Contra Covid-19: cientistas avaliam que medidas de restrições em Goiás são adequadas
27 março 2021 às 11h15

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Em um ano de enfrentamento à pandemia, Goiás tem uma média de 29 mortes diárias causadas pela Covid. Enquanto a vacina ainda caminha a passos lentos, pesquisadores apontam que as restrições de aglomeração e promoção ao isolamento são assertivas
Desde o dia 12 de março de 2020, quando se diagnosticou o primeiro caso de contaminação pelo novo coronavírus em Goiás, foram tomadas medidas de restrição no Estado, sempre enfrentando resistência de uma parcela da população e com difícil adesão. Mas, enquanto a pandemia avança com velocidade no País e no mundo, a vacinação ainda caminha a passos lentos. Diante desse cenário, cientistas e especialistas avaliam que medidas de restrição que visam promover o isolamento e o distanciamento são a melhor receita para o momento.
A pandemia de Covid-19 até o momento já infectou 127 milhões de pessoas e causou mais de 2,8 milhões de mortes. Em cenário nacional, os números alcançam 12,8 milhões de infectados e 307.326 óbitos oficialmente registrados até sábado, 27/3.
Em perspectiva histórica, esse número supera a quantidade de pessoas mortas durante os dez anos de duração da Guerra do Iraque (2003 – 2011), que totalizou cerca de 174 mil mortos. No Estado de Goiás, os dados também são altos e assustam profissionais da saúde e cientistas: a doença já fez mais de 11 mil vítimas em solo goiano. Ao todo, são 473.985 casos da Covid-19 confirmados em Goiás até a produção dessa reportagem. Em números mais palpáveis, o estado registrou uma média de 29 mortes por dia desde o começo da pandemia.
Estratégias assertivas no enfrentamento ao coronavírus
Apesar de 2021 ter começado com o “desejo de virada de ano” de que o novo coronavírus não mais fizesse parte da rotina da população goiana, o progresso da doença no Estado seguiu. O primeiro mês de março da década iniciou com 8.545 mortes registradas pela Covid-19 em Goiás e já alcançou 11.048 antes de terminar.
Na tentativa de reverter esse cenário, diversas estratégias, que vão desde o uso de apetrechos de biossegurança – como máscaras e álcool gel – até o isolamento social e o fechamento de serviços considerados não essenciais por tempo determinado, são adotadas pelos governantes.
Com a intenção de descentralizar as ações de combate à doença, em abril de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que, além do governo federal, os próprios Estados e municípios passariam a ter autonomia de determinar suas regras de restrições e isolamento. Assim, com esse objetivo, em um ano, 39 decretos foram publicados pelo Estado de Goiás. Nesses documentos, foram recomendadas desde fechamentos e suspensões de atividades não essenciais até posteriores flexibilizações e a adoção de protocolos de biossegurança.
Para a professora do curso de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás (UFG) e especialista em doenças infectocontagiosas Michele Oliveira, primeiramente é necessário que as pessoas entendam quais são os critérios usados para definir a situação de cada Estado ou município com relação à transmissão da Covid-19. “Esses fatores são a quantidade de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) disponíveis em cada município ou Estado, a demanda por esses leitos e a taxa de transmissão da doença. Com isso, é possível classificar a situação municipal e estadual, que pode ser de alerta, crítica ou de calamidade pública”, argumenta.

Segundo Michele, em situações de alerta só é preciso adotar protocolos sanitários. Já em cenários críticos, deve-se pensar em reduzir as atividades em até 50% de sua capacidade. Por outro lado, em uma situação de calamidade, a demanda é que o funcionamento da cidade se mantenha restrito aos serviços considerados essenciais.
Por se tratar de uma doença facilmente transmitida, com uma taxa de letalidade de 2,3% em relação ao número de casos confirmados, o vírus é considerado ainda mais perigoso pelos cientistas, o que demanda ainda mais atenção e rigor nas táticas utilizadas na luta contra ela. Com a fácil propagação, tem-se, portanto, um aumento de casos graves que acarreta uma maior demanda por leitos de hospitais para internação. Para evitar a transmissibilidade desse vírus, também disseminado pelo ar, o isolamento social, que entre os séculos XVI e XVII foi um dos principais artifícios adotados para contenção de pestes no continente europeu, foi considerado uma das medidas mais recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

“O lockdown e a restrição de mobilidade da população não é mais uma discussão em que se caibam preferências ideológicas, aportes metodológicos distintos e leituras empíricas sobre o comportamento do vírus e seu espraiamento, porque hoje há um claro consenso científico. Há uma evidente correlação positiva entre medidas de restrição de mobilidade e a contenção da transmissão do vírus. Mais do que isso, há clareza, entre pesquisadores da área da demografia, da epidemiologia, da imunologia e gestores públicos, de que a principal medida para contenção da crise sanitária e da correlata crise econômica é essa limitação”, opina o professor de pós-graduação em Direitos Humanos e em Ciência Política da Universidade Federal de Goiás (UFG), Franck Tavares.

A médica infectologista Heloína Claret de Castro concorda. “É lógico, se você tem um vírus que é transmitido por vias respiratórias, quanto maior a aglomeração de pessoas, maior a difusão desse vírus. Agora, por exemplo, estamos com uma variação do vírus que tem uma transmissibilidade ainda mais alta. Do ponto de vista sanitário, quanto mais rigoroso puder ser o isolamento, melhor”, explica.
Assim, Heloína acredita que ao declarar suspensão ou fechamento de certas atividades, os governantes passam uma mensagem à população. “Para o bom entendedor, o governante está dizendo que a situação é tão crítica, que se não buscarmos formas de reduzir a disseminação do vírus, não conseguiremos conter a mortandade que atinge todo o mundo atualmente”, explica.

Entretanto, Heloína acredita que esse recado nem sempre é claro, e aponta para a necessidade da responsabilidade social neste momento de crise sanitária. “Por vários motivos, a população não entende essa urgência e necessidade de isolamento para conter a transmissão. Tanto pela quantidade de contrainformações acerca do tema, que são as chamadas fake news, quanto por questões sociais e econômicas, que envolvem o desemprego e as várias famílias que dependem do trabalho que é exercido fora de casa para se sustentar. Por isso, o governo precisa se empenhar cada vez mais em divulgar informações que conscientizem a população, tanto por meio da mídia, jornais e tantas outras formas, que se sobressaiam às contraposições”, completa.
Em consenso, a médica e presidente do Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), Franscine Leão, esclarece que, enquanto a adesão da população aos protocolos estabelecidos para a erradicação da doença não for alta, não se terá êxito nesta luta. O caos, na verdade, será cada vez maior. “As medidas de diminuição de circulação são tentativas de reduzir a transmissão do vírus e assim conseguir prestar assistência para a população. O cenário é de guerra, nós profissionais estamos exaustos e precisamos da colaboração de todos para conseguirmos passar por este período tão difícil. Até que tenhamos a vacinação de grande parte da população é preciso evitar aglomerações, e manter o distanciamento social. Somente assim vamos conseguir combater a disseminação da doença”, declara.
Para o médico infectologista, Marcelo Daher, o melhor exemplo a ser tomado quando o assunto é a restrição de circulação ou o chamado lockdown, confinamento em inglês, é o que foi aderido na cidade de Wuhan, na China, considerado primeiro epicentro da Covid-19. “Lá foram tomadas medidas restritivas severas por mais ou menos noventa dias, o que resultou na paralização da transmissão. Por ter sido extremamente restritiva, foi uma medida de sucesso. Além disso, a internação de pacientes na cidade era compulsória. Alguns modelos feitos a partir daí constataram que medidas paliativas não trazem muito efeito. Já quanto as medidas de fechamento mais rigorosas, o ideal é que elas sejam feitas de 15 a 5 dias antes da superlotação dos hospitais e da falência do sistema. Com isso, a gente conseguiria uma redução da taxa de internação, de gravidade e o confinamento duraria menos tempo”, opina Marcelo.
Para que a adesão a esse tipo de medida restritiva e a consequente redução da curva de transmissão do vírus aconteça, a médica infectologista, Heloína Claret, reforça que, além da necessidade de se melhorar cada vez mais a divulgação da importância de tais protocolos, o suporte financeiro por parte dos governantes a população mais vulnerável se mostra crucial neste momento. Isso, ao considerar a crise econômica como o fator mais apontado por comerciantes e empresários nas diversas manifestações que ocorreram em Goiás, sempre que situações de fechamento ou suspensão de atividades não essenciais entraram em vigor.
Controvérsias que dificultam a luta contra o vírus
Ao analisar as posturas adotadas até aqui, em um contexto nacional, contra a Covid-19, a dificuldade de coordenação do cenário de crise sanitária é inegável. Em um ano da doença no Brasil, houve quatro trocas na chefia do Ministério da Saúde, que ocorreram sempre que existia um claro embate entre o que o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido) desejava aderir como estratégia contra a doença, e a posição baseada em dados científicos apresentada pelos ministros.
Luiz Henrique Mandetta, médico ortopedista que esteve no cargo desde o primeiro dia de governo do presidente, foi o primeiro ministro da Saúde encabeçar a adoção dessas medidas. A atuação de Mandetta se encerrou no dia 16 de abril de 2020. No dia seguinte, quem entra em cena é o médico oncologista Nelson Teich, que permaneceu no posto por somente 29 dias. Com dificuldade de encontrar um substituto ao oncologista, por mais de uma quinzena, até o dia 2 de junho, o cargo se manteve vago e o Brasil, em meio a maior crise sanitária que já vivenciou, sem um líder especializado que comandasse o que deveria ser feito. Apesar de não ter formação acadêmica na área da Medicina, o próximo a assumir o cargo em 2020 foi o general do Exército Brasileiro, Eduardo Pazuello. Sua gestão durou até 23 de março de 2021, dia da posse de seu sucessor, o cardiologista Marcelo Queiroga, que aceitou o convite após a recusa da médica Ludhmilla Hajjar.

Para Franscine Leão, médica e presidente do Simego, as constantes trocas de ministros da Saúde, assim como a falta de coesão discursiva entre as lideranças federal, estaduais e municipais com relação à ciência, foram problemas graves que estenderam a luta contra a doença – que ainda se encontra a todo vapor. “Nacionalmente, desde o início faltou uma coordenação que norteasse as políticas de combate ao vírus. Não existiu uma coesão das políticas públicas de saúde. Além disso, as trocas constantes na liderança desse segmento trouxeram uma fragilização da saúde pública e uma descontinuação das propostas de tratamento e de estruturação desse serviço”, opina a médica.

Entre os profissionais de saúde entrevistados pelo Jornal Opção, há consenso quanto a politização do vírus como um problema em seu enfrentamento. “Os dados comprobatórios existem. O problema, é que quando você faz essas medidas guiadas por questões políticas econômicas e não escuta a parte técnica, passam a existir vários vieses”, pontua o infectologista Marcelo.
“Vivemos no Brasil uma situação que não poderia ser pior, estamos servindo de um laboratório aberto à pandemia, onde tudo pode acontecer. Desde o aumento de variantes até a perpetuação da alta mortalidade causada pela doença por tempo indeterminado, porque ainda nem chegamos no pico da doença. Se não tivermos uma aceleração da vacinação, essa taxa vai demorar a cair. Essa politização do vírus e falta de orquestração em todos os níveis foi péssima para a luta contra a doença. São várias linhas de pensamento e as pessoas ficam muito confusas”, explica a infectologista Heloína.
Essa confusão, segundo a infectologista, também existe dentro da comunidade médica, o que contribui para uma possível legitimação dessa contradição. “Para nós que somos infectologistas, que lidamos desde sempre com doenças virais, é muito difícil, já que até mesmo outros médicos que não possuem formação adequada nessa área também têm contribuído para isso, com a adesão de um tratamento precoce que não existe, por exemplo”, acrescenta Heloína Claret.
Para ela, o que também favorece a extensão da Covid-19, que já assombra o Brasil há um ano e não tem prazo para terminar, é a negação da ciência e da própria doença que existiu durante quase todo o ano de 2020 – e ainda manifesta casos. Heloína, então, apresenta o presidente Jair Bolsonaro como exemplo máximo desse negacionismo. “Ele parece não entender ou parece querer não entender que o certo é ouvir os cientistas, que entendem de doenças infecciosas e que querem fazer a coisa certa”, opina.

“Hoje já se sabe que as principais medidas de prevenção contra o coronavírus são a higienização das mãos, o uso de máscaras, o distanciamento social, a vacina e o isolamento das pessoas infectadas. Se as pessoas mantiverem uma postura negacionista, que é incentivada por governantes que a aderem, nem mesmo uma vacinação em rebanho funcionaria. Sem a contenção da transmissão, não se teria êxito”, diz a especialista em doenças infecciosas, Michele Oliveira.

Marcelo Daher, pontua que tal negacionismo forma palco para dúvidas por parte população e abre espaço para divergências. “Quando você tem uma polarização de ambos os lados, fazendo dessa uma batalha também política na parte técnica, a população fica na dúvida e consequentemente se divide. E indo além do isolamento, isso também afeta a vacinação. Hoje, as pessoas querem vacinar, mas acabam tendo medo, por tanta notícia falsa que é espalhada”, diz. Para o médico infectologista, isso contribui, inclusive, para a não existência de vacinas o suficiente para abarcar parte significativa da população.
De acordo com o cientista social Franck Tavares, entretanto, a politização de grandes questões públicas, sejam elas de ordem sanitária ou econômica, são normais. No entanto, a politização do vírus é um problema. “As pessoas, em uma sociedade, têm interesses, e elas levam seus interesses ao Estado, aos partidos políticos, ao Parlamento e tentam defendê-los. O que devemos nos perguntar é se essa politização não poderia ser racional, com os grupos de interesse e os segmentos da população entendendo que existe um pano de fundo factual a ser explicado pela ciência. É compreensível que cada cidadão se politize e cobre de seu parlamentar uma medida de saúde pública adequada, o que não pode ser politizado nesse processo, é o vírus. Vírus não faz política”, argumenta Franck.
Ele ainda afirma que o negacionismo científico pregado por parte do Governo Federal, por exemplo, não é predominante na população, mesmo que esta acabe influenciada indiretamente. “As pesquisas têm indicado que no contexto específico da pandemia no Brasil, o que ocorre não é necessariamente um quadro de negação da ciência. Se percebe que o número de pessoas que dizem que pretendem se vacinar, por exemplo, tem aumentado mês após mês, pesquisa após pesquisa. Além disso, pessoas que em geral tendem a acreditar em tratamentos sem comprovação científica, como o uso de cloroquina e ivermectina, o fazem porque médicos o chancelam, e acabam acreditando que aquilo é a boa ciência. Isso é um problema de má divulgação científica, em que médicos entendem como respaldado cientificamente o que não é”, opina o cientista social.
Para Franck, ao se discutir o negacionismo científico vindo do governo, o debate precisa ser ainda mais profundo, e até anterior à pandemia. “Essa questão tem relação até mesmo com a integridade do processo eleitoral de 2018. Afinal, por que a população elegeu um governante que nega a ciência?”, questiona. O cientista social cita o filósofo Umberto Eco, que faz uma discussão acerca do papel das novas redes sociais na permissão da proliferação de informações em uma dinâmica que impede o debate, a maturação e a busca de dados empíricos e de argumentos metodológicos, que é um pouco mais lenta e é própria da ciência. “Se trata de uma sociedade que vive em uma profunda crise, com pessoas excluídas de direitos fundamentais de cidadania e que tendem a buscar respostas prontas e mais fáceis”, esclarece Franck.
“O cenário nacional é um desastre total desde o início da pandemia, acho que o Brasil está muito aquém da capacidade real de enfrentamento que possui, por falta de um governante que tem o mínimo de bom senso para tomar decisões mais acertadas e baseadas em evidências cientificas. Agora estamos colhendo as consequências disso”, expõe Mariana Telles, pesquisadora e professora que atua na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-Goiás) e na Universidade Federal de Goiás (UFG).

Hoje, Mariana lidera a equipe do projeto que estuda e faz o sequenciamento das variantes da Covid-19 em Goiás. O objetivo, segundo ela, é sequenciar o genoma do vírus, para avaliar as variantes que circulam pelo estado. Para Mariana, a falta de educação cientifica generalizada no país é responsável pela descredibilização da ciência em prol de fatores alheios, quando ela acontece. E ela sugere uma solução: “é preciso pensar em ações de ensino nas escolas de ensino fundamental e médio, mas essa é uma mudança geracional, leva tempo. Isso já acontecia antes, mas ficou muito mais claro na pandemia”, pontua.
2ª onda da Covid-19 em Goiás
Desde o primeiro dia do terceiro mês de 2021, quando se completou um ano da doença no estado, Goiás, que já havia realizado grande flexibilização no segundo semestre de 2020, para aliviar as duras consequências acarretadas na economia, restrições de circulação voltaram a fazer parte do cotidiano dos goianos. Na capital, foram publicados três textos restritivos: dois com duração de sete dias e um que perdurou por duas semanas. Este último, adotava um modelo semelhante ao proposto em nível estadual, e dispôs sobre o revezamento de 14 dias de suspensão das atividades seguidos por 14 de funcionamento.
Apesar da semelhança com o decreto estadual, o texto publicado pela Prefeitura de Goiânia teve distinções em relação ao emitido pela Governadoria. Do mesmo modo, demais municípios, como Aparecida de Goiânia e Trindade, optaram por formas de isolamento ainda mais divergentes das decretadas pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), a partir de um escalonamento por macrozonas econômicas.
Muito se discutiu, após a emissão desses documentos, sobre o quanto a não unificação de medidas entre os municípios goianos interferiria na batalha contra o vírus. De modo geral, profissionais da saúde se mantiveram preocupados. O ideal, segundo a infectologista Heloína Claret, é que tivesse um consenso entre os prefeitos dos municípios. “Principalmente entre Goiânia e Aparecida, seria interessante se ambos os prefeitos conseguissem trabalhar de maneira uníssona, mas têm as questões políticas no meio. Isso, porque essas duas cidades são quase continuidade uma da outra. Goiânia continua com Aparecida, não há uma divisão de espaço entre essas duas cidades. O ideal seria adotar protocolos semelhantes para um combate ao vírus mais efetivo”, explica a médica.
Para a pesquisadora Mariana Telles, apesar de tais medidas legais estarem sendo tomadas, talvez não sejam suficientes. “Os governos municipal e estadual estão fazendo tudo o que está ao alcance e tomando as providencias possíveis, mas é fato que a falta de uma governança mais unificada, até mesmo em nível federal, implica em consequências negativas aos diferentes estados e municípios. Fazer rodízio e revezamento de bairro vai manter a disseminação em níveis difíceis de se controlar. Se realmente tivesse feito o lockdown, de fato, desde o início, algo que em momento algum aconteceu, essa situação hoje estaria mais controlada”, explica.

A infectologista Heloína ainda acrescenta que, mesmo com um mês seguido de restrições, só será possível ver seus resultados em alguns dias ou semanas – não sendo, portanto, algo que se enxerga, ao vivo e em cores, o funcionamento a curto prazo. Entretanto, finaliza evidenciando a importância da continuidade da aplicação de tais medidas, uma vez que mesmo que ainda não tenha sido adotado um real lockdown em Goiás, estudos comprovados em solo brasileiro, mostraram seus benefícios. Para ilustrar, a médica exemplifica o modelo utilizado na cidade de Araraquara, em São Paulo, que após 44 dias seguidos de confinamento total, conseguiu passar 24 horas sem registrar nenhum óbito pela Covid-19.