Lula admite negociar Caixa e Funasa e discute trocas com Centrão

12 julho 2023 às 10h35


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Após a pressão de membros do Centrão por maior participação no governo, o presidente Lula (PT) deu permissão para que seus aliados negociem cargos com o PP e o Republicanos nos principais órgãos do governo, como a Caixa Econômica Federal e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde). A estratégia é articular as indicações em conjunto, de modo que um grupo político seja contemplado, em vez de apenas um partido.
Tanto membros do governo quanto do Centrão acreditam que uma negociação abrangente de cargos terá um impacto maior na formação da base parlamentar de Lula do que trocas pontuais na Esplanada dos Ministérios. No entanto, os assessores próximos ao presidente apenas garantem que deputados do PP e Republicanos solicitaram dois ministérios, e Lula está disposto a oferecer, mas os cargos específicos ainda não foram definidos.
Se Lula prolongar as negociações, isso pode frustrar uma facção do Centrão. Os deputados aliados ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), esperavam que as trocas ministeriais começassem a ser efetuadas nesta ou na próxima semana, quando os principais líderes do bloco parlamentar retornariam a Brasília. Contudo, membros do governo indicam que Lula não pretende resolver essa questão com tanta rapidez.
Conversas adiantadas
Em live nesta terça-feira, 11, Lula inclusive citou nominalmente os dois partidos ao tratar das negociações com partidos e ao mencionar legendas com quem mantém diálogo.
A sinalização de que esses partidos poderão ocupar o primeiro escalão do governo foi dada no final da semana passada a líderes do centrão e foi crucial para destravar a votação do projeto do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fazendários), considerado matéria prioritária da pauta econômica do governo. Lira havia ameaçado deixar essa votação para agosto.
Além disso, também almeja o comando de estatais como Caixa, Funasa, Embratur e Correios. Ministros próximos de Lula, porém, afirmam que o martelo sobre os cargos a serem ofertados não está batido e que o presidente não tomará decisão açodada. A expectativa é que ele use o recesso parlamentar para negociar as trocas. No caso da Funasa, por exemplo, ainda é preciso definir como será a estrutura do órgão.
Questionado sobre a pressão por uma reforma ministerial ampla, Lula afirmou que “não é a pessoa que quer vir para o governo que escolhe o cargo, quem escolhe o cargo é o governo”.