As investigações acerca dos eventos golpistas em 8 de janeiro destacaram figuras proeminentes, como o ex-ministro Anderson Torres e o tenente-coronel Mauro Cid, ambos próximos ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Após meses de detenção, ambos foram libertados, e, um ano após os ataques na Praça dos Três Poderes, suas trajetórias divergiram: Cid fez um acordo de delação premiada, enquanto Torres alega inocência.

As apurações também se voltaram para o governador Ibaneis Rocha e o comando da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF). Ibaneis foi temporariamente afastado do cargo, mas posteriormente retornou ao poder. O ex-comandante Fábio Augusto Vieira enfrentou duas prisões, sendo a última ainda vigente, assim como a de outros seis oficiais colegas.

O desenvolvimento das investigações revela desafios na responsabilização de autoridades. Enquanto os executores dos atos estão sendo julgados, as acusações contra a cúpula da PM aguardam análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Nenhuma denúncia foi apresentada contra Torres, Cid ou Ibaneis.

Torres, ex-ministro da Justiça e secretário de Segurança do Distrito Federal durante os eventos, chamou a atenção por estar nos Estados Unidos no dia 8 de janeiro. Após seu retorno ao Brasil e subsequente prisão, ele foi libertado em maio, após 117 dias de detenção. Torres enfrenta medidas cautelares, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e apresentação semanal à Justiça.

O ex-ministro Anderson Torres — Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/08-08-2023

Desde sua libertação, Torres tem mantido um perfil discreto, evitando aparições públicas. Em agosto, prestou depoimento em comissões parlamentares de inquérito (CPI) sobre os eventos golpistas, negando omissão. Embora tenha sido alvo de um pedido de indiciamento na CPI do Congresso, foi isentado pela comissão distrital. Até o momento, Torres não enfrentou denúncias do Ministério Público relacionadas a 8 de janeiro, sendo recentemente indiciado pela Polícia Federal por outros crimes.

Inicialmente alheio às investigações dos atos golpistas, Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, viu sua situação mudar após sua prisão por fraude em cartões de vacina. Seu acordo de delação premiada, homologado em setembro por Alexandre de Moraes, inclui informações sobre um suposto decreto golpista discutido por Bolsonaro. A colaboração também levanta a questão do envolvimento do ex-ministro Walter Braga Netto.

Mauro Cid após ser solto — Foto: Agência O Globo

O governador Ibaneis foi criticado por sua relação com Torres e por liberar a Esplanada dos Ministérios para a manifestação. Afastado e depois reintegrado ao cargo, Ibaneis não foi indiciado pelas CPIs. Apesar de formalmente indiciado, ainda não enfrentou denúncias. Mensagens mostram alertas sobre os eventos, mas seu afastamento foi revogado por Moraes.

Ibaneis Rocha — Foto: André Cruz – Agência Brasil

O coronel Fábio Augusto Vieira, comandante-geral da PM no dia 8, foi exonerado e preso, retornando à prisão em agosto. Acusado de “omissão planejada”, sua defesa alega que não participou do planejamento e não tinha razão para suspeitar das informações. A denúncia da PGR aguarda análise do STF.

Fábio Augusto Vieira — Foto: Paulo H. Carvalho/ Agência Brasília

*Com informações do jornal O Globo.

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