Apesar do apoio dos líderes governistas, o ministro interino do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Ricardo Cappelli, mantém suas restrições em relação à criação de uma comissão parlamentar de inquérito no Congresso para investigar os atos de 8 de janeiro.

Segundo ele, a CPI só irá reafirmar a tentativa de golpe do dia 8 e, por isso, acredita que o ideal seria encerrar esse assunto o mais rápido possível e focar nas questões que realmente ajudam o Brasil a se desenvolver, como o ajuste fiscal e reforma tributária.

Em entrevista exclusiva concedida ao Congresso em Foco no sábado, 22, Cappelli dirigiu suas críticas ao general Augusto Heleno, que chefiou o GSI durante o governo Bolsonaro.

Ele acredita que as investigações em curso na Polícia Federal “muito possivelmente” irão indicar que o militar, que está ligado à linha mais dura do Exército Brasileiro, teve alguma participação nos acontecimentos de 8 de janeiro.

Segundo o ministro interino, o desaparecimento do general Heleno é suspeito: “Ele sumiu. Eu acredito que quem se esconde teme a verdade, essa é a minha opinião. O general Heleno está escondido. Onde está ele? Quem consegue falar com ele? Todos os dias recebem jornalistas que dizem que ele não recebe ninguém, não fala com ninguém. Por que o general Heleno está se escondendo? Onde está sua coragem?”

Ele também estende sua crítica aos outros dois generais quatro estrelas que fizeram parte do comando político do governo Bolsonaro: Walter Braga Netto, que foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro, e Luiz Eduardo Ramos, que deixou o cargo de secretário-geral da Presidência da República após ter atuado como secretário de governo e ministro da Casa Civil.

Durante a entrevista, o ministro interno do GSI elogia o general Gonçalves Dias, que pediu a demissão da carga de chefia do órgão na quarta-feira (19), e ressaltou que está trabalhando em total harmonia com o Ministério da Defesa e os comandos militares. Ele destacou a relação especial e positiva que tem com o comandante do Exército, o general Tomás Paiva.

Além disso, o ministro interino enfatiza a importância das funções desempenhadas pelo GSI, fala sobre o futuro da instituição e relata suas primeiras ações nos dois primeiros dias de interinidade. Cappelli é jornalista e gestor público, atualmente secretário-executivo do Ministério da Justiça, e foi convocado para a missão após sua atuação elogiada como interventor federal na segurança do Distrito Federal.