Carreiros: 30 anos de desfile, dos Monteiros aos Darrots

07 julho 2019 às 00h00

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O ir e vir em Trindade com os carros de bois remonta à tradição do século XIX
https://www.youtube.com/watch?v=cXmsbW7Kckw
Fábio PH
Especial para o Jornal Opção
Que festa popular rica em cultura, detalhes, público, imprensa! Que grande evento! Maravilhoso. Onde desfilam os melhores bois e carreiros do Estado. E para os que alegam que maltrata os animais, tenho um filme: “A Devoção de Jamiro Alves”. Está no YouTube, que me fez especialista na causa, onde um dos maiores carreiros de Goiás, o João Gamela, diz o seguinte: “O animal só é maltratado quando o carreiro é amador. E boi de carro é um boi especial que gosta de ir e tem que ir para a estrada”.
Segue a romaria, que abarrota a cidade de gente, com links montados e transmissões ao vivo pelos principais veículos da imprensa goiana. Tudo se deu nesta quinta-feira, 4, em Trindade, no Carreiródromo Ada Cyra, no 30º ano da Romaria dos Carreiros, realizada pela Prefeitura de Trindade.
As histórias de milagres acompanham a trajetória da romaria. Igual à que foi narrada no evento por Lourival Vieira, residente em Inhumas (GO). “Eu estava com um problema incurável nos rins, por um remédio tomado errado. Fiz promessa ao Divino Pai Eterno que compraria um carro de boi para participar do desfile e ele me curou. Montei o carro em 2017. E em 2018 fui o sorteado para, neste ano, ser o primeiro carro a desfilar, trazendo a imagem da Santíssima Trindade.”
O ir e vir em Trindade com os carros de bois remonta à tradição do século XIX. Por aqui, o carro de boi, por muito tempo, foi o carro. A criação desta romaria aconteceu no final da década de 1980 pelo odontólogo Benigno Monteiro, popularmente conhecido como Didi Dentista. “Carro de boi já era algo que não se via em outro lugar do Mundo. Então pensei: ‘Vamos fazer um evento para valorizar e mostrar isto ao planeta’”, lembra Monteiro.

Didi colaborava com o irmão, Roberto Monteiro, então prefeito de Trindade. Os dois formataram a primeira Romaria de Carreiros da cidade na Avenida Manoel Monteiro com 26 carros. Isto em 1989.
O evento tomou ares de grandeza, ganhou um carreiródromo. E na gestão Jânio Darrot (PSDB) merece destaque a produção esmerada da decoração, a uniformização, as lembranças dadas aos participantes, definidas com muito cuidado pela primeira-dama Dairdes Darrot, os camarotes de autoridades, empresas e populares que são montados ao longo do trajeto que se inicia no Santuário Matriz (Igreja Velha) e vai até o Ada Cyra A estrutura, o público e a divulgação cresceram muito.
Detalhe também de valor, os Darrots separaram os desfiles de carreiros e cavaleiros, o que deu importância para as duas tradições, uma vez que, assim como o boi – fera no transporte -, o cavalo também faz parte da brilhante história de Trindade.
Após encontrar o medalhão do Divino Pai Eterno, nos idos de 1840 – ícone maior desta retórica -, Constantino Xavier montou em um cavalo e foi para outra cidade o esculpir. É também constante no município, que tem muitas comitivas, a realização de ótimas e grandes cavalgadas.
Nos 30 anos da romaria, além da valorização da tradição aqui exposta, dos carreiro, com com trajetos que chegam a superar os 100 quilômetros de distância, é feita a comum abertura de espaço para a cultura, com a apresentação de causos, tocadores de berrante, músicos e cantores.
E isso aconteceu mais uma vez, com méritos para Trindade, a profissional equipe realizadora e seu gestor, uma das maiores e mais ricas festas populares deste nosso Brasil.