A médica Lorena Rosique, suspeita de ter provocado a morte da enfermeira Giselle Dias Barros, de 42 anos, após uma cirurgia plástica, em Goiânia, deve ser ouvida pela Polícia Civil (PC) nos próximos dias. Segundo a delegada Jocelaine Batista, a corporação aguarda os prontuários médicos da paciente e a conclusão do laudo cadavérico para intimar a investigada, além de profissionais de saúde que auxiliaram na cirurgia e a família da vítima.

A delegada informou que também aguarda informações do Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego), referente ao procedimento ético-disciplinar em face de Lorena. O órgão havia suspendido o direito da médica de exercer a profissão em 2022, após duas pacientes denunciarem a profissional por deformidades, queimaduras e necrosamento de tecidos decorrentes de cirurgias. 

“Instauramos um inquérito para apurar as circunstâncias que levaram a paciente à morte. Ela se submeteu a cirurgia plástica no dia 24 do mês de abril deste ano e veio a óbito no último dia cinco de julho”, explicou. 

Jocelaine adiantou que, caso seja comprovado erro médico por parte de Lorena, ela poderá responder por homicídio culposo, que é quando alguém mata outra pessoa sem querer, mas por causa de uma conduta imprudente, negligente ou imperita. A pena para o crime pode chegar a três anos de prisão. 

“Somente ao final, haja vista que a Polícia Civil trabalha com provas, sejam elas periciais, documentais e ou testemunhais, saberemos se houve ou não erro médico”, contou.

Família denuncia 

O marido da enfermeira, Bruno Barros, explicou ao Jornal Opção que a mulher tinha o sonho de realizar uma cirurgia plástica e que escolheu a profissional por já ter trabalhado com ela. O valor pago por Giselle para realizar o procedimento ultrapassa R$ 30 mil.  

Ele afirma que não concordou com a cirurgia por conhecer a “fama” da médica, mas a vítima optou por fazê-la escondida. A mulher deixou quatro filhos, sendo dois gêmeos de quatro anos.

“Não via necessidade dela fazer qualquer coisa, mas era um sonho. No dia da cirurgia demorou, achei estranho, mas só disseram que ela passou mal e que interromperam o procedimento. Só fez as costas, seria completo, nem começou o procedimento na barriga e seios”, contou.

Bruno conta que a esposa sofreu uma parada cardíaca cardiorespiratório e que precisou ser entubada durante a cirurgia. A enfermeira ficou dois dias entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) antes de ganhar alta.

No entanto, depois de ir para casa, de acordo com Bruno, Giselle começou a apresentar falta de ar, mas eles foram informados de que “era normal”. Cinco dias depois da alta, a mulher precisou ser entubada novamente.

“Ela me ligou chorando e dizendo que estava morrendo, que era para levá-la ao hospital. Lá descobriram que ela estava com o pulmão muito comprometido com uma pneumonia, que foi decorrente desse procedimento. Foram dois meses na UTI e mesmo curada da pneumonia, ela estava sem resposta cognitiva por conta de uma lesão por falta de oxigênio. Eles suspeitaram que o pulmão dela havia sido furado”, concluiu.

Defesa se manifesta 

O advogado da médica Lorena Rosique, Eduardo Costa, enfatizou que a possível causa da morte não tem ligação com a cirurgia.

“No caso estético poderiam questionar tromboembolia pulmonar, mas não é o caso. Isso desliga a cirurgia plástica por causa da morte”, enfatiza Costa. 

Sobre o procedimento, a defesa da médica afirma que houve uma intercorrência notada pelo anestesista e que, depois disso, a cirurgia foi interrompida.

O advogado também diz que a profissional e a vítima eram amigas. Destaca que Lorena manteve contato com a família da paciente e acompanhou o caso quando a Giselle esteve internada, visitando ela no hospital.