Réu por assassinar Valério Luiz, Maurício Sampaio é homenageado na Alego

04 abril 2024 às 10h45

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Réu por assassinar o radialista Valério Luiz, o ex-presidente do Atlético Goianiense Maurício Sampaio foi homenageado na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). A iniciativa partiu do deputado estadual Clécio Alves (Republicanos) e a cerimônia foi realizada na última quarta-feira, 3. Sampaio chegou a ser condenado a 16 anos de prisão por mandar matar o jornalista, mas ficou preso somente 2 dias. E, no início de março o Superior Tribunal de Justiça (STJ) anulou o júri popular que condenou quatro dos cinco réus acusados de planejar e executar a morte do radialista Valério Luiz, em 2012.
Na mesa de homenagem, acompanhando Clécio Alves, estavam presentes: o presidente do Atlético, Adson José Batista; o diretor de patrimônio do clube, José Alves Firmino, representando o prefeito de Goiânia, Rogério Cruz (Republicanos); e o ex-presidente do clube, Maurício Sampaio. Também participaram da mesa o membro da Comissão de Direito Municipal e Tributário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-GO), Carlos Eduardo Barros, o ex-presidente da Agência Municipal de Meio Ambiente, Luan Alves, o torcedor emblemático do time, Manoel Alves Magalhães, e a torcedora Tatiana Linhares, representando a torcida feminina do ACG.
Durante o evento, o deputado destacou a história marcante do clube, ressaltando sua trajetória de superação, inclusive após uma crise que quase levou à sua extinção. Ele enfatizou o orgulho que o Atlético Goianiense traz para Goiânia e Goiás, sendo reconhecido e respeitado pela comunidade local.
O clube teve de lidar com dificuldades financeiras, viu seu nome envolvido em um escândalo nacional e, em meio à disputa do Brasileiro, teve seu presidente condenado por assassinar um jornalista esportivo que havia feito críticas recentes ao clube. Em 5 julho de 2012, Valério Luiz havia deixado a Rádio Jornal 820 AM, após a gravação do programa “Jornal de Debates”, por volta de 14h, quando um homem numa moto desferiu-lhe seis disparos de arma de fogo.
Valério Luiz de Oliveira era comentarista de esportes havia mais de 30 anos, a exemplo de seu pai, o também radialista e jornalista esportivo Manoel de Oliveira. De acordo com um relato de seu filho, Valério era conhecido como “o mais polêmico do rádio”, “por não medir palavras nas ácidas críticas que dirigia às gestões dos cartolas goianos; citava nomes e fatos concretos, fugindo dos comentários genéricos adotados por outros profissionais”. Desde 2010, o jornalista vinha publicando críticas à gestão do Atlético Clube Goianiense, abrangendo desde casos de compra de resultados até uso de drogas entre jogadores. Ele morreu aos 49 anos.
Atlético Clube
O Atlético Clube Goianiense foi fundado em 2 de abril de 1937, no bairro histórico de Campinas, e tem como mascote um dragão. O time foi campeão estadual 17 vezes e vice-campeão estadual por 18 vezes, além de ser marcado pelo feito de obter o título de vice da Copa do Brasil Central no ano de 1967.
Após conquistar quatro títulos nacionais, o rubro-negro se tornou um dos maiores campeões brasileiros do Centro-Oeste. O primeiro foi o Torneio da Integração Nacional, disputado em 1971. Na sequência, o Dragão foi bicampeão da Série C (1990 e 2008) e ganhou o maior título de sua história, em 2016, quando conquistou o Brasileiro Série B. No Campeonato Goiano, o clube já foi campeão por 17 vezes.
A queda do Atlético começou por volta de 2012. Além da perda de seus padrinhos, seja por divergências, enfraquecimento da rede de influências ou problemas com a justiça, o Atlético Goianiense ainda teve seu nome envolvido em um escândalo nacional: a Operação Monte Carlo, que desarticulou a organização do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Em uma das gravações obtidas pela Polícia Federal, Cachoeira conversa com Wladimir Garcêz, um de seus braços-direitos, presidente da Câmara Municipal de Goiânia na época e conselheiro do Atlético, sobre a transferência do meia Felipe Brisola para o clube.
Estranhas homenagens da Alego
Não é a primeira vez que a Assembleia Legislativa de Goiás decide homenagear pessoas com problemas com a justiça brasileira. Em 2023, a Alego concedeu o Título Honorífico de Cidadania Goiana ao ex-presidente do Brasil, Jair Messias Bolsonaro. Nesta quinta-feira, 4, Bolsonaro será homenageado mais uma vez, recebendo a mais alta honraria do Legislativo em Goiás, a Medalha Pedro Ludovico Teixeira. A ação foi proposta pelo deputado Estadual Amauri Ribeiro, que também homenageará o deputado federal Gustavo Gayer e o ex-deputado estadual Fred Rodrigues.
Além disso, a Alego realizará uma sessão solene, às 20 horas, para entrega do Título de Cidadania Goiana ao odontólogo Rildo Lasmar, dentista do ex-presidente Jair Bolsonaro, e à empresária Bel Lasmar. O secretário municipal de saúde de Goiânia, Wilson Pollara, também participará. A proposta é uma iniciativa do deputado Clécio Alves, dentro das comemorações da Semana da Saúde no Brasil.
Mineiro, o dentista Rildo Lasmar é formado pela Universidade de Uberaba e fundador do Instituto Lasmar, que possui mais de 20 anos de atuação. É casado com Maria Umbelina de Freitas Lasmar. O paulista Wilson Pollara é médico pós-graduado em cirurgia geral e comanda a saúde na capital desde outubro de 2023. Anteriormente, exerceu cargos ligados à administração hospitalar e convênios.