Até que Iris bata martelo, Wilder e Policarpo aguardam definição do prefeito
19 julho 2020 às 00h00
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Pandemia da Covid-19 pode até fazer eleições de novembro parecerem distantes, mas votação do primeiro turno será em menos de quatro meses
Com a mudança da data das eleições de outubro para novembro, os partidos têm 59 dias para definir a formação das chapas majoritárias que disputarão os cargos de prefeito e vice-prefeito. Em Goiânia, o pré-candidato capaz de alterar a configuração da disputa depois da desistência do senador Vanderlan Cardoso (PSD) de disputar a cadeira no Paço e justamente o prefeito Iris Rezende (MDB).
Como é praxe em ano eleitoral, a entrada do emedebista na disputa só costuma se oficializar na reta final das convenções. Após aprovação do Congresso, a Emenda Constitucional número 107, de 2 de julho de 2020, empurrou o primeiro turno para o dia 15 de novembro e o segundo para 29 do mesmo mês. A prorrogação em 45 dias da votação também alterou as datas em aberto do calendário eleitoral deste ano.
Entre as modificações está o período de convenções partidárias, que começa no dia 31 de agosto e se encerra em 16 de setembro, dois meses antes de os eleitores irem às urnas. Pouco se fala sobre a campanha de 2020. O assunto ficou em segundo plano no debate público em decorrência da gravidade da pandemia do novo coronavírus, que levou o Tribunal Superior Eleitoral a sugerir o adiamento das eleições.
Vítimas da pandemia
Até a noite de sábado, 18, morreram 78.817 pessoas vítimas da Covid-19 no Brasil, com 2.075.246 infectados pelo novo coronavírus no País. Goiás confirmou na mesma data um total de 1.086 óbitos e 40.766 pessoas que testaram positivo para o Sars-CoV-2 no Estado.
Em Goiânia, os mortos pela doença totalizavam 310 e os contaminados 10.839. Neste cenário, mais do que natural que as eleições não fizessem parte das discussões de amigos ou familiares em reuniões virtuais ou na retomada das atividades comerciais não essenciais, que se deu na terça-feira, 14, na capital.
Mas nos partidos, a movimentação ocorre, mesmo que nas reuniões em frente ao computador ou diante da tela do celular. Enquanto o MDB aguarda o anúncio de Iris, outros partidos avaliam o melhor cenário. É o caso do Patriota, do presidente da Câmara de Goiânia, vereador Romário Policarpo, e o PSC do ex-senador Wilder Morais, que passou pelo governo Caiado como secretário de Indústria e Comércio.
Policarpo desistiu da pré-candidatura a prefeito para apoiar o prefeito Iris Rezende se o emedebista disputar a reeleição. Wilder se lançou como nome do PSC na corrida majoritária na capital.
Vice do Legislativo
O presidente da Câmara Municipal diz que não tem acompanhado as discussões do MDB sobre a escolha do candidato em Goiânia. “Não posso dizer muito sobre o MDB. Eu nunca mais toquei no assunto com o prefeito. Mas na minha opinião, Iris é candidato”, aposta Policarpo.
Ao ser perguntado sobre ser candidato a vice-prefeito em uma chapa com Iris na busca pela reeleição, Policarpo é direto sobre seu interesse em aceitar um possível convite: “Negativo”. Em seguida, afirma que nunca conversou sobre o assunto com o prefeito de Goiânia. “Gosto do Iris, mas não tenho intenção alguma de ser vice do prefeito nem de ninguém.”
De acordo com o presidente estadual do Patriota, Jorcelino Braga, a composição com o MDB será definida pelos vereadores do partido na capital. Já em entrevista à coluna Bastidores, Braga afirmou que o objetivo da sigla é “bancar o vice de Iris Rezende ou de Maguito Vilela, quer dizer, o vice do candidato do MDB”. Para o presidente do Patriota, Policarpo só não será vice na chapa emedebista “se não quiser”.
Bom nome
Parlamentar próximo ao presidente da Câmara, o vereador Cabo Senna (Patriota) vê a união MDB e Patriota como possível. “Nosso presidente estadual Jorcelino Braga fará uma reunião com a municipal para conversarmos qual será o caminho.”
Senna diz apostar na força da sigla na capital. “Como segundo maior partido de Goiânia, partido forte que é, terá oportunidade de apresentar nome caso não lance candidato a prefeito”, enfatiza.
Sobre Policarpo ser vice na chapa do prefeito, Cabo Senna explica que o assunto ainda não foi conversado com todos os vereadores do partido, mas “é sim um bom nome para representar o Patriota, funcionário público conhecedor da administração”.
Indicação de Caiado?
Ex-integrante da gestão Caiado, Wilder Morais (PSC) ocupou o cargo de secretário estadual de Indústria e Comércio. O ex-senador saiu do governo para lançar sua pré-candidatura a prefeito de Goiânia com o apoio do presidente estadual do PSC, Eurípedes José do Carmo.
Na segunda-feira, 13, sua presença na solenidade de assinatura do novo decreto estadual de regras durante a pandemia para Goiás chamou atenção. Até porque Wilder não faz mais parte do governo e estaria na mesma solenidade que participava o possível adversário nas urnas, o prefeito Iris Rezende.
Existe a possibilidade de o governador tentar lançar Wilder Morais como candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo MDB. A aliança entre Caiado e Iris, iniciada em 2014, quando o então deputado federal Ronaldo Caiado contou com o apoio do candidato a governador emedebista para ser eleito senador pelo DEM. Desde então, a proximidade entre Iris e Caiado cresceu.
Pré-candidatura em xeque
Por problemas de sinal no celular, Wilder deu apenas uma declaração à reportagem. Disse que a pré-candidatura a prefeito de Goiânia segue firme. Quando falou com o Jornal Opção, o ex-senador estava em sua fazenda na cidade de Nerópolis, que fica a 35 quilômetros da capital.
O presidente estadual do PSC, Eurípedes José do Carmo, lembra que o partido é parceiro do prefeito de Goiânia. “Temos um bom relacionamento com o Iris.” Acompanhado do deputado federal Glaustin da Fokus (PSC), do deputado estadual Henrique Cesar (PSC) e da vereadora Léia Klebia (PSC), Eurípedes se reuniu com o emedebista há cerca de seis meses para “confirmar se o prefeito seria candidato ou não”.
“Caso contrário, temos uma determinação do PSC nacional para lançar candidato a prefeito em todas as capitais.” À época, a posição do partido em Goiás era desistir da candidatura em Goiânia se Iris tivesse batido o martelo sobre a busca pela reeleição. “Naquele momento, Iris nos garantiu com todas as forças que não seria candidato e que poderíamos lançar um nome”, se recorda Eurípedes.
Trabalho no partido
Foi então que o ex-senador chegou ao PSC, para ser candidato a prefeito em Goiânia. “Isso hoje depende muito mais do senador. Nossa posição, que está colocada, é de Wilder ser candidato a prefeito.” Segundo o presidente da legenda, a chapa de vereadores já está completa e Wilder tem trabalhado para viabilizar a força da pré-candidatura.
“Há uma disposição. Agora, o governador é nosso chefe. Somos aliados de Caiado. Se o governador achar por bem e o senador Wilder também, estamos em casa.” Eurípedes destaca que o PSC sempre teve um bom relacionamento com o prefeito Iris Rezende.
Pronto para o que vier
O ex-governador Maguito Vilela (MDB) diz que tem ficado mais afastado das discussões do partido até porque decidiu passar mais tempo na fazenda, que fica em Jataí, a 321 quilômetros da capital. “Não temos dialogado sobre eleições. Mas o MDB continua na mesma posição: Iris é o candidato. Se o prefeito não for, aí o partido vai decidir o que fazer, quem lançar.”
Mesmo ao reforçar que não tem mantido diálogo constante com Iris Rezende, Maguito avalia os nomes de Romário Policarpo e Wilder Morais como “excelentes candidatos”. “Wilder tem feito seu trabalho como pré-candidato a prefeito e Policarpo é um pré-candidato que tem potencial. Os dois são excelentes. Como candidatos a prefeito e como candidatos a vice”, observa.
Sobre entrar na disputa eleitoral em Goiânia neste ano ou a um algum cargo eletivo em 2022, o ex-governador do MDB desconversa. “Não. Não tenho projeto político algum. Nem para agora ou para 2022.” Em seguida, pondera: “Obviamente, sou homem de partido. Se o partido amanhã ou depois precisar de mim ou do meu apoio, estarei à disposição”.
Não, mas se o partido decidir
Neste momento, Maguito faz questão de enfatizar que isso não significa que esteja a pleitear ou que ser candidato esteja em seus planos por enquanto. “Nem Senado, nem prefeitura, nem Câmara Federal. Isso não faz parte de projeto político no momento.” E volta a dizer que, se o partido exigir uma participação eleitoral, “eu não vou negar”.
Ao dizer que segue o que o MDB definir, o ex-governador agradece ao partido, que teria lhe dado “tantas oportunidades”. “Não seria correto que eu negasse qualquer participação em função do partido.”
Maguito diz que o melhor caminho é manter a parceria com o governador Ronaldo Caiado. O emedebista lembra da aliança firmada nas eleições de 2014. “O governador foi muito correto conosco. MDB foi correto com Ronaldo Caiado, ajudou-o a se eleger senador. Caiado foi correto com o Iris, o ajudou na eleição de prefeito”, destaca.
Espaço aberto a parcerias
Para Maguito, o caminho percorrido abre espaço para que uma aliança com o DEM possa vir com facilidade. “Não há [dificuldade] também em fazer aliança com outros partidos.” Na análise do ex-governador, o MDB sempre foi uma sigla muito democrática, que “nunca radicalizou” ou “discriminou” outros partidos. “Já fez aliança com praticamente todos os partidos brasileiros.”
“É preciso pensar no Estado. Temos de pensar no povo. Nós políticos temos de ter em mente que a nossa missão é servir ao povo.” Dessa forma, Maguito diz entender que disputas eleitorais do passado não atrapalhariam de forma alguma uma nova aliança com o governador nas urnas. “Eu, por exemplo, já tive embates com Caiado no passado. Nós disputamos as eleições de 1994. Venci e não ficaram rusgas. Depois o apoiei ao Senado sem problema algum”, observa Maguito.
Na eleição estadual de 2018, o presidente estadual do MDB, ex-deputado federal Daniel Vilela, viveu momentos “calorosos” na disputa com Ronaldo Caiado ao governo. “Isso é normal em toda disputa política, em todo regime democrático. Mas hoje não, Daniel também torce para que o governo dê certo. Porque quando o governo é bom, é bom para todo mundo. É bom para o Estado inteiro e para o povo todo. Quando é ruim, é ruim para o Estado e para o povo.”
Muito cedo
Líder do prefeito Iris Rezende na Câmara, o vereador Welington Peixoto (DEM) a discussão eleitoral ainda não começou na base. Mas declara que acredita na candidatura do emedebista, com a possibilidade de o governador indicar o vice. “Todo mundo tem interesse. Quem não que ser vice de um prefeito como Iris Rezende?”, pondera.
Welington Peixoto diz que os vereadores estão focados na busca pela reeleição e preocupados com a pandemia. “Não é momento ainda para discussão política.” O líder do prefeito na Câmara diz que tem todo respeito por Wilder Morais, mas se o governador lançar o vice, o democrata defende que Caiado apoie um nome do DEM. “Seria muito ruim o governador, presidente estadual do DEM, lançar um candidato que está em outro partido.”
“Nós, vereadores do DEM, estamos juntos com o prefeito Iris Rezende, apostamos, queremos e acreditamos que Iris seja nosso candidato. Goiânia precisa de um gestor como Iris Rezende para dar continuidade a tudo que o prefeito fez.” Para Welington, o emedebista organizou as finanças da prefeitura, encarou a pandemia com seriedade e transformou a capital em um canteiro de obras.
Aguarda decisões
O deputado federal Dr. Zacharias Calil (DEM) diz que vai aguardar o posicionamento do governador Ronaldo Caiado e do prefeito Iris Rezende sobre uma possível indicação do ex-senador Wilder Morais para vice do emedebista. “Precisamos também ouvir a executiva do partido. O governador é o nosso comandante.”
Para o parlamentar, o nome do médico Silvio Fernandes (DEM), que já foi do primeiro escalão do governo e da prefeitura – hoje diretor técnico da Codego [Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás], pode ser uma boa escolha para candidato a vice na chapa de Iris por já conhecer como funciona o Executivo municipal. “Silvio tem um bom relacionamento com o prefeito”, explica.
Leque de opções
“Acredito que o candidato será o prefeito Iris Rezende a reeleição”, diz o líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado estadual Bruno Peixoto (MDB). Para Bruno, confirmada a pré-candidatura do emedebista, o governador deve indicar o vice da chapa.
Sobre os possíveis nomes que têm condições de acompanhar Iris Rezende na chapa majoritária, Bruno Peixoto cita Silvio Fernandes, Wilder Morais, Welington Peixoto, Zacharias Calil como boas opções para vice ao lado do prefeito. “São vários nomes. O governador tem um leque, não apenas do Democratas, mas de outros partidos que compõem a base.
O líder do governo afirma que não houve discussão de se formar uma chapa pura no MDB com Iris candidato a reeleição e Maguito na vice.
Muita especulação
O secretário municipal de Governo, Agenor Mariano (MDB), diz acreditar que o prefeito Iris Rezende ainda não tomou a decisão de ser ou não candidato a reeleição. Ao ser questionado como está a negociação para Wilder Morais ser o vice na chapa do emedebista, Agenor afirma “neste momento tudo é especulação”. “Se Iris ainda não decidiu se ele próprio é candidato, quanto mais decidir sobre vice.”
Assim como Bruno Peixoto, o secretário de Governo declara que não ouviu falar na possibilidade de se formar chapa pura no MDB em Goiânia. “Que eu saiba, isso nunca foi discutido.”
Sem dizer quem acredita ser o vice ideal caso Iris seja o candidato, Agenor avalia que Wilder Morais, Romário Policarpo e Silvio Fernandes são “nomes que estão em ascensão na política”. “Cada um tem um perfil diferente. Certamente vão galgar lugares altos nos próximos anos”, aponta.
Escolha responsável
O emedebista que integra a equipe de secretários do prefeito Iris Rezende afirma que o momento difícil que vivemos no mundo requer ações locais que “minimizem o nosso sofrimento”. “A escolha do novo governante municipal vai exigir de todos nós muita responsabilidade, muita análise e desprendimento ideológico para que possamos escolher a pessoa que consiga conduzir a cidade.”
Para Agenor, o próximo prefeito precisa dar continuidade às obras que estão em andamento e atuar para que outras intervenções sejam realizadas em Goiânia. O secretário defende que aquele que for eleito em novembro se atente à responsabilidade fiscal e tenha preocupação com a saúde e a educação. “Não é tempo de novatos nem estagiários. É tempo de conhecimento, sabedoria e maturidade”, acrescenta.
Unanimidade no MDB
“Iris ainda não confirmou a sua disposição em disputar a reeleição. Esperamos muito pela confirmação do prefeito”, lembra o presidente municipal do MDB, Carlos Júnior. De acordo com o dirigente do partido na capital, muitos são aqueles que manifestaram desejo em ser vice caso Iris confirme o interesse em ser candidato novamente. “Ainda não abrimos conversação. Companheiro de chapa é uma decisão bem pessoal do candidato.”
Carlos Júnior define que ter Iris Rezende como candidato a reeleição é um desejo de quase 100% do MDB goiano e da população de Goiânia. “Se nem a candidatura a reeleição está definida, como iríamos conversar sobre vice?”, indaga o dirigente emedebista.
“Prefeito Iris Rezende é unanimidade no MDB. Quem tem de querer ser ou não candidato é o prefeito. O partido tem de respeitar a decisão do prefeito Iris, qualquer que seja a definição.” Para o presidente municipal do partido, não há quem consiga convencer Iris. “O prefeito é o grande líder do MDB. Iris que convence todo mundo.”
Na última hora
Com 26 anos de experiência partidária, Carlos Júnior lembra que Iris não tem o hábito de definir suas candidaturas de forma antecipada. “Não vai ser agora. No máximo de dois a cinco dias antes da convenção, o prefeito Iris irá decidir se será ou não candidato”, observa.
Assim como outros emedebistas ouvidos pela reportagem, o presidente municipal da legenda aposta que o prefeito estará na disputa em novembro. “Trabalhamos só com a possibilidade de Iris ser candidato”, pontua Carlos Júnior.