Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto disputam comando do PL
26 outubro 2024 às 21h30
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A disputa pelo comando do PL entre Jair Bolsonaro e Valdemar da Costa Neto tem gerado um clima de “guerra fria” dentro do partido. Embora ambos evitem críticas diretas, as tensões se intensificaram nas últimas semanas. Bolsonaro, mesmo inelegível até 2030, resiste à ideia de outra liderança política para 2026 e rejeita discussões sobre novos nomes, insistindo que ele é o único representante legítimo da direita brasileira. Valdemar, por sua vez, mantém uma postura pragmática, reconhecendo a necessidade de dialogar com setores da direita moderada e do centro para fortalecer o PL nas próximas eleições.
Em declarações recentes, Valdemar sugeriu que Tarcísio de Freitas, atualmente filiado ao Republicanos, seria uma opção viável para 2026, o que foi mal recebido por Bolsonaro. O ex-presidente rebateu, insistindo que ele ainda é o candidato natural da direita, mesmo inelegível. Em meio a isso, Valdemar criticou a recusa de Bolsonaro em apoiar candidaturas de coligação com partidos de esquerda em cidades como São Luís, no Maranhão, justificando que alianças locais são necessárias para atender às necessidades regionais e sociais, como o combate à fome.
Outro ponto de atrito é o controle da Fundação Álvaro Valle, que administra o orçamento de cerca de R$ 20 milhões para pesquisas e formação dentro do PL. Bolsonaro quer colocar seu filho, Eduardo Bolsonaro, na liderança da fundação, mas Valdemar resiste, argumentando que o controle dos recursos deve permanecer com ele para assegurar uma gestão responsável e estratégica. Valdemar enfatizou que o orçamento acumulado ajuda a preparar o partido para as próximas eleições.
Tarcísio de Freitas tem se posicionado como uma figura alternativa e alinhada ao pragmatismo defendido por Valdemar, participando de campanhas com políticos de direita fora do bolsonarismo. Essa postura chamou a atenção de Gilberto Kassab, que declarou publicamente seu apoio a um possível projeto presidencial de Tarcísio, sinalizando uma possível reconfiguração da base da direita brasileira e um afastamento gradual do bolsonarismo mais radical.
A crescente influência de Tarcísio e as movimentações pragmáticas de Valdemar mostram que a liderança de Bolsonaro, embora ainda significativa, começa a perder espaço dentro do próprio partido e da direita em geral. Valdemar parece disposto a fazer o que for necessário para reposicionar o PL em um cenário menos radical, e a resistência de Bolsonaro a essa estratégia pode acelerar uma ruptura definitiva entre os dois líderes.