PT articula por vaga que ainda não existe no Senado
19 julho 2023 às 10h47
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No Paraná, o PT enfrenta uma disputa interna devido à possibilidade de cassação do senador Sergio Moro (União-PR) e à eleição para a prefeitura de Curitiba. A presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, e o líder da sigla na Câmara, Zeca Dirceu, estão pleiteando a preferência nas articulações regionais, enquanto enfrentam a concorrência do ex-senador Roberto Requião, que ameaça deixar o partido caso não seja escolhido como candidato a uma possível vaga no Senado.
Requião, que concorreu ao governo do Paraná em 2022 pelo PT, alega ter sido isolado devido a um suposto “acordo velado” entre o governador reeleito Ratinho Jr. (PSD) e líderes petistas no estado. Além disso, ele disputou a presidência da usina de Itaipu, em Foz do Iguaçu (PR), mas perdeu para Gleisi, que indicou o ex-deputado Enio Verri para o cargo.
Embora aliados de Requião considerem Gleisi como o “principal obstáculo” para suas pretensões e também há ressentimentos em relação a Zeca Dirceu devido à sua amizade com Ratinho Jr. Durante a última campanha, o ex-ministro José Dirceu, pai de Zeca e um dos aliados mais antigos de Lula, se encontrou com o governador do Paraná e tentou aproximá-lo do atual presidente.
Gleisi, Requião e Zeca Dirceu já se colocaram à disposição para disputar uma vaga no Senado, mesmo que ela ainda não exista no momento. A cúpula do PT conta com resultados desfavoráveis para Moro em julgamentos no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR) e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), referentes a supostos gastos irregulares em sua pré-campanha de 2022. As ações foram apresentadas pelo PT e PL e poderiam levar à cassação do ex-juiz, o que resultaria em uma eleição suplementar para o Senado.
Enquanto isso, Requião está em conversas com a Rede e o Solidariedade sobre uma possível filiação para concorrer ao Senado. Em meio a essa movimentação no Paraná, Gleisi e Zeca Dirceu têm acumulado desentendimentos. O líder do PT na Câmara tem uma relação conturbada com o também deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), namorado de Gleisi.
Após disputarem a liderança do partido na Casa, Zeca vetou a presença de Lindbergh entre os membros titulares da CPI dos Ataques Golpistas, alegando que o colega estava fazendo críticas excessivas à pauta econômica do governo. Essa explicação não foi bem recebida pelos aliados de Gleisi.
Em uma entrevista recente, Zeca afirmou que o PT está “atrasado” na preparação para as eleições municipais e cobrou Gleisi e a direção partidária para que se dediquem “prioritariamente” a isso. Segundo o deputado, Gleisi não se apresentou ao partido como pré-candidata para a vaga deixada por Moro no Senado.
No entanto, Gleisi, que faz parte do Grupo de Trabalho Eleitoral (GTE) do PT, responsável pela articulação de candidaturas em todo o país para as eleições municipais de 2024, afirmou estar “à disposição” para concorrer ao Senado, mas destacou que isso dependerá do resultado do processo de cassação de Moro.
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