As eleições de 2024 em Goiás prometem ser intensamente disputadas em vários municípios. A oito meses do pleito, a polarização se destaca em importantes cidades, que são “caríssimas” ao governo. Algumas delas, a situação se torna emblemática porque os adversários locais integram a mesma base do governador Ronaldo Caiado (UB) e do vice-governador Daniel Viela (MDB).

No entanto, o acirramento entre membros do mesmo grupo político no Estado vai na contramão da orientação do chefe do Executivo, que projeta uma disputa não entre os seus, mas contra concorrentes, que podem se tornar forças além da atual disputa, o que significa comprometer 2026.

Em Goiânia, sem uma pré-candidatura oficial governista, apesar do presidente da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Bruno Peixoto (UB), correr por fora para viabilizar o nome da base. Além dele, é mencionado o nome do ex-prefeito de Trindade Jânio Darrot. Em entrevista coletiva, durante a filiação de prefeitos na sede do União Brasil, na Capital, sem citar os dois propensos pré-candidatos, Caiado gravou mais uma data para definição de apoio: “até fevereiro”.

Bruno Peixoto, Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso | Fotoa:  Sérgio Rocha/Alego e divulgação
Bruno Peixoto, Adriana Accorsi e Vanderlan Cardoso | Fotos: Sérgio Rocha/Alego e divulgação

Estou dizendo que aquele que estiver dentro das condições de ter a maior simpatia do eleitorado

Governador Ronaldo Caiado sobre a candidatura a prefeito de Goiânia

Até o ano passado, o governador insistia que não era o momento de se discutir eleição. Iniciativas tanto de Peixoto e Darrot foram tratadas como precipitadas. Agora, o governador sinaliza que pode apoiar até um candidato fora dos quadros do seu partido (UB) e do partido do seu vice (MDB). É que a ideia para as principais cidades goianas é uma dobradinha entre as duas siglas, com UB na cabeça de chapa e o MDB na vice ou ao contrário.

“Pode ser de qualquer partido, não estou vinculando apenas a dois [partidos]. Estou dizendo que aquele que estiver dentro das condições de ter a maior simpatia do eleitorado, que tiver condições de alavancar uma eleição, não tem problema nenhum, nunca fiz descriminação, sendo do partido A ou B, sendo da base nossa” ressaltou o governador ao ser questionado pelo repórter do Jornal Opção, se a ideia de candidatos dos dois partidos se sustentava em Goiânia.

Enquanto a base não define o nome para apoiar, os adversários têm se movimentado. A única a antecipar a pré-candidatura – ainda no ano passado, a deputada federal Adriana Accorsi (PT) tem puxado o protagonismo para si. Na dúvida ou no jogo de pressionar pelo apoio da base caiadista, o senador Vanderlan Cardoso (PSD), sinalizou aliança com a petista. Rumores apontam para uma possível polarização entre Adriana Accorsi e Bruno Peixoto.

Como a sua legenda faz parte da base do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), as conversas são de que haja aliança em alguns municípios brasileiros. Ao Jornal Opção, Accorsi confirmou que houve conversas neste sentido para Goiânia, como indicação para vice. “O deputado Rubens conversou recentemente com o senador Vanderlan, então pode ser que no futuro tenha alguma composição sim”, pontuou. “Eu tenho um bom diálogo com o senador Vanderlan a respeito de Goiás, sobre trazer os benefícios e recursos para o Estado, construir políticas públicas e também sobre as votações no Congresso”, arrematou.

Acerca dessas tratativas, Vanderlan citou o diálogo amplo entre figuras partidárias. Porém, que o afunilamento apenas será a partir de março. “Agora, conversas políticas acontecem o tempo todo. Tenho procurado dedicar o meu tempo ao trabalho no Senado Federal e ao estado de Goiás, levando benefícios aos 246 municípios, incluindo nossa capital, é claro, e na reestruturação do PSD em todo o Estado de Goiás. Estamos reconstruindo o partido, e o ano de 2024 já começa com uma nova rodada de visitas aos municípios”, acentuou.

Interior em disputa

Enquanto na Capital não há nada definido na base, no interior a disputa acontece primeiro dentro do grupo governista pelo apoio de Caiado e Vilela. Em Porangatu, no Norte goiano, a disputa se dá por dois nomes ligados ao governo estadual. De um lado, a reeleição da atual prefeita Vanuza Valadares (UB) e a possível candidatura de Rafael do Charque. Ela conta com o apoio do deputado federal José Nelto (pP) e Rafael do deputado federal Glaustin da Fokus (Podemos).

Procurada pela reportagem, a chefe do Executivo porangatuense respondeu que entende que chegou o ano de “definições para o destino de nossa cidade e da nossa população”. “No entanto, nesse momento estou empenhada em fazer o melhor possível para cumprir nossas promessas de campanha, e com muita dedicação e entrega, estamos em um bom caminho para que tudo se concretize”, ressaltou.

Em relação a potenciais adversários, ela diz respeita a classe política de Porangatu. “E com esse respeito e consideração, quero continuar me relacionando com todos da melhor maneira possível, acreditando que todos devam ter como princípio, gerir a cidade não como projeto pessoal, mas sim visando à coletividade”, destacou. Segundo ela, a única certeza no momento é a continuação dela junto com sua equipe com foco no “sucesso desta gestão”.

Vanuza Valadares, do União, e Rafael do Charque | Foto: Divulgação

Nós vamos para o enfrentamento. Não compete a nós escolher candidato e nem ser candidatura única. Isso nunca foi pretensão da prefeita e nem do grupo

Deputado federal José Nelton em relação à disputa em Porangatu

“Além disso, acredito que nosso principal líder, o governador Ronaldo Caiado, ao qual tenho grande apreço, terá participação importante nessa tomada de decisão. É evidente que já manifestei a ele e ao nosso grupo, interesse em disputar mais uma vez essas eleições para continuar com meu objetivo de tornar nossa cidade referência em todas as áreas. Como ressaltei, prefiro focar no trabalho, e deixar o jogo político para o momento adequado”, concluiu.

Rafael do Charque, além da parceria com Glaustin, disse ter o apoio do presidente da Federação das Associações Comerciais, Industriais, Empresariais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg), Márcio Luís da Silva, que perdeu a eleição em 2020 para Valadares por apenas 40 votos. Com isso, ele confirmou ao Jornal Opção a intenção de contar com o apoio irrestrito de Caiado. “A candidata oficial da base do governo hoje é a Vanuza. Isso nós sabemos, porém, trabalhamos para que seja nosso nome”, articula.

À reportagem, o deputado José Nelto foi enfático em declarar que no município o nome da base é da atual prefeita. “Eu desconheço essa candidatura [Rafael do Charque], como candidato da base. Se realmente for levado adiante é uma candidatura de oposição ao governo do Estado de Goiás”, sugere. Para tanto, o parlamentar elencou pontos positivos da gestão de Vanuza, para seguir no cargo. “Tem aprovação, hoje, de quase 72% da população, pelo trabalho que ela vem desempenhando, fazendo uma gestão moderna, avançada, que não tem corrupção”, aponta.

Democrático, José Nelto defende ainda o lançamento de outras candidaturas. “Se tiver esta candidatura, o que podemos fazer? Nós vamos para o enfrentamento. Não compete a nós escolher candidato e nem ser candidatura única. Isso nunca foi pretensão da prefeita e nem do grupo”, frisou. “Não compete a nenhum governante no Executivo, seja federal ou estadual ou municipal escolher o adversário. Nós sabemos que ideologicamente na democracia tem a oposição, seja 10%, 20%, 30%. Isso é do jogo democrático”, arrematou.

No Sudoeste de Goiás, em Rio Verde, a corrida eleitoral se mostra bastante acirrada. No município, os protagonistas são o deputado estadual Karlos Cabral (PSB), o ex-presidente da Alego, Lissauer Vieira (PL), Wellington Carrijo (MDB) e Osvaldo Júnior (Republicanos). Lá, a polarização deve se concentrar entre os dois últimos: Osvaldo Júnior e Wellington Carrijo. Este último com o apoio do influente prefeito Paulo do Vale (MDB).

A situação atual no município também prejudica a base do governo. A eleição deste ano projeta para 2026. Isso porque ao fazer o sucessor, Paulo do Vale pode assegurar uma vaga na Câmara dos Deputado, para o filho Lucas do Vale, que é atualmente deputado estadual. O que pode atrapalhar os planos de reeleição da deputada federal Marussa Boldrin, que comanda o MDB no município. Para tanto, este comando é visado por Paulo do Vale.

A parlamentar chegou a sinalizar que apoiaria Carrijo, o que colocaria em risco sua continuação em Brasília. Com isso, para se segurar, tem se aproximado do adversário do grupo da situação. Atualmente, há especulações de que Marussa Boldrin trabalha nos bastidores para garantir o apoio do MDB à candidatura de Osvaldo Júnior. É interessante notar que, apesar de ter concorrido anteriormente a uma eleição para prefeito pelo MDB, Osvaldo Júnior se posiciona como um opositor ferrenho ao partido. Em 2022, liderou a oposição em Rio Verde contra as candidaturas de Ronaldo Caiado e Daniel Vilela, respectivamente, para governador e vice-governador.

Marussa Boldrin, deputada federal, e Osvaldo Fonseca Jr.: aliados | Foto: Divulgação
Marussa Boldrin, deputada federal, e Osvaldo Fonseca Jr. | Foto: Divulgação

Por fora do imbróglio emedebista e Republicanos, Lissauer Vieira não perdeu tempo em correr para os quadros do partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, o PL, que tem prestígio no município. No ano passado, ele abandonou o PSD. “Nossa pré-candidatura está caminhando de forma natural e progressiva, como deve ser nesse momento, sem atropelos, já que temos bons meses até o processo eleitoral. Mas estamos muito motivados e vivendo cada fase. Agora, conversando com as pessoas para identificar pontos de melhoria, ouvindo o que a população espera de um novo gestor para, então, formatar um plano de governo que contemple as demandas do município. Rio Verde não irá parar de crescer e desenvolver e precisa de um gestor preparado, politicamente e administrativamente para conduzir os novos destinos e desafios”.

Em um partido de espectro à esquerda, o PSB, do vice-presidente de Lula, Geraldo Alckmin, Karlos alega que tem construído uma candidatura alternativa para Rio Verde. “Estou em campo, com minha pré-campanha nas ruas. Eu e nossos candidatos a vereador. Sou o único que que não depende de conveniências partidárias ou de indicação para ser candidato por ‘A’ ou ‘B’”, reforça.

No Sul do Estado, na cidade de Itumbiara deve acirrar uma competição entre o prefeito Dione Araújo (UB) e o deputado estadual Gugu Nader (Agir). Os dois são apoiados pelo governador Ronaldo Caiado. No ano passado, o parlamentar concedeu uma entrevista ao Jornal Opção, e observou que os prefeitos do município “sempre passaram pela Assembleia, viraram deputados e aí ganharam a eleição”. Assim, ele pretende traçar a sua trajetória. Mesmo com orientação contrária do Palácio das Esmeraldas, ele planeja registrar sua candidatura para realizar seu sonho de ser prefeito de Itumbiara.

“Zé Gomes, que foi um dos melhores prefeitos da história de Itumbiara, foi deputado federal, foi deputado estadual e foi prefeito. Então estou caminhando para isso, vou fazer a pesquisa e estando bem nas pesquisas, sim, poderei registrar minha candidatura e realizar meu sonho que é ser prefeito da minha amada Itumbiara”, comparou. Nader conta aos quatro cantos que há pesquisas que o colocam em primeiro lugar, com ampla frente. Todavia, os aliados de Dione Araújo contrapõem esses levantamentos que mostram liderança do parlamentar.

Em Uruaçu, o cenário político na base governista está marcado por uma polarização envolvendo dois empresários proeminentes. Azarias Machadinho, representante do MDB, desponta como o favorito neste momento e traz consigo uma sólida trajetória no setor dos negócios. No entanto, seu principal rival, Ozires Ribeiro, do União Brasil, conta com um suporte significativo, sendo respaldado pelo atual prefeito Valmir Pedro, figura de grande influência e habilidade como cabo eleitoral.

Esse suporte de Valmir Pedro confere uma dimensão estratégica à campanha de Ozires Ribeiro, ao ser adicionado um elemento de peso à disputa. O cenário eleitoral, por ora, se apresenta como uma arena competitiva, repleta de expectativas e possibilidades. Cabe ressaltar que, até o momento, a ausência de campanhas presenciais nas ruas está limitada apenas às plataformas de redes sociais, o que adiciona uma camada adicional de imprevisibilidade ao quadro político local. Por enquanto, o desfecho desta eleição em Uruaçu permanece em aberto e aguarda a evolução dos acontecimentos e estratégias dos candidatos.

Acirramento fora da base

Eu estou focando na gestão, porque o processo eleitoral é a partir de julho

Prefeito de Aparecida de Goiânia, Vilmar Mariano

Professor Alcides e Vilmar Mariano | Foto: LeoIran/Jornal Opção
Professor Alcides e Vilmar Mariano | Foto: LeoIran/Jornal Opção

Na região metropolitana da Capital, em Aparecida de Goiânia, o prefeito Vilmar Mariano (MDB) conta com o respaldo do influente líder eleitoral da cidade, o ex-prefeito Gustavo Mendanha. Além do apoio do vice-governador Daniel Vilela e do próprio Caiado. “Eu estou pensando mais na gestão, mas com o intuito de ser pré-candidato. Pré-candidato eu sempre fui, porque ele é um processo natural para prefeito que pode ser candidato à reeleição”, disse. “Eu estou focando na gestão, porque o processo eleitoral é a partir de julho. O calendário eleitoral começa no dia 6 de abril, onde se encerram as filiações para quem quer ser candidato e a desincompatibilização daqueles que são agentes públicos e querem ser candidatos”, emendou.

Seu concorrente direto é o deputado federal Professor Alcides (PL), que angariou o suporte do senador Wilder Morais (PL), denominado “forte cabo eleitoral”, que de uma única vez na eleição passada derrotou tanto os candidatos ao Senado da base quanto o principal adversário oposicionista do governo, que liderava a corrida pela vaga em pesquisas eleitorais, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB). Outro apoiador é o ex-deputado federal Major Vitor Hugo e do principal “general” Jair Bolsonaro.

Assim, além da competição tradicional entre o prefeito e o deputado, a eleição configura-se como uma disputa entre “padrinhos”. Vale mencionar que o ex-prefeito Ademir Menezes, do PSD, surge como um concorrente externo, com rumores de que sugeriu o nome do filho, o ex-deputado estadual Max Menezes, para a vice de Professor Alcides, que quase “puxou” um grupo de aliados de Mendanha: cita-se Tatá Teixeira. Agora, a base do prefeito já pensa em ter Max Menezes na vice, para minar o QG alcidista no município.

Ainda no entorno de Goiânia, os burburinhos são de que Senador Canedo siga sob influência do senador Vanderlan Cardoso e que além de interferir na política municipal pode bancar sua esposa, Izaura Cardoso, para o cargo de prefeita. Mas, com a máquina administrativa, e candidato natural à reeleição, o atual prefeito Fernando Pellozo (UB) é o nome da base do governo e disse estar focado na administração municipal, por enquanto.

“Eu acho que foi uma das decisões mais acertadas, quando eu recebi o convite do Caiado, de aceitar ir para o União Brasil. Isso realmente, hoje, a gente vê com toda a projeção do Caiado, o quanto que isso é importante aqui na nossa reeleição, em uma cidade, onde a população é apaixonada pelo governador”, evidência. Para o gestor, seguir com o trabalho no município para melhorar a vida dos canadenses. “Se eu focar no trabalho, isso passa a ser a melhor política, e eu não perdi este foco. A gente começou janeiro empolgado em continuar as obras e todas as benfeitorias”, assinala. “Canedo nunca foi tão bem cuidado”, avalia o prefeito Pellozo.

Além da reeleição de Pellozo e da possibilidade de Izaura Cardoso, quem discute retorno para disputar o poder no município é o ex-prefeito Divino Lemos. Para ele, o provável ingresso da esposa do senador Vanderlan Cardoso não mudaria em nada a sua intenção de concorrer à eleição de outubro. Entretanto, a atuação de Lemos à frente da prefeitura foi bastante criticada e ele terminou o mandato com bastante rejeição, que perdura até os atuais dias.

No Entorno do Distrito Federal, mais precisamente em Valparaíso, a iminente disputa eleitoral se desenha de maneira polarizada ou de aglutinação entre adversários, com destaque para a presença da deputada federal Lêda Borges (PSDB) e a expectativa de surgimento de um candidato apoiado pelo atual prefeito Pábio Mossoró (MDB).

A conjectura política ganha complexidade ao se considerar a possibilidade de Lêda Borges apoiar seu esposo para a posição de candidato a prefeito ou mesmo indicá-lo como vice na chapa respaldada por Mossoró. Do seu lado, entre os nomes que emergem no cenário político local, destaca-se Marcos Vinicius, atual secretário da gestão municipal, como uma possível opção para concorrer à prefeitura. Caso haja esta união, a eventual candidatura pode introduzir dinâmicas interessantes no panorama político do município. O grupo conta ainda com apoio da ex-vice-prefeita e atual deputada estadual Dra. Zeli (UB).

A sucessão municipal em Goianésia está marcada por laços familiares, já que o próximo prefeito da cidade será primo tanto do ex-prefeito Renato de Castro (UB) quanto do atual prefeito Léo Menezes (PSDB). Essa conexão familiar promete adicionar um elemento peculiar à dinâmica política da próspera cidade do Vale do São Patrício.

Léo Menezes e Renato de Castro: primos e adversários políticos | Foto: Divulgação
Léo Menezes e Renato de Castro: primos e adversários políticos | Foto: Divulgação

No cenário atual, o deputado estadual Renato de Castro (UB) surge como o favorito incontestável, enquanto Léo Menezes ocupa a segunda posição. No entanto, avaliações definitivas sobre a política local da cidade sempre carregam um grau de incerteza. Na última eleição, em 2020, Léo Menezes conquistou a vitória sobre Pedro Gonçalves (MDB), com uma vantagem de pouco mais de 800 votos. Naquela ocasião, o emedebista contou com o respaldo dos empresários Otavinho Lage e Jalles Fontoura, duas das figuras mais proeminentes economicamente no município. Agora, a dinâmica parece ter mudado, porque o atual prefeito passou a receber o apoio dos filhos de Otávio Lage. Por outro lado, o vice-governador Daniel Vilela (MDB) pode se envolver na campanha de Renato de Castro e agregar mais força ao favoritismo dele.

Enquanto o parlamentar se destaca como o preferido e a possibilidade de assumir o poder está em suas mãos, a discussão fervilhante gira em torno dos potenciais candidatos a vice. Curiosamente, alguns políticos cogitados poderiam ocupar o cargo tanto na chapa do candidato do União Brasil quanto do PSDB. Um dos nomes é justamente de Pedro Gonçalves (MDB), que tenta viabilizar a candidatura majoritária. As nuances dessa escolha prometem intensificar ainda mais o cenário político em Goianésia.

O cenário eleitoral em Catalão, no Sudeste do Estado, está sujeito a mudanças significativas, especialmente se Velomar Rios, que conta com o apoio do prefeito Adib Elias, decidir retirar-se da disputa, potencialmente pode abrir espaço para o crescimento de Elder Galdino. A comunidade política local encontra-se em expectativa e aguarda os desdobramentos que poderão reconfigurar o tabuleiro eleitoral.

Porém, nesse ínterim, os candidatos e eleitores se preparam para as próximas fases do processo eleitoral, cientes de que as decisões a serem tomadas podem moldar significativamente o panorama político na região. Mas, assim como em Goianésia, há margem para a disputa acirrada entre dois primos: os deputados estaduais Jamil Calif (PP) e Gustavo Sebba (PSDB). 

Mais emblemática entre os municípios, Anápolis, um município que reflete a polarização política nacional entre direita e esquerda, a disputa eleitoral está aquecida a mais tempo. É que o deputado estadual e ex-prefeito Antônio Gomide, do PT, surge como um líder significativo. Ele é o principal alvo dos esforços da situação e da base de Caiado para estabelecer uma frente unida contra sua hegemonia. Isso se deve, em parte, à impossibilidade de reeleição do atual prefeito Roberto Naves, do Republicanos, que já está em seu segundo mandato.

Márcio Corrêa e Antônio Gomide
Márcio Corrêa e Antônio Gomide

No entanto, a situação do petista é fortalecida pelas rivalidades internas entre seus adversários políticos. Na política, que é frequentemente um reflexo da vida real, adversários ferrenhos podem acabar se unindo por uma causa comum. Assim, não seria surpreendente ver Roberto Naves e Márcio Corrêa,  rivais, juntos no mesmo palanque contra Gomide. O objetivo seria evitar que Anápolis se incline ainda mais para o “lado” de Gomide.

Para que essa união aconteça, será fundamental a participação ativa do governador Caiado e do vice Daniel Vilela. O governador, conhecido por sua astúcia política, provavelmente terá um papel decisivo nas articulações políticas de Anápolis quando o momento for oportuno. Estará nas mãos dele a escolha do candidato para enfrentar Gomide. Se depender do chefe do Executivo estadual, é provável que Naves e Corrêa encontrem um terreno comum para a colaboração. Apesar de rumores sobre o desgaste político do atual prefeito, é importante lembrar que ele não será candidato nesta eleição. Os eleitores tendem a focar mais em quem está concorrendo do que em seus apoiadores.

Cenários tranquilos  

Candidato natural à reeleição, o prefeito de Jaraguá, Paulo Avelar, pode repetir o feito de Gustavo Mendanha (MDB) em Aparecida de Goiânia, na eleição de 2020, que obteve o inédito 95,85% dos votos válidos, diante da ausência de adversários consistentes. Embora cauteloso ao discutir sua recondução ao cargo, Avelar, que representa a base do governador Ronaldo Caiado no município, sugeriu que sua candidatura seria uma consequência direta do que chamou de “gestão eficaz”. Cabe ressaltar que o seu vice, Leomar Abadia, migrou recentemente para o MDB. 

Paulo Vitor Avelar e Artur de Freitas | Foto: divulgação
Paulo Vitor Avelar e Artur de Freitas | Foto: divulgação

“Caso seja definido pela minha reeleição, isso será feito de forma natural. Em março, teremos uma reunião com partidos e interessados na eleição, onde discutiremos filiações e estratégias de campanha. Por enquanto, prefiro não misturar as responsabilidades diárias da prefeitura com a política eleitoral. Tudo a seu tempo”, declarou o prefeito. A possibilidade de candidatura única é apontada por aliados. “Não vou me surpreender se Paulo Vitor for reeleito com 80% dos votos ou mais. Até arrisco dizer que ele pode ser o único candidato”, comentou um ex-vereador.

É que o cenário eleitoral de Jaraguá em 2024 pode ser fortemente influenciado pelos resultados das eleições de 2022. Caiado, com expressivos 75,09% dos votos válidos no município, emergiu como uma figura de destaque e Paulo Vitor teve papel fundamental na vitória do governador na região.

Já na corrida para a Câmara dos Deputados, o candidato endossado pelo prefeito, José Nelto, liderou com 28,54% dos votos. O médico Breno Leite, do Podemos e natural da cidade, ficou em segundo, com 19,99%. Já para deputado estadual, Lineu Olímpio (MDB), também apoiado pelo prefeito, foi o mais votado e gravou 58,06% dos votos. Esses resultados delineiam um panorama das preferências políticas e alianças em Jaraguá e indica tendências para as próximas eleições. 

Mas, a oposição ensaia enfrentar assim mesmo estas forças. O ex-candidato a prefeito em 2020, Biracy Camargo, disse que trabalha para novamente para viabilizar o seu nome, provavelmente pela federação REDE/Psol. Ele cita que Artur de Freitas (PMB) sinaliza entrar também nesta disputa. Em 2022, quando foi candidato a deputado estadual por Jaraguá, Freitas surpreendeu com uma votação expressiva na sua estreia eleitoral. Ele atua na base do ex-prefeito e deputado Nédio Leite (PSDB) e obteve mais de 8,3 mil votos, um feito notável para um novato. Oriundo de uma família com tradições políticas, ele rapidamente emergiu como a figura mais proeminente no grupo de oposição a Paulo Vitor. Com posição contrária ao governo de Ronaldo Caiado, Artur recebeu apoio dos antigos aliados de Zilomar Oliveira, último prefeito de Jaraguá na base de Nédio Leite, que foi derrotado por Paulo Vitor há quatro anos e nas última eleição geral, quando Olímpio conquistou a vaga na Alego.

Cleyton Bento, do União Brasil, e Ronnie Miller, do MDB: na base de Caiado | Foto: rede social
Cleyton Bento, do União Brasil, e Ronnie Miller, do MDB: na base de Caiado | Foto: rede social

No seu segundo mandato, Carlos Alberto (UB), prefeito de Goianira e presidente da Associação Goiana de Municípios (AGM), prepara seu sucessor. O habilidoso chefe do Executivo irá lançar seu vice-prefeito, Cleyton Bento (UB), como candidato. Esta escolha alinha-se com a visão do governador Caiado, que favorece chapas semelhantes em muitos municípios goianos. Em Goianira, a chapa majoritária será complementada por Ronnie Miller (MDB), na vice. Ele é irmão mais velho do ex-prefeito Miller Assis e antigo rival político de Carlos. 

Com esta estratégia, Carlos Alberto conseguiu neutralizar a oposição local e obter o apoio de todos os ex-prefeitos para a candidatura governista. Vale destacar que tanto Bento quanto Ronnie são empresários respeitados e nativos de Goianira, o que reforça suas credenciais junto ao eleitorado local.

Ao somar os números das últimas eleições, nossa equipe obtém mais votos do que nossos adversários

Deputado estadual George Morais ao ensair candidatura em Trindade

Em Trindade, o prefeito Marden Jr (UB) e o seu vice-prefeito pastor Alcione (Republicanos) estavam tranquilos para a reeleição. As exceções foram apenas as investidas do MDB em compor o primeiro escalão da Prefeitura. O partido do vice-governador Daniel Vilela, atualmente, controla três secretarias: Agricultura e Abastecimento; Ciência, Inovação e Tecnologia; e Meio Ambiente; respectivamente com Major Reis, Juan Freire (irmão do ex-prefeito Jânio Darrot) e Roberto Ibrahim Brihi Badur – que migrou recentemente para a sigla. 

Agora, o anúncio da possibilidade de candidatura da deputada federal Flávia Morais (PDT) caiu como uma bomba nos planos de Marden. A hipótese foi ensaiada pelo presidente da legenda em Goiás e esposo da parlamentar, o deputado estadual George Morais, que apenas descarta sua candidatura, mas assegura que há outros nomes emergentes em sua base para a corrida eleitoral. Porém, o grupo dos Morais íntegra a base de Caiado.

Além de Flávia Morais, ele cita entre os cotados: Dr. Daniel Cabriny, que já foi vice-prefeito na administração de Jânio Darrot, e Dr. Antônio Carlos de Moraes, que se candidatou em duas ocasiões anteriores. “Ainda não lançamos nenhum nome. Cada um está formando sua chapa, mas há consenso de que esse grupo permanecerá unido. Ao somar os números das últimas eleições, nossa equipe obtém mais votos do que nossos adversários”, afirmou. 

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