No comando do boeing governista estadual, governador esbanja fôlego político-administrativo com o programa Goiás na Frente espalhado em todas as cidades do Estado

Marconi Perillo: boeing está no ar

Tanto no campo administrativo como também na área política, uma analogia que se pode fazer, e frequentemente é feita pelos analistas do setor, é entre governos e aviões. Em quase tudo esses dois se parecem. Os pilotos, quando ainda estão estacionados, precisam planejar com exatidão tudo o que devem fazer até a aterrissagem no destino previamente acertado. Governos também precisam fazer isso antes mesmo de os governantes iniciarem seus mandatos. Ainda nas campanhas eleitorais começa esse planejamento e plano de obras e ações — embora com evidentes exageros.

Com tudo pormenorizado, os pilotos levam seus aviões até a cabeceira da pista de decolagem. É o chamado taxiamento, última fase antes de levantar voo. Governos também passam um tempo “taxiando” antes de acelerar rumo à decolagem da administração.

Pois o “boeing” Goiás está no ar, após fazer tudo o que planejou nos dois primeiros anos. Inicial­mente, diante do tsunami que se sabia no final de 2014 que atingiria duramente a atividade econômica no país, o governador Marconi Perillo usou toda a ampla maioria eleita pela base aliada estadual na Assembleia Legislativa e cortou no comando da máquina administrativa como pouquíssimas vezes aconteceu no país. De 19 secretarias restaram apenas 10. A medida chamou a atenção inclusive de grandes veículos de comunicação de alcance nacional, como o jornal paulista “Folha de S.Paulo”, um dos maiores do país, que dedicou uma página inteira para diagnosticar que Goiás passou a ter a máquina de comando mais enxuta dentre todos os Estados brasileiros. Além disso, segurou reajustes de salários, evitou contratações enquanto foi possível e fechou a porta dos cofres. Novas medidas foram implementadas durante os anos de 2015 e 2016.

Ao mesmo tempo, foi iniciado um programa de grande abrangência em nível estadual que atendesse algumas – não todas, evidentemente – das principais reivindicações dos cidadãos em seus municípios. No início deste ano, depois de percorrer toda a pista, o governo decolou com o lançamento do programa Goiás na frente.

Obras e convênios

Durante a fase de controle absoluto no fluxo de caixa, a maioria das obras em andamento sofreram atrasos na execução ou foram literalmente suspensas. Ou se fazia também isso ou certamente Goiás cairia em situação semelhante a que vivem Rio Grande do Sul, Minas Gerais e, ainda mais grave, o Rio de Janeiro.

Ao lançar o programa, Marconi explicou de onde surgiu o dinheiro. O maior volume é proveniente da venda de ativos, especialmente a Celg Distribuição — o Estado ainda mantém a Celg Geração e Transmissão. Além disso, com o dever de casa feito, conseguiu abrir frestas em Brasília, e aumentou as divisas financeiras. Somando tudo, mais a economia feita internamente com a máquina, o governo diz que aplicará até o final do ano que vem mais de seis bilhões de reais.

As obras que estavam em andamento ganharam, segundo o governo, mais ritmo. Nesse período de dureza total, ainda assim Goiânia teve duas importantes obras concluídas, o estádio Olímpico e o Hugol, localizado na região noroeste da cidade. Parte dos recursos está com destinação para os municípios. Durante mais de três meses este ano, Marconi recebeu quase todos os 246 prefeitos de Goiás, inclusive o da capital, Iris Rezende, considerado desde sempre seu principal adversário político.

Nas últimas semanas, o governo e sua equipe estão percorrendo as cidades do interior para assinar convênios e ordens de execução das obras pedidas pelos cidadãos para os seus prefeitos. Isso está sendo feito com todos os prefeitos que quiseram participar do programa, independentemente da filiação partidária.

A pergunta que se faz é sobre eventuais riscos de recaída da condução da economia pelo governo federal. Esse fato poderia comprometer totalmente a execução do programa? A resposta é não. A maior parte dos recursos já está assegurada. Os aportes que ainda não chegaram, e que resultam de convênios do Estado com a União, sim, podem se a recessão recrudescer. Mas nem os mais pessimistas analistas de mercado acreditam que isso irá ocorrer. Ao contrário, a economia nacional volta a dar sinais de crescimento. Pena que isso não acontece no mesmo ritmo do que se vive em Goiás.