Médico denunciado por provocar morte de paciente em cirurgia também é investigado por erro em caso de amputação de tatuadora
15 setembro 2023 às 10h29
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O cirurgião plástico Bruno Granieri, que foi denunciado pela família da jovem Dayana Loy de Oliveira Freire, de 25 anos, por supostamente ter provocado a morte da tabeliã durante uma lipoaspiração, em Goiânia, também é investigado por um possível erro médico durante uma lipoescultura que custou o braço direito da tatuadora Camila Gama, de 41 anos. O caso veio à tona em junho deste ano.
Dayana, por outro lado, morreu na última quarta-feira, 13, após sair de Itaberaí para realizar o procedimento na capital. Ao Jornal Opção, o tio dela, Gilberto Martins, informou que a jovem veio a óbito na Unidade de Terapia do Hospital (UTI) do Hospital Jacob Facuri horas depois de começar a cirurgia, que custou R$ 50 mil. Ela sofreu uma parada cardiorrespiratória. Por enquanto, a Polícia Civil (PC) investiga o caso como morte acidental e deve começar a ouvir familiares na próxima semana.
“Ela faleceu na mesa de cirurgia, ela teve essa intercorrência durante a cirurgia. A mãe dela estava esperando ela. Não foi pós-cirúrgico. Mandados fazer todos os exames para ver o que aconteceu, para saber o que provocou o óbito. Estamos aguardando os resultados para ver o que aconteceu”, explicou.
Gilberto afirmou que a Dayana tinha o sonho de realizar o procedimento, mesmo sendo aconselhada por familiares a não se submeter a cirurgia. A jovem teve o corpo marcado um dia antes de realizar o procedimento, que também contava com o implante de silicones nos seios. O tio, no entanto, alega que o hospital não prestou assistência à família após a morte.
Em nota, a unidade de saúde disse estar sensibilizada com a família, assim como o médico. O hospital afirmou que irá investigar as causas da morte. Bruno, por outro lado, disse por meio da defesa que a vítima apresentou intercorrência durante o procedimento, sendo que imediatamente foram adotados os protocolos prescritos para o caso por toda equipe médica presente, todavia não houve resposta e a paciente veio a óbito.
“O médico acusado tem plena convicção de seus atos, e que nada foi realizado fora da técnica médica indicada para o caso”, disse trecho da nota.
Tatuadora perde braço
A tatuadora Camila Gama perdeu o braço direito após fazer uma cirurgia de lipoescultura, em Goiânia. Moradora da cidade de Raleigh, nos Estados Unidos, Camila nasceu e foi criada na capital e veio ao Brasil para fazer o procedimento. Porém, dias depois, teve o braço amputado por conta de complicações.
Camila descreveu que fez a cirurgia e, cinco dias depois, começou a passar mal, foi diagnosticada com anemia e precisou tomar um medicamento na veia. A tatuadora disse que, por um possível erro na aplicação do remédio, ela desenvolveu uma trombose, que causou a amputação.
Em nota, Bruno explicou que a amputação não se refere ao ato operatório. Ressaltou ainda que a medicina não é uma ciência exata, e que complicações e intercorrências podem ocorrer em qualquer área, independente da maestria do profissional assistente, e que as pacientes são devidamente esclarecidas sobre os riscos, assinam termo de consentimento e entendem todas as possibilidades do tratamento indicado.
Veja nota completa do médico
“BRUNO GRANIERI, médico, cirurgião plástico, vem através de sua advogada Luciana Castro, OAB/GO 20872, manifestar-se sobre o óbito de sua paciente Dayana Loy de Oliveira Freire, no dia 13/09/2023 bem como a acusações de erro médico cometido em outra paciente. Acima de tudo, o médico ora acusado lamenta profundamente a perda de sua paciente, e está à disposição da família para maiores esclarecimentos.
Quanto aos fatos, informamos que, em razão do dever de sigilo, o médico não poderá fornecer detalhes técnicos sobre o caso, sob pena de infringir disposições do Código de Ética Médica bem como do Código Penal Brasileiro. Temos o dever de esclarecer, que a paciente apresentou intercorrência durante o procedimento, sendo que imediatamente foram adotados os protocolos prescritos para o caso por toda equipe médica presente, todavia não houve resposta e a paciente veio a óbito.
Informamos que por decisão da família da paciente, esta foi encaminhada ao Instituto Médico Legal para apuração das causas da morte da paciente. Estaremos à disposição, acompanharemos e prestaremos todas as informações pertinentes ao caso.
O médico acusado tem plena convicção de seus atos, e que nada foi realizado fora da técnica médica indicada para o caso. Reiteramos que lamentamos o ocorrido e nos consternamos com a dor enfrentada pela família da paciente Dayana Loy de Oliveira Freire, e esperamos a apuração dos fatos que levaram a seu óbito de forma tão prematura.
Quanto as acusações de “erro médico” (falando deste caso e de quaisquer outros) informamos que todos os fatos estão sendo apurados pela justiça, mas temos a certeza de que será comprovado que não houve falha ou negligência profissional a qualquer tempo.
Quanto a paciente Camila Gama Braga de Oliveira, esclarecemos que esta apresentou complicação, que a levou a amputação, mas que não se refere ao ato operatório, o qual transcorreu sem quaisquer intercorrências, mas novamente por questões de sigilo não poderemos adentrar nos detalhes do atendimento, mas temos total convicção que nada foi efetivado em desconformidade ao que preconiza a medicina.
Devemos aqui ressaltar que a medicina não é uma ciência exata, e que complicações e intercorrências podem ocorrer em qualquer área, independente da maestria do profissional assistente, e que as pacientes são devidamente esclarecidas sobre os riscos, assinam termo de consentimento e entendem todas as possibilidades do tratamento indicado.
Nessa oportunidade, requeremos aqui que não seja realizada qualquer citação a pessoa do médico (nome/imagem), tendo em vista que a exposição de sua pessoa e de seus dados irá causar-lhe prejuízos diversos, maculando sua imagem profissional de sobremaneira, pois não seria possível o contraditório, tendo em vista a obrigação de sigilo médico que lhe recai, fazendo com que seja julgado de forma precipitada pela opinião pública.
A requisição supracitada se faz com respaldo no artigo 5º, inciso X, da Constituição Federal, que assevera: “São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurando o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.”
Por sua vez, a lei 5.250/67, traz em seu artigo 12 combinado com artigo 20, que se constitui infração, a prática de atividade que impute em calúnia, ou seja, divulgação de imputação falsa, que ofende a reputação ou o crédito de alguém, acusando-lhe que cometeu um crime, sem fundamentos, ou elementos que provem o feito.
Desse modo, devemos aqui deixar claro que o médico não autoriza o uso de sua imagem, de seu nome e de qualquer meio que possa identificá-lo, nos termos da legislação correlata ao assunto em comento.
Assim, considerando que o direito a sua imagem deve ser resguardado, solicitamos que, a partir da presente data não seja publicado, sob qualquer forma, o nome do médico por este canal de comunicação, sob pena de serem tomadas as medidas legais para o caso. Certos de contarmos com o atendimento da presente solicitação, subscrevemo-nos”.
Nota íntegra Hospital Jacob Facuri
“O Hospital Jacob Facuri, em primeiro lugar e acima de tudo, presta sinceras condolências à família. Toda a equipe está extremamente sensibilizada, principalmente porque trabalhamos diariamente para salvar vidas e realizar sonhos.
Também deixamos claro que estamos investigando todas as possíveis causas e abertos para quaisquer questionamentos. A direção do Hospital Jacob Facuri, lamenta o ocorrido e reitera a disponibilidade para quaisquer esclarecimentos”.