Em uma reunião decisiva realizada nesta segunda-feira, 18, no Salão Leste da Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recebeu líderes europeus para discutir os rumos de um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. O encontro, marcado por declarações firmes e propostas estratégicas, teve como foco central a exigência de garantias de segurança para a Ucrânia e para o continente europeu como pré-condição para qualquer negociação com Moscou.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, destacou que a segurança da Ucrânia está diretamente ligada à estabilidade da Europa e do Reino Unido. “Estamos falando de segurança, não apenas da Ucrânia, mas de toda a Europa. É por isso que esta questão é tão crucial”, afirmou. Já o presidente francês, Emmanuel Macron, sugeriu ampliar o formato das negociações para incluir um líder europeu, propondo uma reunião quadrilateral entre Estados Unidos, Ucrânia, Rússia e Europa. “O que está em jogo não é apenas o futuro da Ucrânia, mas o de todo o continente”, disse.

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, reforçou que qualquer avanço rumo à paz depende de garantias concretas. “Antes de qualquer coisa, precisamos debater segurança. Sem isso, não há base para um acordo”, declarou.

Trump, por sua vez, afirmou que o presidente russo, Vladimir Putin, estaria disposto a aceitar garantias de segurança para a Ucrânia, incluindo a possibilidade de uma força de paz estrangeira, que é a proposta que o Kremlin já rejeitou anteriormente. “Estou otimista. Podemos chegar a um acordo que impeça futuras agressões contra a Ucrânia”, disse o republicano, ressaltando que os países europeus seriam a “primeira linha de defesa”, mas contariam com apoio dos EUA.

Entre os termos discutidos, está a possibilidade de oferecer à Ucrânia proteções semelhantes às do Artigo 5 da OTAN, sem que o país se torne membro da aliança, que é uma concessão que poderia contornar a resistência histórica da Rússia à entrada ucraniana na organização. O enviado especial de Trump, Steve Witkoff, descreveu essas garantias como “proteções equivalentes às da OTAN”, sinalizando um novo modelo de segurança regional.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que chegou a Washington no domingo, reforçou a necessidade de apoio militar e estratégico. “Precisamos de tudo: armas, pessoal, treinamento, inteligência. E isso depende dos grandes países, como os EUA e seus aliados”, afirmou. Zelensky também deixou claro que não pretende ceder territórios à Rússia como parte de um acordo. “A Crimeia nunca deveria ter sido cedida. Os ucranianos estão lutando por sua terra e independência”, disse em uma publicação no X (ex-Twitter).

A cúpula ocorre após um encontro entre Trump e Putin na última sexta-feira, que reacendeu preocupações entre diplomatas europeus. Trump descartou publicamente a entrada da Ucrânia na OTAN e a retomada da Crimeia, ocupada pela Rússia desde 2014, como parte das negociações, que são posições que alarmaram aliados ocidentais.

Apesar das tensões, os líderes europeus reafirmaram seu apoio à integridade territorial da Ucrânia e rejeitaram qualquer plano que recompense a agressão russa com concessões territoriais. O enviado russo Mikhail Ulyanov também reconheceu a necessidade de garantias de segurança para Kiev, mas afirmou que Moscou espera receber proteções equivalentes.

O encontro desta segunda-feira pode marcar um ponto de inflexão nas negociações de paz, com os Estados Unidos e a Europa buscando um equilíbrio entre proteger a Ucrânia e evitar uma escalada que envolva diretamente a OTAN. A proposta de um pacto de segurança fora dos moldes tradicionais da aliança militar pode abrir caminho para uma nova arquitetura de estabilidade na região, desde que todas as partes estejam dispostas a ceder e cooperar.

Leia também:

Dino barra empresas brasileiras de aplicar sanções por atos estrangeiros