Assembleia Legislativa de Goiás aprova prorrogação do decreto de calamidade em Goiânia

03 julho 2025 às 11h38

COMPARTILHAR
Os deputados da Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego) aprovaram, com 30 votos a favor e 7 votos contrários, a prorrogação do decreto de calamidade financeira nas contas públicas de Goiânia nesta quinta-feira, 3. Com a prorrogação, a cidade fica permanece em estado de calamidade por mais seis meses, até dezembro de 2025.
O projeto é de elevado interesse do Paço Municipal que articulou a aprovação junto com a base governista do Legislativo. Na manhã deste dia 3, o prefeito Sandro Mabel (UB) e o Secretário de Fazenda, Valdivino Oliveira, marcaram presença nos gabinetes dos deputados da base para persuadir os parlamentares para aprovarem o decreto municipal.
Os deputados que votaram contra o projeto foram: Issy Quiran (MDB), Antônio Gomide (PT), Mauro Rubem (PT), Major Araújo (PL), Gustavo Sebba (PSDB), José Machado (PSDB), Clécio Alves (Republicanos).
Desde meados de junho, o prazo do decreto de calamidade havia vencido e a gestão Mabel ameaçava ficar sem a prorrogação do recurso. A Oposição na Assembleia e na Câmara Municipal — formada principalmente pela bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Liberal (PL) — recorreram ao Ministério Público de Goiás (MP-GO) e ao Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) na expectativa de dissuadir a base com as recomendações contrárias dos órgãos públicos.
Contudo, foi acatada mesmo com os indicadores pela reprovação. Ambos os órgãos pleitiaram que a suposta dívida bilionária herdada não se encontrava de maneira concreta no orçamento municipal. Enquanto isso, o Paço articulava que estes atrasos prejudicavam o equilíbrio das contas do tesouro municipal.
O decreto de calamidade nas contas públicas de Goiânia permite a gestão que contemple contratos sem licitação e a flexibilização das regras da Lei de Responsabilidades Fiscal (LRF).
Em contrapartida, o líder do Governo, Talles Barreto (UB) afirma que as dívidas não contabilizadas — ou seja, que não foram intituladas como dívida oficial — prejudicam a gestão com o comprometimento das contas públicas. “Nos estamos falando de quase R$ 5 bilhões de uma dívida não-contabilizada. … e toda hora descobrem novos valores de divida da casa fora os Precatórios”.

Calamidade saúde
Além disso, o decreto de calamidade na Saúde municipal também foi aprovada com um placar de 22 votos a favor e 6 votos contrários. O certificado garante que a gestão tome medidas extraordinárias para sanar os problemas, como a celebração de contratos temporários e a o rema recursos adicionais. Em dezembro de 2024, uma crise provocada por irregularidades nos repasses da Saúde levaram a morte de pelo menos 5 pessoas na fila de espera das Unidades de Terapia Intensiva (UTI) pela precarização do atendimento.
Oposição critica decreto
Em resposta, os deputados Mauro Rubem e Antônio Gomide, ambos do PT, rebatem a veracidade da supostas dívida não-contabilizada e pedem para que seja devidamente colocadas na dívida pública.
O deputado estadual Mauro Rubem (PT) afirmou, em entrevista ao Jornal Opção, que o decreto de calamidade pública financeira de Goiânia não se sustenta diante dos dados apresentados no relatório do Dieese. Segundo o parlamentar, a Receita Corrente Líquida da prefeitura teve um crescimento de 9%, enquanto as Despesas Correntes registraram queda de 5%.
“Esse decreto vai estragar a vida dos goianienses porque não tem calamidade pública”, disse o deputado. Para ele, a medida é uma estratégia da administração municipal que pode comprometer áreas essenciais da administração pública.
Rubem também criticou os altos gastos do Estado com eventos culturais, shows musicais e contratação de veículos blindados, o que, segundo ele, contradiz o discurso de crise. Além disso, apontou a ausência de políticas voltadas para o funcionalismo público, como a nomeação de concursados aprovados e a realização de licitações por meio de adesão a atas de registro de preços.
O parlamentar reforçou que os dados do relatório técnico do Dieese devem ser levados em consideração na análise da real situação fiscal da Capital.