Para evitar qualquer desgaste eleitoral com os 36 sindicatos filiados à Federação das Indústrias do Estado de Goiás, os postulantes ao cargo maior da entidade tentam falar a mesma língua

Presidente executivo do Sifaeg/Sifaçúcar, André Rocha disputa favoritismo à presidência da Fieg com o ex-deputado Sandro Mabel (PMDB), da Siaeg
Depois de oito anos, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) terá um novo presidente. Eleito pela primeira vez para o quadriênio 2011-2014, Pedro Alves de Oliveira conseguiu manter-se no cargo ao ser reeleito para a gestão 2015-2018. Com 36 sindicatos filiados, a Fieg decidirá seu futuro gestor até o dia 15 de outubro. Como não é permitida uma segunda reeleição de quem ocupa o cargo de presidente na entidade, sete nomes surgiram até o momento como candidatos.
Parecia certa a tentativa de volta do ex-presidente Paulo Afonso Ferreira, que hoje é vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), como conselheiro maior do processo de mudança na gestão da Federação goiana. Mas, por problemas de saúde, Paulo Afonso se afastou das negociações para decidir quem será o sucessor de Pedro Alves à frente da Fieg. O primeiro a deixar a disputa ao não confirmar seu nome no pleito – depois de ter sido citado por lideranças empresariais ligadas à entidade – foi Heribaldo Egídio da Silva, presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do Estado de Goiás (Sindifargo). Heribaldo, que tem como vice-presidente no Sindifargo o ministro das Cidades e deputado federal licenciado Alexandre Baldy (PP), preferiu nem entrar na disputa.
Outro integrante da Fieg que chegou a ser cotado como candidato, mas que não aparece mais entre os interessados em disputar a presidência é Carlos Alberto de Paula Moura Júnior, 1º diretor secretário da entidade. De acordo com membros da diretoria da Federação, Carlos Alberto decidiu pela retirada de seu nome do processo eleitoral na entidade.
Quem ficou

Vice-presidentes da Fieg, Wilson de Oliveira e Antônio Almeida são os dois candidatos da confiança do presidente
Presidente executivo dos Sindicatos da Indústria de Fabricação de Etanol e Açúcar do Estado de Goiás (Sifaeg/Sifaçúcar), André Luiz Baptista Lins Rocha é o candidato que tem mais trânsito e abertura junto ao governo estadual. Ex-presidente da Celg e 1º diretor financeiro da Fieg, André Rocha diz que sempre gostou da política classista e da defesa institucional. Aos 46 anos, se coloca como candidato a presidente para “fortalecer o sistema Fieg neste momento de transição econômica, em que é preciso encarar o fim da contribuição sindical e se adaptar às novas normas trabalhistas em um cenário de crise que ainda preocupa os empresários”.
Para André, os outros adversários são tidos como amigos. “Eu, Wilson (de Oliveira) e Antônio (Almeida) estamos juntos na gestão da Fieg há mais de sete anos. Estamos pensando na unidade do sistema. Vamos caminhar juntos para chegar a um nome consensual”, afirma o presidente executivo da Sifaeg/Sifaçúcar.
O candidato tem como objetivo principal buscar a unidade do Fórum Empresarial, com o fortalecimento do grupo e uma aproximação maior de outras entidades como a Associação Pró-Desenvolvimento Industrial de Goiás (Adial), Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomercio-GO) e Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg). “A partir de 2019 teremos um novo governo, seja com a reeleição do já governador José Eliton (PSDB) a partir de abril ou outro nome. E será necessário buscar soluções para o setor empresarial e para Goiás”, declara André.
Continua no páreo
Outro nome apontado como forte por empresários ouvidos pelo Jornal Opção é o do ex-deputado federal Sandro Mabel (PMDB), que preside o Sindicato das Indústrias de Alimentação do Estado de Goiás (Siaeg). Em dezembro, Mabel confirmou à coluna Bastidores que será candidato a presidente da Fieg. “Como vou desistir se já tenho o apoio dos presidentes de 16 sindicatos e só preciso de mais dois para ser eleito?”, indagou o presidente da Siaeg.
Na ocasião, Mabel declarou estar “mais animado do que nunca” e que mantém suas atividades de industrial e presidente de entidade empresarial, o que o coloca em contato direto com a rotina da Fieg, inclusive como um dos 28 diretores. “Tenho trabalhado e me reunido com líderes empresariais em Goiânia, Anápolis e Aparecida de Goiânia. Converso com todo mundo, como o Antônio Almeida e o Wilson Oliveira. Nunca deixei de conversar inclusive com o André Rocha, com o qual mantenho bom relacionamento. Podemos até compor, se necessário.”
Procurado pelo Jornal Opção, Mabel não foi encontrado para comentar a situação de sua candidatura à presidência da entidade. Na entrevista concedida em dezembro, confirmou que sua postulação ao cargo representa a vontade de outras lideranças patronais. “Sou candidato porque vários presidentes de sindicatos avaliam que tenho estatura, local e nacional, para presidir a Fieg. Portanto, insisto, nunca desisti e ser candidato e de presidir a Fieg”, reafirmou o ex-deputado federal pelo PMDB.
Caminho natural
Ligado ao presidente Pedro Alves, Wilson de Oliveira diz entender que ser candidato a presidente é o “caminho natural” da sua trajetória como líder sindical. “Já estou há 18 anos na Fieg. Fui 2º vice-presidente por 8 anos e 1º vice-presidente por outros 8 anos. Assumi a vice-presidência para me preparar para esse momento. Estou na vitrine”, observa. Wilson, aos 62 anos, é presidente da Fieg Regional Anápolis e está à frente do Sindicato das Indústrias de Alimentação de Anápolis, o Sindalimentos.
A estrutura da Federação das Indústrias do Estado de Goiás em Anápolis conta com seis sindicatos filiados. Um deles é o Sindalimentos, presidido pela terceira vez por Wilson. “São 35 votos na eleição de presidente da Fieg, eu tenho mais de dez manifestações de apoio.” De acordo com ele, houve um pedido dos líderes sindicais de Anápolis para que Wilson decidisse se tornar candidato. O apoio de Pedro Alves pode fortalecer a candidatura do presidente do Sindalimentos, mas precisa superar o momento favorável aos nomes do ex-deputado Sandro Mabel e de André Rocha.
“Meu nome está à disposição da Fieg.” Wilson diz que, apesar da distância da eleição, que só acontece em outubro, em janeiro começam as articulações para que seja evitada uma disputa eleitoral. “A intenção é que em julho já tenhamos um nome discutido e acertado, que venha do consenso dos sindicatos filiados à Federação”, explicou. O presidente da Fieg Regional Anápolis afirma que a intenção de Pedro Alves é coordenar as discussões para que os hoje quatro candidatos se entendam e tudo se encerre com apenas um nome na hora da votação. “Evitar a disputa eleitoral no setor sindical é o melhor para que não aconteça o que já existe hoje na Fecomercio, um ambiente ruim.”
Último nome?

Até então fora da disputa, o nome do presidente da Assembleia, José Vitti (PSDB), é citado como possível candidato à presidência da entidade
Presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado de Goiás (Sigego) há mais de 20 anos, Antônio de Sousa Almeida é o 2º vice-presidente da Fieg e um dos dois nomes de confiança do presidente da entidade. Preferido por Pedro Alves, ao lado de Wilson de Oliveira, Antônio diz que foi aclamado pela categoria dos empresários da indústria gráfica à candidatura. “Conheço bem e tenho a obrigação de conhecer a Fieg.”
Em defesa da atual gestão, o homem de frente do Sigego afirma que é preciso melhorar “além do que já foi feito” com uma “proposta inovadora”. “Que a Fieg seja ainda mais bem representada”, declara. Antônio lembra que a presidência da entidade não é um cargo remunerado, o que exige a doação integral do escolhido às atividades de gestão da Federação.
O 2º vice-presidente da Fieg afirma que é mais do que importante buscar o consenso. “São 36 sindicatos filiados que não querem ver uma disputa eleitoral. Isso torna tudo muito difícil e ruim para a Federação. E já tivemos três disputas ferrenhas.” O interesse de Antônio é ver a entidade fortalecida. “É preciso trazer os empresários para dentro da Fieg. O projeto é fazê-los acreditarem que a Fieg os representa.”
Umas das propostas de Antônio para a Fieg é a mesma que já existe no sindicato que preside: isenção fiscal estadual para renovação de equipamentos. “Precisamos de um incentivo do governo em todas as categorias empresariais de 50% dos impostos. É uma bandeira defender que o uso de mão de obra de Goiás garanta essa isenção”, propõe.
Será?
Wilson diz que, em conversas, o nome do presidente da Assembleia e do Sindicato das Indústrias de Calcário, Cal e Derivados no Estado de Goiás (Sincal), José Vitti (PSDB), surgiu como candidato à chefia da Federação. De acordo com pessoas ligadas a Vitti, o parlamentar nunca tocou no assunto e dificilmente deixaria a política para se dedicar à disputa da presidência da Federação das Indústrias.
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