiro do TCE, Tribunal de Contas do Es­tado, Frederico Jayme. Esse gru­po apoiou a candidatura do então senador Marconi Perillo nas eleições de 2010 desafiando abertamente a candidatura de Iris Rezende.

No ano passado, mais uma vez, Iris disputou o governo do Estado, e novamente o grupo se alinhou com Marconi. Ameaçado de expulsão, Frederico Jayme resolveu jogar a toalha e deixou o PMDB.

Friboi

Mas nem todos os que não concordam com Iris deixaram o PMDB. Respaldado pelo comando nacional do partido, o empresário Júnior Friboi, que disputou com Iris a indicação como candidato ao governo em 2014, insiste em enfrentar “a fera”. Ele também sofre ameaça de expulsão, mas se recusa a entregar os pontos. Além da boa vontade de Michel Temer, vice-presidente da República e comandante supremo do PMDB nacional, Júnior tem a preferência de Valdir Raupp, presidente do partido. Em Goiás, ele conta com claro apoio do grupo liderado por Maguito Vilela.

Quem vencerá esse cabo de guerra interno é resposta que só o tempo vai oferecer. Teoricamente, pelo menos, Iris não tem nenhum adversário à sua altura no comando estadual, apesar de ter resistências dos maguitistas, que são minoritários. Já nas bases do PMDB ninguém sabe dizer ao certo. Para alguns, Friboi re­presenta uma guinada, para melhor, no partido. Para outros, a tradição pe­sa a favor de Iris Rezende, um no­me sem dúvida com maior penetração e prestígio eleitoral. O PMDB, va­le ressaltar, não é um partido com pendores para a renovação interna. Entre os deputados federais e estaduais eleitos no ano passado, por exem­plo, não há um único nome novo.

Esse fato pesa a favor de Iris, sem nenhuma dúvida, mas também tem reforçado as pretensões de Júnior Friboi. O PMDB estaria como uma lagoa sapecando sob o sol forte, e é cada vez menor. No interior, a exibição constante de poder por parte dos militantes da base aliada, acostumados com vitórias desde 1998, baixa o ânimo dos peemedebistas. A maior parte dos antigos deixou o partido ao longo dos anos, e não se conhece algum movimento que reverta essa situação.

É onde tem atuado uma pe­quena, mas constante onda a favor de Júnior Friboi. Dono de uma fortuna pessoal impressionante e disposto a torrar um naco dela para reestruturar o PMDB, al­guns velhos peemedebistas cansados de guerra e derrotas passaram a alimentar a esperança de que o empresário poderia representar um “sangue novo” nas hostes municipais do partido.

Esta é a primeira vez que Iris Rezende enfrenta esse tipo de disputa interna, onde ele não representa mais a perspectiva de poder. Ele permanece no topo no que se refere a apelo popular, mas insuficiente para alcançar o Palácio das Esmeraldas diante do poderio eleitoral do grupo co­mandado pelo governador Mar­co­ni Perillo. Nesse vácuo de esperanças é onde se encontra a es­treita possibilidade de Júnior Fri­boi vir a ser o que ele disse publicamente, a de que será comandante do PMDB estadual.